Depois

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Seu guarda e amigo estava morto, e ela tinha presenciado sua melhor amiga matá-lo. Melhor amiga e meia-irmã.

Assim que leu a carta que Allyria tinha escrito para ela, a princesa ficou chocada, mas a alegria não demorou a surgir. Sempre sentirá um imenso e inexplicável carinho por Allyria, estavam sempre dizendo uma para a outra que eram mais do que amigas, que se consideravam irmãs. E elas realmente era.

Ela deixará para pensar na traição de seu pai depois, naquele momento só queria correr até sua amiga-irmã e lhe dá um apertado abraço. E descobrir tudo sobre esse poder que ela tinha descoberto que possuía dentro de si, algo que ela tinha colocado na carta. Um poder novo e forte! Allyria era uma caixinha de surpresa. E também dá uns belos tapas nela por não ter lhe contado antes.

No caminho, tinha dado de cara com Andrew. Seu guarda estava procurando por Allyria, como um favor a Leon que procurava pela irmã, e por isso a princesa levou o capitão da sua guarda até o lago, onde Allyria se encontrava, esperando por ela.

Quando os dois ouviram o grito de Allyria, ambos saíram correndo até onde a mesma estava, e a encontraram em uma situação terrível. Seu corpo estava caído no chão e todo torto, como se seus ossos tivessem se quebrado, e ela chorava sangue. Assim Makenna viu seu pai presente, ela soube que ele era o causador disso, e não entendia o porquê dele ter feito isso. O pai amável que ela conhecia nunca seria capaz de tal atrocidade. Assim como Allyria não seria capaz de matar ninguém.

Entretanto, agora seu guarda e amigo estava morto, ao seu lado, e Allyria se encontrava caída no chão tendo convulsões, como se a morte estivesse tomando tudo dela. Era impossível não deixar as lágrimas caírem com aquela cena toda, não gritar o nome da sua amiga, como se isso fosse ajudar.

E o pior veio depois.

Depois de alguns minutos intermináveis, Allyria se levantou como se nada tivesse acontecido, como se ela não estivesse se contorcendo no chão antes, e a princesa soube que aquela não era mais sua amiga, era outro alguém dentro de um corpo que não lhe pertencia. Seu corpo tinha voltado ao normal e não estava mais torto, e as lágrimas de sangue que caíam minutos antes parara e o sangue restante no rosto começava a secar. Algo que a deixava aterrorizante.

Aquela coisa passava as mãos por seus braços, rosto e cabelo, mexendo os pés no processo. Se acostumando com o corpo que agora era dela.

Finalmente estou livre, eu já estava cansada daquele maldito Bosque.

O ser dentro do corpo de sua amiga pronunciou, o tom de voz não era suave como a princesa estava costumava a ouvir. O tom emitia tanta frieza que causava um arrepio de medo na nuca e na espinha. Não era sua amiga, essa estava morta. Só de pensar nisso...as lágrimas ficavam mais intensas, seu coração doía e ela sentia vontade de fechar os olhos e nunca mais abrir.

Porque isso estava acontecendo? Era um sonho? Tinha que ser. Não tinha como isso ser real. Seu pai um monstro, sua amiga morta e um ser estranho tomando o corpo de Allyria.

— Minha divindade, é bom vê-la feliz.

Seu pai se ajoelhou na frente da mulher, aquela que ele considerava divina. Aquela que havia sido a filha que ele não assumiu. Seu pai era um monstro cruel e abominável. A princesa não sabia, até agora, que podia odiar alguém que amava tão rapidamente.

— Depois de tanto tempo você finalmente conseguiu, muito bem. — a mulher estendeu a mão para o Rei, que aceitou e se levantou, depositando vários beijos sobre aquela mão. — Me chame de “Majestade”. Gosto desse termo. É maravilhoso ter acesso a palavras magníficas.

— Como quiser, Majestade. — seu pai abaixou a cabeça, todo obediente. — Allyria era bastante inteligente, você descobrirá várias coisas através das lembranças dela.

— Sim, só não cite mais o nome dela. Ela não existe mais. — o ser fez uma pausa antes de continuar, dando uma olhada nos arredores. — Agora quero que faça o seguinte...leve sua filha, apague a memória dela e tente trazê-la para o nosso lado. Se não conseguir, eu terei que matá-la, me entendeu? Não vou ser mais piedosa do que isso.

O Rei assentiu, submisso. Nem parecia que tinha falado minutos antes que não seria capaz de matar alguém do seu sangue, mas não era ele que a mataria. Era ela. E a princesa preferia morrer do que ir para o lado deles, para fazer coisas horríveis como eles tinham feito. Com Andrew. Com sua amiga-irmã. Ela não seria como eles, não importa o que acontecesse.

— Ótimo. Ela é um bom adicional para seguir com o plano. — a mulher abriu um sorriso, forçado demais, não acostumado completamente com o corpo. — E então...eu terei todo o mundo nas trevas.

A princesa escutava tudo em silêncio, não se atrevendo e nem conseguindo falar nada. E tentando ignorar o corpo morte de seu amigo quase ao seu lado. Até que a mulher olhou para ela, e a mesma estremeceu ao ver aqueles olhos verdes claros que ela conhecia bem, mas que não tinha mais o brilho travesso que só Allyria possuía. Só tinha maldade e escuridão.

Durma, criança. — a sua não-amiga disse, estendendo a mão em direção a princesa. — Quando acordar, um novo mundo lhe espera.

A princesa se remexeu, mesmo isso sendo inútil, porque a planta a deixava impossibilitada. Ela não conseguia lutar, não tinha como fugir disso. Ela não veria mais Keeran, o homem que ela estava se apaixonando. Ela não veria mais Henrik e Weynar, seus amigos queridos. E provavelmente ela não veria mais sua família. Seus olhos ficaram pesados e as lágrimas pararam de escorrer por seu rosto quase que imediatamente. Talvez dormi fosse melhor, mesmo que ela não quisesse. Dormir iria fazer tudo isso sumir.

A última coisa que a princesa pensou, antes de cair no sono, era que algo bem ruim estava preste acontecer e iria botar todo o mundo que ela conhecia em grande perigo. Que causaria a morte de muitos, até mesmo daqueles que ela amava.

A escuridão e a morte finalmente tinha chegado, e não era possível fazer mais nada.

A Veracidade das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora