Capítulo vinte: mês um.

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Estava tudo perfeitamente bem, era dia 6 de setembro, o aniversário de 20 anos de Karol, Lucas precisava comemorar com ela, a menina estava no recreio estudando quando ele aparece na frente dela aplaudindo e cantando parabéns, imediatamente suas bochechas ficam em tons avermelhados.

– Lucas, aqui não. – Cochicha tentando fazer com que o garoto pare.

– Parabéns. – Abraça a amiga e beija sua bochecha. – Hoje depois da aula vou ir para sua casa, nos vemos lá. – Confirma virando de costas e indo embora.

Ao final da aula Lucas vai para casa largar a mochila e pegar o presente que havia comprado para ela. Após todos os ocorridos preferiu agir como se aquela noite nunca estivesse acontecido, nunca mais tentou forçar nada e evitava ao máximo viver sozinho com ela, já havia um mês que estava com Sophia e finalmente achava que tinha superado por completo a paixão platônica.

Toma seu banho e começa a se vestir no quarto quando de repente Sophia entra.

– Ué, onde você vai todo bonito desse jeito? – Questiona sorridente.

– Vou ir para a casa da Karol, vamos comemorar o aniversário dela. – Diz enquanto arruma seu cabelo da mesma forma de sempre.

– Tá de brincadeira né? – Seu sorriso se desfaz imediatamente. – De novo isso? Você já nos abandonou uma vez e agora de novo, queria sua ajuda para ir comprar algumas decorações para a casa.

– Não estou abandonando vocês, só quero passar um tempo com a minha amiga ué, qual o problema nisso? – Dá de ombros.

– Nenhum! – Sai do quarto brava e não fala mais nada, fica na sala com Ben brincando com a criança.

Lucas vai até o apartamento ao qual morara, entra no mesmo e se depara com um bolo de chocolate muito bonito sobre a mesa ao lado de um prato de brigadeiros.

– Bolo para nós acabei de fazer. – Sorri apontando para a mesa. – Está quentinho.

– Ata. – Lucas gargalha olhando para a amiga. – Karoline você não sabe fazer bolo, seus bolos não crescem, não tenta me enganar mocinha.

– Aff, custava você fingir que acreditou? – Diz comendo um dos brigadeiros que haviam no prato.

– Eu sei, a verdade é dolorosa demais as vezes. – Começa a rir indo abraçar Karol.

Ficam abraçados por uns trinta segundos Karol ouvindo o coração de bater, agora aceleradamente, estavam com saudade desse abraço reconfortante, desse abraço sincero, separam o abraço e Lucas retira do bolso uma pequena caixinha embrulhada em um papel azul, um embrulho bem mal feito.

– Eu descobri que não tenho o dom de embrulhar presentes. – Brinca o amigo sentindo o presente ser removido de sua mão.

– Lucas não precisava. – Rasga o pacote com pressa, estava ansiosa. Ao abrir a caixa se depara com um colar dourado com um coração fixo na corrente, ao abrir o coração vê com uma foto dos dois, uma foto recente, deles abraçados, ela nem sabia da existência daquela foto. – Lucas, muito obrigado. – Abraça o amigo para ele não olha em seus olhos e começar a choramingar. – Eu adorei, é lindo. Muito obrigado.

– Não foi nada, só uma coisa para sempre lembrar de mim, não me esquecer, vou estar sempre no seu coração assim como você está no meu.

Os dois simplesmente sorriem e ficam se olhando, Karol entrega a corrente para Lucas com o intuito de ele colocar nela, passa a corda metálica envolta de seu pescoço e prende com uma espécie de gancho.

– Minha mão me deu um jaleco, Gabriel me deu um livro de sobrevivência na selva, o que não faz o menor sentido em minha opinião, possivelmente foi o livro mais barato da livraria. – Relata caminhando até o sofá e se jogando nele com um pedaço de bolo no seu prato.

– Cara o Gabriel é o pior irmão do mundo. – Comenta Lucas brincando e indo até o sofá com a amiga. – Quais são as chances de você ir parar em uma selva?

– Sorte que tenho você, pensa no que eu gosto e não pega a primeira coisa que vê pela frente.

– Na verdade pensei em pegar um livro aleatório também. – Assume rindo e olhando para a amiga.

– Sério? Até você Lucas? – Começa a rir e passa glacê do bolo no nariz. – Me senti traída.

– Você não fez isso. – Lucas pega um pedaço de glacê e joga em sua bochecha agora completamente esbranquiçada.

Karol faz cara de séria e então revida, joga mais bolo ainda em Lucas, quando vai jogar um pedaço maior acaba errando e jogando na camiseta dele.

– Eu amava essa camisa Karol, que injustiça da sua parte. – Diz rindo.

– Tem uma camisa sua guardada no seu antigo armário ainda, você deixou dentro de uma das gavetas, vou pegar. – Vai até o quarto e paga a camisa azul de gola em formato V. Entrega a camisa para ele. – Aqui está.

Ele paga a camisa da mão dela, retira a que estava suja, Karol tenta ao máximo disfarçar que está se sentindo atraída por aquela cena, ele finalmente veste a camisa limpinha e cheirosa, a amiga tinha lavado ela e guardado com todo o carinho do mundo.

– E aí, como é ter vinte anos? – Questiona sorridente.

– É como ter dezenove, porém sinto que tenho que tomar um rumo certo da minha vida logo.

– Calma, você tem tempo ainda, está fazendo só vinte anos, quando estiver fazendo cento e três anos começa a se preocupar. – Gargalham juntos e se sentam no sofá se olhando.

Ficam conversando por um bom tempo até que o Lucas vê que está tarde e decide ir para sua casa.

– Lucas, muito obrigado por ter vindo, sério meu aniversário teria sido uma merda sem você por aqui para jogar bolo em mim, jogar na minha cara que não sei cozinhar e conversar sobre uns assuntos aleatórios, estava com uma saudade extrema disso.

– Precisava vir, não poderia deixar o aniversário da minha melhor amiga passar completamente em branco e sempre que precisar de alguém para te lembrar do desastre que é na cozinha, conte comigo. – Sorri e um expressão de alivio domina por completo seu rosto.

Estava tudo bem entre os dois, tinham voltado ao que eram antes, mesmo Karol ainda guardando o grande amor que sente por Lucas, não iria mais tocar no assunto, está satisfeita com o tipo de relacionamento que estão tendo no momento e falar algo sobre o que sente poderia destruir tudo isso que estava rolando.

Lucas volta para casa, quando chega Ben estava deitado no sofá dormindo com a televisão ligada, Lucas se aproxima do menino, pega o controle que estava em sua mão sem acorda-lo e desliga o dispositivo, pega Ben no colo e carrega o mesmo até seu quarto para ele poder dormir, mas confortavelmente, assim que coloca a criança na cama deposita um beijo em sua testa.

Após leva-lo para o quarto vai para o seu dormir, Sophia já estava dormindo, Lucas dá um beijo em sua bochecha e adormece ao lado da namorada, estava exausto.

Como pássaros livres (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora