Kiara
Depois de batermos um bom papo na porta decidimos entrar, chegamos na casa que é enorme e observamos o local.
— Porque não pintamos antes de entrar com os móveis Ohana? — a Hauana sugere enquanto brinca com o cinto da calça.
— Eu não tinha pensado nisso antes.. mas filha, você acha que dá conta tudo isso hoje? — a Ohana pergunta.
— Olha eu também sei pintar Ohana. — meu pai sugere e a Hauana faz cara feia.
— Olha Ohana não precisa contratar pintores muito menos a ajuda de homens interessados na senhora. — ela alfineta meu pai.
— Acontece que o poder de decisão é todo dela. — meu pai provoca dando língua pra Hauana e ela mostra o dedo do meio para ele.
— Eu sou filha dela, esqueça as possibilidades de se aproximar. — ela ameaça e já vi que esse será o maior obstáculo do meu pai.
— E eu um grande amigo! — meu pai sorri.
— Amigo que quer entrar na saia dela. — a Hauana está deixando todo mundo sem graça. Ela é totalmente sem filtro.
— Hauana, não quero ter que te dar bronca na frente das pessoas. — a Ohana reclama e a Hauana fica quieta. Ela obedece a mãe mesmo não querendo. Meu pai fica mangando por trás, eles ainda vão se matar.
— E você Alexandre, pare de agir como uma criança de 5 anos. — a Ohana joga a bolsa no meu pai quando percebe que ele está mangando da Hauana. Os dois sorriem um pro outro, essa amizade me parece que vai longe.
A Hauana olha as tintas no chão da sala abrindo todas as latas.
— Já decidiu as cores Ohana? — ela pergunta.
— Quero cores claras.
A Hauana levanta e anda pela casa olhando cada detalhe, todos analisando inclusive meu pai.
— Cozinha bege, sala cor palha. O que acha? — a Hauana sugere para a mãe.
— Casual. — ela diz animada.
— Cozinha vermelha, sala laranja com azul. — meu pai sugere e todos riem, menos a Hauana.
— Faz isso na sua cara palhaço. — a Hauana resmunga deixando meu pai mais divertido ainda.
— Podemos fazer isso nos quartos. — a Ohana sugere.
— É uma boa, na minha cara também! Então vamos dividir, um pintor tem direito a um auxiliar. — meu pai brinca e agarra o braço da Ohana, a Hauana olha com raiva.
— Eu vou preparar as cores. Já temos o palha, irei fazer o bege. Os quartos vão ficar branco mesmo? — a Hauana pergunta.
— De preferência sim, são dois, caso você vier morar com a mamãe, pode escolher a cor de um deles.. — a Ohana diz calmamente.
— Nem pensar. — a Hauana interrompe enquanto despeja a tinta branca no balde e mistura com um vasinho de cor bege.
— Olha Ohana, o palhaço vai pintar e a senhora vai fazer o acabamento com o pincel, beleza? E vê se pinta essa porra direito. — ela explica enquanto entrega o pincel para mãe e o rolo pro meu pai. Os dois seguem para a cozinha rindo de algo e ficamos as duas na sala.
Ela balança outra tinta, e despeja numa bacia larga.
— Já pintou alguma vez? Ou ao menos tentou? — ela pergunta sem olhar para mim.
— Só em objetos com pincel mesmo. Nada demais. — explico.
— Tem certeza que quer pintar? — ela me pergunta ainda no chão mexendo a tinta.
— Quero. — diminuo um pouco a tensão, afinal aconteceu mais uma intriga ontem entre a gente, é inacreditável como sempre nos encontramos de alguma forma, como tantos acasos acontecem em tão pouco tempo.
— A regra básica pra ficar legal é uma parede sim outra não. Vamos começar com essa aqui. Pega o rolo, gira a espuma na tinta, razoável. — ela diz e me entrega o rolo, mergulho a espuma na tinta e ela sorri.
— Não porrinha, espera, razoável, deixa eu te ajudar. — ela segura meus braços e eu tento não perder o foco.
— Isso, agora você vai fazer esse movimento na parede, deixando os cantos para fazer com o pincel depois. — ela guia meus braços sobre a parede, inclina minha cintura com a mão colando nossos corpos. Está ficando cada vez mais difícil.
— Entendido. E por que ainda está ralo dessa forma? — pergunto curiosa.
— Tem uma segunda mão depois, espera essa secar. — ela explica calmamente, e analiso a cor da tinta que é bem bonita.
Ouvimos risadas da cozinha e a Hauana suspira fundo, ela não está gostando nem um pouco dessa ideia.
— Que coisa esse novo amiguinho da Ohana. — ela reclama.
— Qual o problema eles serem amigos? — defendo e ela balança a cabeça.
— Até parece que seu pai só quer ser o amigo da Ohana, deixa de ser ingênua. — ela pinta a outra parte da parede.
— Você que vê malícia em tudo, não significa que as pessoas ao redor sejam assim.
— Vejo malícia a ponto de sentir as coisas, você que é boba demais.
— Sou, só pela quantidade de vezes que te desculpei se percebe.
— Você quem insistiu quando eu pedi que ficasse longe de mim.
— Eu apenas quis ser gentil, mas você não merece a bondade.
— Eu não preciso da sua gentileza, era isso que tinha que enxergar.
— E porque me procurou? Do jeito que fala parece que fui a única a correr atrás.
— É divertido brigar com você, sabia? — ela diz com um leve sorriso e lanço o rolo cheio de tinta em sua cara, fazendo ela rir mais ainda.
A tinta escorre seu corpo até a calça, e ela tira o excesso do rosto.
— Só consigo sentir desprezo e decepção. — sou dura com ela.
— Só não quero que sinta dor.. agora fica longe. — mas porque?
Paro em sua frente e observo seu comportamento inquieto, e a cada passo que eu dou sua respiração fica mais forte. E a minha também.
O que eu tenho que assusta tanto ela? Porque a distância?
Eu não tenho medo da Hauana.
![](https://img.wattpad.com/cover/146663945-288-k606765.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Quando mundos colidem |ACASOS|
Romance(Plágio é crime) "As pessoas se adaptam, mas sua natureza nunca muda; o destino é uma conversa mole que te leva a crer no improvável; a paixão é uma dependência da qual eu nunca vou provar." Essa sou eu, Hauana, e meus paradigmas nunca são quebrados...