Quando mundos colidem |ACASOS|

Cap. 57

Hauana

Ponho o capacete e ligo a moto, paro durante alguns segundos, ela sempre tem razão. Minhas tentativas de ter algo normal só torna as coisas mais complicadas, estou num furacão, se eu pudesse controlar não seria tão difícil assim.

Depois de alguns quilômetros com o pensamento nela o farol ilumina o corpo de uma mulher, que diabos uma maluca pararia na frente de uma moto sem menos? A vontade que dar é de passar por cima, mas freio rapidamente.

É a Alexia.

"Seu olhar sempre carregado de maldade." ela diz e segura os freios da moto se inclinando em minha direção, deixando os peitos expostos, essa mulher tem algum pacto com o diabo. Com batom forte, cabelos soltos, e um vestido branco que desenha cada célula do corpo e se destaca em sua pele bronzeada.

"O que quer?" pergunto desviando o olhar do seu corpo, ignorando suas tentativas de chamar minha atenção.

"Seja uma boa garota, tenho informações que valem ouro.. mas gente, ele também não saiu por baixo em.." ela diz passando as mãos em meus machucados e meu coração gela, como assim? Só o Aquiles sabe do que aconteceu, e a Kiara. Estaciono a moto e desço, tiro o capacete e me aproximo dela.

"Quem te contou isso? Onde viu o Tony?" ameaço segurando seu braço e ela sorri.

"Que Tony Hauana, o Tony fugiu ninguém sabe pra onde, estou falando da sua briga com o Franklin por causa da sua namoradinha." meu coração alivia pelo fato dela não saber do lado mais complexo da situação, mas logo volta a bater mais forte com a ideia dele ter fugido.

"Não tenho namoradinha, e nada disso é da conta de ninguém, insistem em ficar se intrometendo." resmungo soltando seu braço e ela se aproxima mais de mim.

"Abrir o jogo não é melhor do que ficar negando fogo?" ela diz passando a língua pelo meu pescoço, levanto a cabeça, fecho os olhos por alguns segundos mas afasto seu corpo rapidamente.

"Não! Vaza Alexia, na boa!" digo voltando pra realidade. Merda, totalmente sem noção.

"Sente falta? Sexo todo dia, garotas e mais garotas, algemas, todas as suas fantasias ao vivo e em cores, selvagem Hauana, você é selvagem.." ela sussurra em meu ouvido. "Sinto falta dessa mão me apertando, de todas as maldades, não é das melhores no sexo, mas.." ela mexe com meu ego. "Claro que sou porra, sabe que sou, não pode negar isso." atiro e ela gargalha. "Seu ego me excita. Tão novinha mas tão cheia de si, viu? Não tenta fugir da sua necessidade de ser uma cachorra, corre aqui, nas veias.." ela passa os dedos pelo meu braço e chupa eles em seguida. Tomo um choque de realidade e solto seu corpo assustada, não, subo na moto rapidamente e ponho o capacete, arrancando com tudo.

O que deu em mim? Essa garota é muito malandra, mas não vou cair nesse joguinho sujo, não mesmo. Freio a moto em cima de um carro praticamente, estou totalmente alterada, respira Hauana, só tenho que manter a Kia longe do meu passado. Passado que pode ferrar o abrigo que a Kia vem construindo em mim.

Kiara

Ouço uma pedrinha na janela, esqueci de deixar aberta, me levanto e destranco. Ainda está um pouco escuro, na verdade está amanhecendo, o clima um pouco frio, mas é uma sensação incrível.

"Rapunzel, poderia jogar as tranças malditas e facilitar minha subida cansativa até aqui." a Hauana aparece praticamente na minha frente me dando um susto e se senta na janela com seu jeito de meninona. Sorrio enquanto assisto ela resmungar. Seu cabelo preso em um coque alto, sem alargadores, o que pra mim ainda é estranho, ela está de calça preta, chinelo e uma blusa verde escuro. Seus olhos vermelhos e o rosto um pouco inchado, observo o curativo no pescoço e sinto um leve cheiro de álcool, disfarçado por uma bala de menta.