- O Assassino -

780 132 12
                                    

Ela sempre está lá agora. Ele não consegue ir em busca de alimento, não consegue ir atrás de suas vítimas e roubar suas vidas, suas almas. Ela o impede, fica com ele até que ele vá embora. E, a cada vez, a raiva dele vai aumentando. Acontece noite após noite. Toda vez, ele é castigado por voltar sem nada e está cansado disso.

Ao invés de ser libertado, ele vai acabar morto se não for mais esperto.

Então, ele começa a brincar com algo que sabe que vai quebrá-la. Ele sempre arruma uma forma de machucar a si mesmo. Arranhões, se mover até deslocar o ombro ou o braço, tentar quebrar uma costela, bater a cabeça até sair sangue. Ela tenta impedi-lo de fazer isso, mas ele sempre vai embora depois de ter conseguido machucar alguma parte do corpo, e depois de ver a devastação e derrota no rosto dela. É muito gratificante. 

Ele a cansa até ela parar de tentar impedi-lo.

Na próxima vez que a noite cai, ele se encontra com ela em um lugar pouco iluminado. As sombras do lugar o agrada, faz ele se sentir mais forte. Ele não consegue parar de sorrir, o que a irrita ainda mais. Ela sabe que não pode impedi-lo, então começa a ajudá-lo. Isso a quebra aos poucos, mas não tem nada que ela possa fazer. É delicioso vê-la assim. Ela trás o alimento para ele, para que ele vá embora logo.

O alimento que ela trás não é tão saboroso quanto a vida de uma jovem inocente e imaculada, são almas criminosas, com raiva e ódio dentro de si, mas isso dá para o gasto. Ele não é mais castigado por não trazer mais alimento.

Todo mundo sai satisfeito. E assim continua.

Até que ele consegue chegar antes que ela possa o impedir. Nessa noite, ele tem uma missão maior, precisa buscar um alimento específico.

Ele fica à espreita nas sombras, esperando sua vítima, e, quando ela aparece, ele a ataca. Não é uma única pessoa, mas duas. São bons lutadores, eles conseguem se recompor rápido diante da surpresa e começam a atacá-lo. Mas ele é mais poderoso, ele consegue derrubá-los no chão em dois minutos de luta.

Ele fere uma das vítimas gravemente para mantê-la no chão, para que ela não tente lutar mais enquanto ele ataca a outra vítima, então ele faz o que sempre faz: corta a garganta, suga o sangue e se alimenta com as almas. Ele conseguiu duas almas nessa noite, muito mais do que o planejado, e se sente ainda mais poderoso. Não é uma jovem inocente, mas é bom. Muito bom.

Deixando o poder subir para a cabeça, ele resolve ficar por perto ao ouvir vozes se aproximando. Ele não foge dessa vez. Ele quer mais uma vítima, quer ir embora com três almas. Ele vai ser bem recompensado por causa disso.

Ele se esconde em um cômodo cheio de entulhos e espera. Assim que escuta vozes, ele se aproxima e pega a mulher mais próxima com bastante rapidez. Ele precisa ser rápido, imagina que a outra correu para buscar ajuda, então ele ataca a sua vítima. Ela o arranha, tentando machucá-lo, e consegue se esquivar do corte da garganta o chutando no estômago. A faca faz um corte grande no ombro dela, não pega por pouco o pescoço.

Furioso, ele a segura com firmeza, com força o suficiente para quebrar suas costelas, para que ela não se mexa e ele possa fazer sua tarefa. Mas então a luz aparece. Uma luz que o cega, que o queima, que o faz soltar um grito alto e fugir para longe.

Não era para a garota estar lá. Ela disse que ninguém iria atrapalhá-lo, ele pensa enquanto corre pelos corredores, a garota não devia ter esse poder. Aos poucos, começa a sentir a força sumir dele e fraqueza em seus músculos. Ele começa a tropeçar e ouve alguém se aproximando, mas não tem cabeça para pensar em se esconder, ele se sente caindo no chão.

A última coisa que ele vê, é o rosto de um homem o observando com choque e horror. Ele tinha sido descoberto por outro alguém.

A Veracidade das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora