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"E por mais uns anos, você vai fazer planos, pensando se eles servem pra mim..."
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Não é que doía, doía, mas doía. E tinha hora que doía muito.
— Ah, meu deus, ai meu deus!! - Ana pressionou os lábios um no outro e se concentrou em aguentar a dor. - Christian, isso dói - suspirou de cansaço ao que a contração parou. - Amor, faz isso parar. Você não me disse que isso doía tanto - ela respirou fundo. - Você mentiu para mim - acusou.
— Eu menti? - Christian sorriu para ela. - Amor, calma, respira fundo. Eu sei que está doendo, mas você consegue - falou doce e gentil.
Os minutos se passaram, a morena tentava não pensar no que estava acontecendo naquele momento, tentava não pensar a fundo que talvez - talvez - em algumas horas - e não dias - ela teria um bebê.
— O que está acontecendo? - ela perguntou, a voz rouca já, quando outra contração foi embora.
— Linda, a sua bolsa estourou, o bebê não quis esperar - o médico respondeu calmamente e beijou sua bochecha, tentando acalmá-la quando o monitor disparou.
— Mas o bebê não devia nascer agora. Está fora do tempo. Devia ter mais duas semanas - ela se agitou.
— Vai ficar tudo bem - ele garantiu, passando uma das mãos por sua barriga bonita enquanto ajudava a enfermeira com os aparelhos.
— Você não parece calmo, não como se fosse ficar tudo bem, e você é médico.
— Eu sou médico, mas também sou o pai do bebê. Agora, respira. Está tudo bem, eu juro.
— Como está tudo bem? O bebê não pode nascer ago... Ai!
— Eu estou aqui, calma - ele segurou sua mão e acariciou seu rosto até que a contração passou.
— As contrações estão com intervalos de tempo muito rápidos, doutor - a enfermeira disse.
Ele sabia daquilo, não era necessário a enfermeira enfatizar bem na frente da garota.
— Isso é ruim? - Ana perguntou e Christian deu um olhar irritado para a enfermeira.
— Não, amor, está tudo como tem que ser... - ele a tranquilizou.
— Vai demorar muito? - questionou, já cansada.
— Não tem um tempo exato, cada gravidez é de um jeito. Você só está com quatro centímetros, princesa, precisa de dez. Eu vou te dar a anestesia logo, logo.
— Okay, tudo bem, parou de do... não, não parou. Está doendo de novo. Ai, Deus!
— Eu estou aqui com você. Vai ser um parto perfeito, você vai ver.
A morena suspirava, respirava, fechava os olhos com força, mordia o lábio quando a dor vinha em cheio. Era suportável. Doía, mas ela tinha que admitir que era totalmente suportável. Pelo menos até aquele momento.
A voz de Christian a acalmava, ele era gentil em cada palavra que dizia, elogiando-a quando mais uma contração ia embora, acariciando seu rosto, segurando sua mão.
Aquilo a fazia ficar tranquila. A voz do homem que amava. E, é claro, o ritmo regular e preciso do monitor que anunciava o coração do bebê em sua barriga.
O intervalo de tempo durou horas depois de Christian lhe dizer que podia dormir. Já era quase de manhã - ela sabia pelo silêncio mortal da madrugada e o relógio na parede a sua frente que marcava 4h17min.
Ela não havia apagado, mas certamente foi um borrão desde a hora em que estava sentindo contrações, finalmente conseguiu dormir e descansar, até a hora em que a enfermeira lhe disse que estava pronta.
Seu pai e seus sogros estavam fora do quarto naquele momento, sua mãe permaneceu perto, segurando sua mão quando a enfermeira confirmou os dez centímetros.
Deus, ela estava pronta. Logo teria um bebê ali e ela teria que cuidar dele.
O medo assolava cada parte de seu corpo, arrepiava dos pés aos últimos fios de cabelo.
— Tudo bem, respira. Um, dois, três, quatro, cinco, seis. Vai! - a enfermeira a ajudava, segurando uma de suas mãos, e passando a outra em seu rosto de vez em quando, fosse para tirar o suor ou o cabelo que grudava em sua testa. - Estamos quase lá - ela sussurrou num tom gentil. - Você está indo bem, vamos lá.
Respirando apressada, ela obedeceu aos comandos: fez força, se concentrou, esperou a próxima contração. A garota estava um pouco cansada, bem cansada na verdade. Mas ela não podia simplesmente descansar naquela hora, precisava ajudar um serzinho a nascer, precisava procurar encontrar forças dentro de si para fazer tudo dar certo.
— Tudo bem, amor, não precisa mais fazer força, apenas respire fundo - Christian disse num rompante.
O choro foi alto, fino e estridente, tão de repente, que - enquanto Ana se preocupava em respirar fundo - se assustou quando ouviu.
Tudo ficou em silêncio, apenas o som do bebê chorando era audível. Logo se tornou um pequeno e frágil choro, totalmente tímido e assustado, bem baixo, quase ilusório para Ana.
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50 Tons de Uma Exceção
FanfictionEla tem uma regra, apenas uma: nada de se apegar. E ela seguia aquela regra a risca, mas agora Ana vai descobrir que para toda regra, há uma exceção.