Capítulo 40 - Velha Cheryl.

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Não tenho muito o que falar sobre esse capítulo ... só preparem os lencinhos. 1/4

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Uma semana se passou depois do dormidão na casa da Veronica. Toni e Cheryl não estavam se falando muito por conta das provas da morena. Ela estava ficando louca com tanta matéria, só queria poder sair de casa pra respirar um pouco e ver a vizinha. Mas o mesmo tempo que pensava isso, seus pensamentos eram invadidos por todas as matérias que ela ainda não estava indo bem.
 
Cheryl estava com saudade da morena, mas sabia que Toni estava enterrada em provas e não iria atrapalhar seus estudos. Passou sete dias longe da Toni como uma pessoa diferente, agora ela saía com seus pais e ajudava nas tarefas de casa. Estava ativa e feliz por estar assim, e seus pais então...Céus, estavam maravilhados com a evolução da filha.
 
Mas infelizmente, em uma noite chuvosa, Cheryl teve um sonho terrível.

 Ponto de vista no sonho on:
 
Sai da escola morrendo de felicidade por saber que hoje era meu último dia de aula, finalmente férias! Cheguei em casa saltitando e quando abri a porta, me deparei com meu irmão me olhando. Estava todo de branco, olheiras profundas e seu cabelo ruivo completamente bagunçado, ele estava...Diferente. Meu corpo entrou em choque.

- Jason? - Perguntei boquiaberta e joguei a mochila em qualquer canto da casa. - Eu senti tanto a sua falta. - Ia abraçar sua cintura, mas meu irmão me empurrou. - O que foi? - Senti meus olhos marejarem.

- Você está feliz? - Perguntou parado em minha frente. - Está feliz sem mim, Cheryl?

- Eu fiquei triste por tanto tempo, agora me sinto viva de novo. - Falei e dei um sorriso de lado. Jason revirou os olhos.

- Você não deveria estar feliz sem mim. - Me empurrou forte, eu bati com as costas na parede e ele aproximou nossos rostos e apontou o dedo. - A culpa é sua por eu não estar vivo, não é justo que esteja feliz! 

- A culpa não foi minha, Jayjay. Eles me falaram que não foi. - Falei já chorando e ele continuava sério me olhando.

- Eles quem? - Riu debochado. - Nossos pais? A Toni? Deixa de ser ridícula, é claro que a culpa foi sua. Quem queria desviar do cachorro era você, Cheryl. Deixa de ser patética. Eu estou morto e você é a culpada por isso! Se não fosse por você eu ainda estaria vivendo a minha vida. Eu te odeio por isso.

- Não fala assim. - Choraminguei fechando meus olhos. - Eu amo você, Jason! Você é o meu irmão, eu nunca desejaria isso. 

- Você sabe que eu era mais popular, por isso me fez morrer, isso é óbvio. - Olhei incrédula pra ele. - Eu sabia que você tinha inveja de mim, Cheryl! Mas não saberia que iria me matar por isso.

- EU NÃO MATEI VOCÊ. - Gritei o empurrando. - PARE DE FALAR ISSO, JASON! FOI UM ACIDENTE DE CARRO, EU NÃO QUERIA AQUILO.

- Você é tão egoísta. - Apontou o dedo em meu rosto. - TÃO EGOÍSTA A PONTO DE ME MATAR E CONTINUAR VIVENDO FELIZ, COMO SE NADA TIVESSE ACONTECIDO. VOCÊ DEVERIA TER IDO NO MEU LUGAR.

 Eu ia responder mas meu irmão desapareceu e tudo começou a ficar escuro.
 
Ponto de vista no sonho off.

 Cheryl acordou desesperada, sentou na cama e passou as mãos pelo rosto. Ela chorava e aquele sonho parecia tão real, sentia que Jason estava falando a verdade. Em sua cabeça tudo o que seu irmão disse no sonho começou a fazer sentido, ele não queria que a Cheryl vivesse feliz porque que foi a culpada de sua morte.
 
A ruiva estava começando a se sentir culpada de novo, achava que o sonho foi um tipo de aviso do Jason. Levantou da cama e foi até o banheiro, ela se olhava no espelho e começou a odiar a imagem de uma Cheryl feliz, achava que estava errado estar daquela forma. Ela deveria estar sofrendo pela morte do seu irmão, e não sendo feliz, como uma pessoa normal. Respirou fundo e ligou a torneira, passou água em seu rosto e continuou a se olhar no espelho, encarando seus próprios olhos vermelhos por causa das lágrimas.
 
