Capítulo dezoito: dia dois.

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Karol acorda deitada em cima de um livro de biologia, estava tão cansada que começou a estudar e acabou dormindo sem querer, odiava quando isso acontece. Desesperadamente joga todo seu material dentro da mochila pois estava atrasada para a aula, nunca havia pensado que seria tão difícil administrar sua vida acadêmica.

Corre até o banheiro para escovar seus dentes e percebe através do reflexo no espelho que estava com uma marca em sua bochecha, possivelmente causada pelo livro, arruma seus cabelos com as próprias mãos e arruma sua roupa um pouco amassada.

Corre até a faculdade, mas mesmo assim quando chega as aulas já tinham começado, aquilo estava sendo péssimo, era o primeiro dia de aula dela em uma sala completamente diferente onde não conhecia ninguém, como ela faria para entrar na sala sem chamar a atenção de todos e passar vergonha era a questão que se passava na cabeça dela milhares de vezes, uma ótima maneira de se apresentar para a turma nova.

Chega em frente a porta e respira profundamente, cerra os olhos e os abre novamente antes de abrir a porta e entrar, a primeira visão que tem da sala é que ela seria a terceira garota de lá, vinte e poucos alunos homens, acelera o passo atravessando a sala sem olhar para ninguém com a cabeça baixa vai até o único lugar livre, ao lado de uma das duas garotas, ela era loira com os cabelos cacheados muito longos, uma roupa toda preta, parecia até que estava em um velório se não fosse por seu sorriso, e um colar com uma espécie de rolha sendo o pingente Karol olha para a garota e retribui o sorriso.

– Prazer, sou Helena. – Sussurra a garota esticando sua mão para cumprimentar Karol por baixo da mesa, sua voz era doce e com certeza combinava com sua aparência.

– O prazer é meu, me chamo Karoline, mas me chama só de Karol. Todos me chamam assim, mais simples – A garota de cabelos cacheados aperta a mão da nova colega de sala e volto minha atenção para o professor logo em seguida.

Lucas termina sua aula mais cedo e sai para a rua, fica no sol conversando com Sophia enquanto esperam o tempo passar para poderem sair da faculdade. Amava ter esses momentos com Sophia, sempre falavam sobre o futuro e como as coisas podem ser difíceis, o que é necessário em um relacionamento, mas talvez não na situação de Lucas. O sinal bate depois de trinta minutos.

– Sophia, vou ir lá falar com a Karol, ver como ela está, compra alguma coisa para eu comer? Juro que na próxima vez te ajudo com as comprar, só vou perguntar como ela está e logo te encontro em casa

– Sério? Tá bom. – Diz em um tom de grosseria e sai andando sem nem se despedir, Sophia não gostou da ideia de Lucas ir encontrar com Karoline. Temia o que aquilo tudo poderia significar, mas não podia sufocar o namorado, afinal, ele e Karol eram apenas amigos e não tinha problema nenhum nisso.

O rapaz vai até a porta da sala de Karol e fica lá esperando ela sair, depois de alguns segundos ela sai fazendo um coque em seus cabelos. Era tão comum quanto a luz do dia ela fazer aquilo após as aulas ou até mesmo durante, Lucas sorri com as lembranças.

– Como foi o primeiro dia aqui? – Questiona o amigo parado ao lado da porta quando ela sai, tenta parecer o mais natural e animado possível e até que se saiu bem.

– Aí que susto. – Ela se assusta com a presença dele, não tinha visto ele ali antes. – Foi bom, mas cheguei atrasada então foi um tanto constrangedor também e a sua como foi? – Contou tudo com tanta naturalidade para Lucas que até acha um pouco estranho, mas gosta de compartilhar as coisas com ele.

– Sei lá normal. Hoje tenho que estudar muito e terminar de ler um livro que mal comecei, amanhã tem teste. – Revira os olhos começando a andar. – Espero me sair bem, preciso garantir uma boa nota, já te passaram trabalhos ou algo do tipo na sala nova?

– Estou com todos os meus trabalhos em dia, tudo tranquilo e pelo que fiquei sabendo as provas são só semana que vem. Nunca achei que diria isso, queria ter você na minha sala de novo. – Se rende a vontade de ter ao amigo de volta e fala em voz alta. – Pelo menos alguém entendia meu desespero quando tem trabalhos.

– Também sinto sua falta, Karol você passou uns quatro anos me incomodando todos os dias não é fácil assim me desfazer de você. – Desde que foi embora essa foi a primeira vez que se sentiu confortável para fazer alguma brincadeira, mas logo depois se sente um pouco constrangido.

– Fica tranquilo que ainda tenho muitos anos para te incomodar todos os dias Luquinhas. – Gargalha passando pelo portão de saída da escola. Sabia que aquilo não era verdade, mas pelo menos naquele instante queria acreditar fortemente nisso.

Chegando na esquina eles se separam, Karol segue seu trajeto a pé e Lucas fica esperando seu ônibus para ir direto para casa, estava morrendo de fome e apesar de estar enjoado de tanto comer hambúrguer era tudo o que mais queria no momento, esperava que Sophia já estivesse em casa.

O sol aquecia seus cabelos e sua pele, um sorriso estava estampado em seu rosto a um bom tempo, esperava que se mante-se, o motivo do mesmo com toda certeza era Karoline, cruza os braços até o seu ônibus chegar para busca-lo, entra no mesmo dando pequenos pulinhos para subir a escada.

Chegando em casa Lucas entra silenciosamente até a cozinha para almoçar com Sophia e Ben.

– E aí ela estava bem Lucas? – Pergunta Sophia completamente séria, queria demonstrar seu desconforto com a situação para ver se algo mudava, mas aparentemente isso não seria o suficiente.

– Está ótima, só com um pouco de vergonha. Disse que está sendo bem melhor onde não conhece ninguém... – Mente pois ficaria estranho dizer que ela está com saudade e a coisa toda, se sente um pouco mal de mentir, mas Sophia não entenderia a situação, era melhor assim mesmo.

– Que bom, agora podemos seguir nossas vidas sozinhos? – Sophia explode finalmente, tentou se conter, mas falhou.

– Para com isso, Karol não tem absolutamente ninguém aqui, só tem eu, não seja egoísta, ela precisa de alguém para socializar. – Lucas explica fazendo com que ela compreenda, pega um hambúrguer e começa a comer.

Sophia revira os olhos e sai da cozinha após um longo suspiro, não queria mais ficar ali, se não iria falar coisa que não deveria por impulso, não queria que Ben passasse por toda essa situação nem que presenciasse uma briga agora.

Karol chega em casa e seu celular recebe muitas notificações, a maioria era do grupo da sala de faculdade dela, estavam todos empolgados com a apresentação do trabalho e uma das mensagens era de Helena, percebeu que era ela mesmo sem ter foto dela no perfil só pela imagem do colar de rolha presume seja a garota loira.

Helena: Oie, peguei seu número no grupo da turma, como está?

Karol: Estou ótima, só falta eu comer, quero uma pizza aaaah.

Helena: Está sozinha?

Karol: Como sempre.

Helena: Okay, estou indo para aí, levo pizza e aproveitamos para estudar um pouco okay?

Karol: Tudo bem : )

Karoline manda seu endereço para Helena no mesmo instante, se impressiona com o quão extrovertida Helena é, além de sair conversando aleatoriamente se auto convida para ir visita-la, isso era ótimo, estava mesmo precisando de companhia e achava que se daria muito bem com a menina.

Como pássaros livres (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora