Kiara
Faltam poucos dias para minha apresentação, já não fico tão desesperada, me acostumei com o público, agora a minha ansiedade é para que chegue logo o dia e que a Hauana apareça por lá como prometido, inclusive hoje é o segundo dia que não a vejo, é um vazio enorme, uma saudade um pouco dolorosa, preocupação e até mesmo dificuldade em dormir, ela não tem juízo algum, não queria me acostumar com esse comportamento mas acontece frequentemente, ela some e não se comunica, não disse o porquê de trancar o curso, andamos em ritmos totalmente distintos.
Caminho até a janela do meu quarto e assisto escurecer, estou até agora com o efeito daquele encontro, ainda sinto aquele clima, as coisas que ela me disse, o anel de cipó improvisado que guardei numa gaveta, o que fizemos depois, essa parte é tão marcante, ainda não consigo acreditar que fiz sexo ali com a Hauana, nunca imaginei que faria aquilo, mas foi mágico, são momentos únicos, eu estou vivendo tanto em tão pouco tempo, vivendo o que nunca vivi em meus 20 anos de idade.
Observo a altura da minha janela, sorrio imaginando ela, a Hauana é uma mistura de coragem com loucura, mas o que eu queria mesmo era desvendar todo esse mistério que ela carrega em relação a tudo.
Hauana
Que saudade daquele corpo, aquela mulher é uma espécie de deusa, eu não aguento mais nenhum segundo aqui, preciso sequestrar ela novamente, esse lance de ficar muito tempo sem ela é pior que a porra do cigarro, já estou querendo xingar o mundo. Ela vai pra dança daqui a pouco, vou pegar ela no caminho e levar pra minha casa.
Paro a moto num lugar estratégico e desligo o farol.
Kiara
Visto uma legging preta e um top, pego minhas coisas e desço, gosto de ir antes para ter um tempo de sobra, precauções.
Saio da casa e sigo pela calçada, repasso tudo para ter a certeza de que não esqueci nada em casa, sinto alguns olhares mas já estou acostumada, apenas ignoro, sempre que vou pra dança é assim.
"Assalto, fica quietinha e passa o celular." ouço uma voz atrás de mim e sinto algo no meu pescoço, não me viro, apenas passo o celular para trás. Meu coração está gelando, é horrível a sensação de ter algo no pescoço, não consigo raciocinar e nem pensar em nada, permaneço imóvel esperando a reação da pessoa.
"Moça, passa o coração também." analiso por rápidos segundos, é a Hauana e ela vai me pagar caro pela brincadeira de mau gosto.
"Idiota!"me viro e jogo minha mochila em seu rosto, a Hauana ri como uma criança, eu estou morrendo de raiva e não vai ficar por isso, bato nela mas parece não funcionar. "Hauana isso não é tipo de brincadeira que se faça, sabe como me deixou? Sabe a sensação de ter a vida em risco?" digo e ela tenta falar algo, mas apenas ri, eu vou dar de murro nela.
Tomo meu celular da sua mão, pego minha mochila e saio andando.
"Kiara porra espera, foi uma brincadeirinha." ouço ela dizer atrás de mim mas continuo andando. Sinto seus braços em minha cintura, mas não vou ceder, ela passou dos limites dessa vez.
"Saudades sua." ela diz me apertando. "Foi mal vai Kia, vamos pra minha casa, vamos vamos vamos?" ela sussurra em meu ouvido me apertando ainda mais, sinto um longo arrepio e ela está obtendo sucesso na tentativa de conseguir o perdão. "Um banho juntas, uma massagem, tenho uma surpresa das boas, você vai se amarrar." sua proposta é tentadora, mas tenho que virar o jogo ao meu favor.
"Aonde estava nesses dois dias?" me viro afastando ela e ela estira um sorriso vitorioso, vou acabar com a empolgação dela.
"Estou fazendo uns trabalhos pro meu tio Kia, voltei pra empresa, você conhece o pai das minhas primas não é? Não te avisei por conta do celular, não tenho um, e.. vim, não estava aguentando mais essa desgraça de não te ver." ela reclama tirando a camisa e me dando, guardo na mochila e faço um suspense antes de facilitar pra ela. Sorrio por dentro com o fato dela estar trabalhando com o tio, a ideia de uma Hauana responsável me deixa tontinha de admiração.
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Quando mundos colidem |ACASOS|
Romance(Plágio é crime) "As pessoas se adaptam, mas sua natureza nunca muda; o destino é uma conversa mole que te leva a crer no improvável; a paixão é uma dependência da qual eu nunca vou provar." Essa sou eu, Hauana, e meus paradigmas nunca são quebrados...