Um velho pensamento invadiu sua mente, ela pensava que se não estivesse viva tudo ficaria melhor, seu irmão ia ficar feliz por ela ter finalmente aceitado que a culpa era dela. Cheryl olhou pra gaveta da pia e tremeu a mão abrindo ela, ali viu sua antiga pequena navalha, a pegou com o indicador e o dedão. Ficou observando aquilo em seus dedos e respirou fundo, ela precisava dar um jeito de acabar com aquela culpa.
 
Cheryl esticou o braço e ficou encarando seu pulso, criando coragem para enterrar aquela navalha em sua veia. Pensou que seria melhor ir aos poucos. Posicionou o pedaço de lâmina no pulso e fechou os olhos, empurrou em sua pele e mordeu os lábios ao sentir a dor, mas não gemeu, não queria que seus pais a ouvisse.
 
A primeira gota de sangue escorreu e caiu no chão, sendo observada por Cheryl em câmera lenta. Aquela dor em seu pulso era horrível, mas a sensação de culpa estava diminuindo. Respirou fundo e fez outro corte, sentindo uma lágrima escorrer por sua bochecha. Balançou a cabeça pra tentar se livrar da dor e se olhou no espelho de novo, respirou fundo algumas vezes e criou coragem pra fazer o terceiro corte horizontal. Mas o quarto seria na vertical, ela queria dar um fim naquilo tudo, não estava pensando em nada além de fazer o quarto corte, mas ao lembrar de uma certa garota de cabelo rosa seu coração acelerou. 
 
Cheryl jogou a navalha longe e olhou seu pulso ensanguentado, percebeu o que tinha feito e sua respiração começou a ficar ofegante, ela estava apavorada. A dor estava insuportável. Se olhou no espelho de novo e...Era ela, a velha Cheryl, aquela que ela tanto tentou fugir. Não queria voltar a Cheryl de meses atrás.

 A ruiva saiu correndo do banheiro, passou reto pelo seu quarto, desceu a escada correndo em desespero. O sangue do seu pulso já estava por toda parte e ela estava começando a enxergar tudo nublado. Mesmo assim procurou a chave da porta e abriu a mesma, saiu correndo em meio a chuva e parou na porta da casa da Toni. Tocou a campainha inúmeras vezes em um ato de desespero, já estava quase desmaiando de dor e a morena abriu a porta.
 
Toni estava sonolenta mas quando viu a Cheryl naquele estado, arregalou os olhos e saiu correndo pra pegar a ruiva pela cintura quando viu que ela estava tombando. A morena não tinha forças pra deslocar Cheryl em seus braços até dentro de casa, então se sentou no chão com a ruiva quase desacordada em seus braços em meio a chuva.

- Cheryl! - Toni falou desesperada sacudindo ela. - CHERYL, NÃO FECHA OS OLHOS! - Em um ato de nervosismo deu um tapa no rosto da ruiva, que abriu os olhos. - O que aconteceu, fala pra mim. - Apertou forte ela no abraço, apoiando a cabeça dela em seu peito.

- Eu tentei...- Cheryl falou baixo, mas Toni não ouviu por causa da chuva. - Eu tentei acabar com a minha culpa.
 
Quando a morena ouviu isso, olhou pro chão e viu sangue misturando junto com a água da chuva, ela não sabia da onde vinha, mas sabia que era da Cheryl. Seu desespero ficou maior e começou a gritar por seus pais, logo os dois desceram correndo junto com seus irmãos e viram a cena da morena no chão agarrada no corpo da Cheryl em meio a chuva. Ela chorava e apertava seu corpo contra o da ruiva.
 
Katy pegou correndo o telefone e chamou a ambulância. Fangs e Sweet Pea foram até a irmã tentando acalmar ela enquanto abraçava o corpo mole da Cheryl em seus braços. Thomas olhou a cena e respirou fundo, negou com a cabeça e subiu a escada. Ele iria voltar a dormir, afinal, hoje à tarde teria uma longa viagem pra ver sua prima e não estava afim de se preocupar com a filha agora.

𝐭𝐫𝐮𝐬𝐭 𝐦𝐞 • 𝐜𝐡𝐨𝐧𝐢 Onde histórias criam vida. Descubra agora