Capítulo 30

2K 322 158
                                    

No caminho de volta ao castelo, esqueci tudo relacionado ao passado de minha mãe, esqueci que era filha do Rei, esqueci que Lorcan era o menino de onze anos atrás e foquei na situação do assassino. Se pensasse em tudo de uma vez, eu iria explodir. Uma coisa de cada vez.

Lorine e eu não tínhamos o que fazer sobre tal situação, o assassino, então a única alternativa era o que ela tinha proposto: sermos sincera com a Rainha e contar o que descobrimos a Henrik. Ele merecia saber. Talvez juntos conseguiríamos descobrir como acabar com aquilo.

Já era noite, havia passado toda a tarde com Leon e jantado com ele. Foi um dia agradável. Era bom ter essa relação boa com meu irmão, com conversas relaxantes e sinceras, mesmo que ainda tenhamos muita coisa para contar um para o outro. Mas estávamos mais unidos do que nunca, e isso era ótimo.

Como tinha presenciado seu poder, acabei por mostrar o meu para ele, criado uma taça igual a que eu tinha quebrado, só que ainda mais resistente, que não se quebrou quando joguei no chão, apenas rachou.

Ele havia ficado chocado, mas muito impressionado, e não parava de me elogiar. Até eu tinha ficado um pouco surpresa por ter conseguido. Em nenhum momento voltamos a citar a relação do rei com nossa mãe, não importava para nós quando sabíamos que em nossos corações Arthur sempre seria o nosso verdadeiro pai. Mas era difícil não pensar em quanto realmente parecíamos com o Rei. A mesma pele, um pouco escura, e o mesmo cabelo castanho claro de Leon — enquanto o meu era um pouco mais escuro —, mas Arthur também tinha essa aparência, então não dava para desconfiar que ele não era nosso pai. Nossos olhos verdes eram de nossa mãe, e eu puxará sua altura, sempre me sentindo baixa perto dos homens altos.

Era realmente inacreditável. Nem sabia como contar isso para Makenna, já que tinha que contar, assim como a descoberta do meu poder. Estava na hora de acabar com os segredos.

— Até que enfim! Estava te esperando! — Lorine estava parada na entrada do castelo enquanto eu descia da carruagem e me aproximava. — Achei que não voltaria mais hoje.

— Achou errado. — eu disse ao parar na sua frente e, com certo nervosismo, toquei no pingente do colar que tinha ganhado de Lorde Alik. Era tão bonito que, mesmo descobrindo que o homem era tão horrível, não conseguia tirar. — Pensei e concordo que está certa sobre ser sincera com Henrik e com a Rainha.

Quanto mais eu penso nisso, mas tenho a certeza. Não tem mais nenhuma outra alternativa. Não podemos ser as heroínas aqui.

— Então concorda em falar com eles? — Lorine perguntou, um pouco impressionada.

Ah, ela achou que eu iria recusar. Aposto que ela já estava planejando em ir falar com eles sozinha.

— Sim — balanço a cabeça. — é a única coisa que podemos fazer.

— Ótimo. — Lorine parecia animada ao falar. — Porque já marquei uma reunião com eles que começa em vinte minutos!

Eu não falei????

— O que?! — exclamei, assustada, apavorada. Maluca! — Mas já?! Nem pensei ainda no que falar! E nem me preparei!

Maluca. Maluca! Nem me deu mais tempo!

— Seremos sincera, isso não precisa de preparação. — a lady bufou revirando os olhos. — Vamos, no caminho a gente "se prepara", se você está tão assustada.

E ela não estava? Eu ficava impressionada com Lorine a cada dia mais. Conhecendo-a melhor, via que ela não era tão ruim quando deixava que as pessoas se aproximem. Ainda não sabia como ela tinha ido parar no castelo e o porquê quando tinha uma vida tão maravilhosa em Likajhi, mas devia ser pela amizade com Henrik. Devia ser um favor ou algo assim.

A Veracidade das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora