Capítulo 18

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Passei a noite me revirando na cama sem conseguir pregar o olho, graças às palavras de Leon que não saía de minha mente. Egoísta. Eu era extremamente egoísta. Eu amava meus pais, eles me amavam, mas nunca havia percebido que eu não tinha deixado Leon se aproximar de mim e nem eu tinha tirado tempo para conhecê-lo melhor.

Era sua irmã de sangue, mas em outras formas eu não era. Eu devia um enorme pedido de desculpas a ele, e nem isso seria suficiente. E, agora que ele estava no mesmo Reino que eu, tinha que tentar conhecê-lo verdadeiramente. É meio tarde para isso, porém, se ele estivesse disposto, eu também estaria. E bem determinada.

Essa determinação estava a todo vapor na manhã seguinte. O procurei no café da manhã mas nem ele e nem o Rei estavam presentes na mesa, eles não tinham se hospedado no castelo? Eu tinha quase certeza que sim. Quando Makenna viu meu cenho franzido durante todo o café da manhã, percebeu sobre o que se tratava e sussurrou para mim:

— Eles estão comendo no jardim, costumes do Reino. Não gostam de comer em lugares fechados.

Isso explicava, provavelmente era um alívio para toda a família real não compartilhar a mesa com o Rei Lorcan. Conseguia imaginar todos tensos, sem saber o que falar com sua presença na mesa, menos Weynar, ela com certeza iria arrumar algo para se falar com sua alegria contagiante.

Depois do café, informei a Makenna que iria procurar meu irmão e sai a sua procura indo até o jardim, porém, ele não se encontrava mais lá e os guardas de Mylathow presentes não sabiam para onde ele ou o Rei tinham ido. Suspirei e comecei a caminhar pelos corredores, tentando achá-lo e torcendo para não me perder, por isso só virava em corredores onde via que tinha algum guarda patrulhando ou uma criada indo fazer suas tarefas do dia.

Trinta minutos andando e andando e nada, ninguém sabia onde Leon estava ou nem o conhecia por nome ainda, e o Rei e seus guardas também não tinham sido vistos. Como alguém desaparecia assim? Ou os guardas que não queria me dá a localização deles, talvez para minha segurança? Talvez porque foram instruídos a fazer isso? Acho que eu estava ficando paranóica.

— Pode se afastar, por gentileza?

Parei de andar assim que ouvi uma voz conhecida. Por um momento, achei que tinha vindo de trás de mim, mas percebi logo em seguida que estava vindo mais a frente. Estava chegando a uma curva, um corredor dava para a esquerda e outro para direita. Dei mais alguns passos, o mais silencioso possível, para mais perto ao ouvir um som baixo que não consegui identificar.

— Eu já disse que aquela noite foi um erro. Ambos estavam em um momento difícil e só fizemos aquilo para nós sentir melhor.

Parei de novo ao perceber que era a voz de Makenna. Com quem ela estava falando? E do que estava falando? Me encostei na parede do lado direito, cheguei perto do fim do corredor e, com toda a minha curiosidade, espiei o corredor onde ela se encontrava e tomei um enorme susto ao ver ela encostada na parede. E Henrik bem perto dela, quase com o corpo colado ao dela.

Mas o que está acontecendo?

— Mas foi bem divertido, você não acha? Não se sentiu nenhum pouco balançada? — ele falou.

Estreitei os olhos com raiva. Ele estava dizendo quase a mesma coisa que disse para mim ao nos encontrar pela primeira vez no castelo. Mas de um jeito mais gentil. Querendo deixar Makenna balançada com as palavras. Quase engasguei quando a conclusão do que estava acontecendo ali chegou aos meus pensamentos, eles tinham dormido juntos.

É claro! Era por isso que Makenna estava envergonhada quando ele entrou em nossa suíte na noite em que acordei do "coma", vindo com elogios para cima dela, e estava toda carinhosa com ele no riacho. Não acredito que ela tinha caído no charme dele!

A Veracidade das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora