Capítulo 28

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Depois de uma noite com uma terrível revelação não me via caminhando até a Vila, por isso esperava uma carruagem ser pronta para que pudesse visitar Leon. Em sua companhia iria poder pensar com mais clareza no que fazer, ao mesmo tempo que teria um pouco de paz longe do castelo. Eu estava precisando muito disso.

Estava encostada na beira de uma das enormes janelas abertas de um corredor, observando as duas pessoas em um treinamento de luta de espadas no jardim. Lorcan e um de seus guardas. O jovem Rei se movia com suavidade, agilidade e velocidade, enquanto seu guarda era mais firme em seus movimentos, não hesitando em nenhum momento em atacar seu monarca, mas Lorcan sempre conseguia se defender e partia para o ataque antes que fosse atacado de novo.

O Rei é um guerreiro incrível.

Observava fascinada, ao mesmo tempo que em meus pensamentos voltavam para essa manhã onde eu tinha acordado em seus braços. Meu corpo se aqueceu com a lembrança. E não de desejo. Agora, estranhamente, sempre que pensava nele ou olhava para Lorcan as palavras proteção e segurança vinham em minha mente. O que continuava a me causar surpresa, confusão e um pouco de medo, mas em menor intensidade.

— Você faltou em minha aula para ficar com o Rei? Não é esse o ensinamento que estou lhe dado.

A voz cheia de frieza de Lorde Alik acabou com qualquer pensamento bom que estivesse tendo. Desviei meu olhar da cena de luta para observar o homem, me arrependendo imediatamente ao ver raiva e fúria em sua expressão. O Duque não era de mostrar suas emoções, e ter sua fúria direcionado a mim me causou um misto de medo e incredulidade. Não estou entendendo porque ele está com raiva de mim por causa disso.

— Não foi proposital, senhor. — murmurei, tentando me justificar. — E não estava com o Rei, exatamente.

Não estava? — ele retrucou soltando uma risada sem emoção alguma. Aquelas risadas que fazem os pelos dos seus braços se arrepiar. — Vi vocês dois agarradinhos no jardim, dormindo juntos.

Arregalei os olhos com suas palavras. Como ele tinha nos visto? Era mais fácil um criado ou um guarda ter nos visto juntos, mas não Lorde Alik. Ele tinha saído a minha procura e acabou presenciando a cena? Ou ido fazer um passeio durante a madrugada? Era a única explicação já que Lorcan tinha escolhido um local pouco visível para ninguém perceber que tinha alguém sentado abaixo da árvore, como a gente estava.

E desde de quando o Duque se preocupava com isso? Ele não mandava em quem eu me relacionava ou não.

Lembro vagamente dele me dizendo algo durante uma das nossas aulas, "um nobre nunca se relaciona com uma criada, principalmente um rei de um reino feroz. Tome cuidado com quem você se relaciona." Não lembro que dia foi isso, ou do que estávamos falando. Parece que a memória foi apagada da minha mente e só restou um fragmentado que me mantém em alerta.

— Fique longe do Rei. — o duque disse, ou melhor, ordenou em um tom frio. — Não se envolva com ele, só irá te atrapalhar.

Um cenho aparece entre minhas sobrancelhas com suas palavras. Ele achava que era o dono da minha vida? Como se eu fosse um cachorrinho obediente para acatar suas ordens! Ele é apenas o meu professor, e olha que tinha diminuído os dias dos nossos treinos. Só nos encontramos duas vezes nessa semana e nos outros dias fiquei lendo todos os livros que ele indicou. Ele não manda em mim!

— Não quero ser ignorante, milorde. — comecei, um pouco insegura com minhas palavras. — Mas o Senhor é meu professor, apenas, e não lhe interessa o resto da minha vida, e escolhas.

Ergui a cabeça em um gesto de coragem para enfatizar minhas palavras. Ele estava ajudando-me a controlar meus poderes, para que não acontecesse um incidente e eu acabasse em mãos erradas, e não tinha o direito de me ordenar que ficasse longe de uma pessoa. Mesmo que ele fosse um nobre e eu uma mera dama de companhia, eu era dona da minha vida. Eu fazia as minhas escolhas.

A Veracidade das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora