O Salvador Misterioso

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Um longo suspiro, seguido de um baixar de ombros desanimado. A figura refletida no espelho não se parecia em nada com ela mesma.

Sabia que era bonita. Mais do que bonita, na verdade. Fora agraciada pelo dom divino da beleza. Seus longos cabelos róseos eram levemente ondulados, exalavam um cheiro agradabilíssimo.

A pele era brilhante, e suas bochechas eram enfeitadas por um leve tom rosado, que lhe dava um ar de vida e saúde.

Os olhos verdes eram grandes e faiscavam suas emoções, adornados pelos longos cílios, que eram curvados e abundantes, de um modo que transpassava a mais pura perfeição. A boca era pequena, de lábios cheios e avermelhados naturalmente, e o formato era delicado, sendo a parte de baixo delicadamente mais proeminente que a de cima.

O corpo era curvilíneo, alongado, magro e de uma postura perfeita. A carne firme era jovial, no auge de seus vinte anos. Dedos finos de unhas longas, quadril perfeitamente posto, glúteos redondos e crescidos na medida exata para a perdição, seios medianos e firmes, sempre exaltados por decotes generosos porém respeitosos, de bicos rosados e perfeitos.

Sakura era uma linda elfa. Um ser de luz, uma elfa rodeada de energias positivas e alegria plena.

Suas vestimentas sempre remetiam a um ser angelical. Seus longos vestidos, sempre com cores claras e tecidos esvoaçantes, tinham uma cintura marcada e um corte que valorizava o corpo sem profana-lo. Frente única, um decote até o fim do osso central do peitoral, uma cinta de pedras preciosas marcando a cintura e uma saia longa, as vezes com um corte e as vezes não, que corriam livres sobre as pernas e balançavam conforme os passos, que desde sempre eram felinos e delicados.

Apesar de toda essa beleza, graça e perfeição, Sakura não era muito bem aceita por suas irmãs. Morava desde sempre na casa de Mebuki Haruno, uma mulher bondosa que a havia acolhido, e deixado claro desde sempre que ela era adotada e não pertencia àquela família. Pelo menos não no sangue.

Mebuki havia sido casada com Kizashi, que morrera há alguns anos atrás. Dessa relação, surgiram três filhas: Ino, a mais velha, Tenten, a do meio, e Hinata, a caçula. Eram três moças adoráveis, lindas, e como Sakura, também eram elfas de luz, herdando todo o poder do pai e a graça da mãe.

Como todos os elfos, Ino, Tenten e Hinata possuíam belíssimas asas. Membros do corpo cheios de luz e magia, capazes de encantar o mais exilado dos seres.

E esse era um dos piores problemas da vida de Sakura. Ela nunca havia conseguido invocar suas asas.

Desde pequena vivia treinando exaustivamente. Via, frustrada, suas irmãs voarem pelos céus, com a facilidade de um choro, porém ela jamais havia conseguido. Suas asas pareciam simplesmente não existir.

E que elfo não possuía asas?

Sua mãe a tranquilizava, dizendo que nem todos eram iguais e que um dia ela descobriria sua própria particularidade. Mas isso nunca aconteceu.

Com o tempo, as irmãs e a mãe começaram a desprezá-las. Agora não a viam mais como um membro da família, mas sim como um peso morto, que apenas ocupava lugar e dava despesas.

Sakura estava triste, inconsolável. Havia completado vinte anos no dia anterior, data onde ela oficialmente tornara-se adulta para os elfos, e isso só havia piorado sua situação.

E era por este sentimento negativo de rejeição que não se reconhecia no espelho. Estava se preparando para passar o dia, e apesar de toda a beleza continuar ali, seus olhos já não brilhavam mais. Tinha perdido as esperanças de, um dia, ser alguém normal.

Suspirou mais uma vez. Deveria ser o décimo nos últimos dois minutos. Já sentia seu cérebro leve por conta da grande quantidade de oxigênio, e por isso resolveu parar. Foi até seu baú, no canto do quarto, e ali procurou o que queria. Suas sandálias douradas, seu cinto da mesma cor e seus braceletes que terminavam o conjunto. Ao terminar, prendeu a metade de cima de seus cabelos numa trança elaborada enfeitada com uma fita dourada, deixando o restante solto.

Wings of Love (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora