Cap. 29

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Hauana

6 dias a mais no calendário. Nada mudou, a imagem daquele beijo nojento não sai da minha cabeça, e pior, ela não sai da minha cabeça. Eu fiz tanta merda que a garota nem acredita mais em mim, não existe nenhuma forma de aliviar essa porra a não ser ver ela novamente, é isso.

— Todo mundo sentiu que você se incomodou quando o Franklin beijou a bailarina. — a Duda provoca rindo e me arrancando dos pensamentos.

— Vai tomar no cu Duda. Inferno. — saio do seu dormitório batendo a porta com força. Ela insiste em falar nessa garota.

Preciso encontrar ela.

Caminho pela calçada enquanto finalizo meu cigarro, são seis da tarde e me lembro do seu sorriso, o céu nublado me lembra nossos beijos, e o espelho de uma loja me lembra o quanto eu fui idiota, por que ele reflete a Hauana, claro. Eu não queria que fosse assim, não queria sentir, nunca quis.

Meu celular vibra no bolso, depois que eu estraçalhei ele só serve pra ligação.

"Hauana, me ajuda, a Kia tá vomitando aqui e não quer ir pro hospital de jeito algum." O Apolo diz desesperado. Não penso no motivo, apenas na situação, não que eu esteja feliz pelo fato de ela estar mal, mas não nego que estava doida pra vê-la, nem que seja vomitando em meus braços.

"Aonde você está ordinário? Vamos, passa as informações."

"Na minha casa. Ela veio aqui para irmos pra academia junto e do nada.. Kia relaxa."

"Logo pra Hauana.." ouço a voz da Kia no fundo e não resisto em soltar um sorriso.

Desligo o celular e corro até a casa do Apolo, que não fica muito longe da rua da Duda.

Pulo a grade e entro pelos fundos, procuro por eles pela casa toda, finalmente abro o quarto e vejo o Apolo na porta do banheiro.

— Ela tá vomitando líquido puro Apolo, mas que porra é essa garota? Você não está se alimentando? — não consigo controlar o desespero na voz, seguro seu pequeno corpo mole e prendo seu cabelo. É incrível conseguir tocar nela depois de eu ter sido tão idiota, e sei que ela só está deixando por que não tem escolha.

— A Kia fica nessa paranóia de balé, deixa de comer e tudo. — o Apolo diz.

— Você não vai a lugar algum desse jeito, nem pensar. — resmungo passando água em seu rosto.

— Eu tenho uma aula muito importante agora, não é tão simples. — ela diz baixinho com uma voz de quem está debilitada, ela vai comigo a qualquer custo pro hospital.

— Para de ser teimosa, não tem condições pra dar aula coisa nenhuma, Apolo me empresta o carro, vou levar ela no hospital agora. — peço e o Apolo tira as chaves do bolso.

— Eu estou bem, não preciso ir. — ela diz e sai do banheiro segurando na parede. Olho pro Apolo com um olhar preocupado. Em questão de segundos seu pequeno corpo se desfaz e corro para pegar, ela desmaiou, merda.

Seguro ela no colo e descemos, o Apolo abre a porta de trás e entramos no carro.

— Grr, espero que fique tudo bem. — tento manter o controle e o Apolo está vermelho, pior que eu.

— Caralho Hauana, tem certeza que ela tá viva cara? — ele pergunta tremendo.

— Ela desmaiou anta, agora vem dirigir essa porra desse carro que eu não vou conseguir. — saio da frente e vou para o fundo ficar com ela.

— Como é que liga o carro mesmo? — ele pergunta nervoso.

— Girando a chave, não sei cara, não sei, e agora? Será que se eu jogar água na boca dela ela se engasga e acorda? — pergunto balançando seu corpo.

— Boa ideia! Boa ideia! Mas aí ela vai colocar pra fora de novo. Olha, eu tou perdido Hauana, vamos pedir a ajuda de alguém. — o Apolo diz, estamos mais atrapalhados que a porra com a Kiara desmaiada.

— Não é necessário, lembra como se dirige um carro, respira fundo e vamos pro hospital. Eu vou colocar ela sentada, vai ver assim ela abre o olho ou cruza as pernas. — sugiro e ele assente, o carro liga e o Apolo dirige um pouco mal. Ponho ela sentada, e encosto sua cabeça em meu ombro, bem que ela desmaiada não é nada mau, assim ela não fala um monte, não faz perguntas, e nem se intromete na minha vida.

Kiara

Acordo deitada num quarto de hospital, com um pacote enorme de soro e varias coisas ligadas a mim. Permaneço de olhos fechados e me concentro para ouvir as vozes no quarto.

— Ela é assim desde sempre, não come, parece até uma planta, só vive de oxigênio. — o Apolo diz.

— Se ela continuar assim ela vai virar adubo de planta no cemitério isso sim. — ouço a Hauana resmungar e sorrio internamente, eu ainda estou com raiva dela, então irei me conter.

— Adubar planta como? A Kia é uma magricela, no cemitério ela vai ser a tábua do caixão. — o Apolo brinca e os dois sorriem na sala, não acredito que eles estão fazendo gracinha comigo enquanto estou apagada.

— Apolo que susto essa garota deu na gente. — a Hauana comenta, devo me aproveitar dessa situação, por que ela nunca diria isso comigo acordada.

— Eu nunca fiquei tão tenso como hoje, nem na vez em que perdi a virgindade, tem noção? — o Apolo diz e sinto vontade rir mais uma vez, me sinto importante por eles se preocuparem tanto.

— Sim, foi uma situação difícil, até o médico explicar que a Kia tinha anemia eu fiquei achando que ia ter velório essa semana. — a Hauana comenta.

— Graças a Deus está tudo bem. Hauana.. — o Apolo diz.

— Abra a boca e diga. — ela diz.

— O que a Kia tem de especial pra você? Seja sincera comigo. — ele pergunta e meu coração começa a bater mais forte, nunca estive tão ansiosa por uma resposta antes, não como agora.

Quando mundos colidem |ACASOS|Onde histórias criam vida. Descubra agora