Te Quero | simbar

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Âmbar narrando

Saio da casa de Simon rápido, não conseguiria ficar um segundo lá. Eu deveria ter contado a ele sobre Benício, mas, porra, não é fácil dizer nada daquilo. É uma coisa muito íntima, eu não me orgulho de confessar tudo aquilo. Já esperava julgamentos, mas não entendo. Ele me obriga, como pode ser difícil entender isso?

Vou andando até o ponto de ônibus.

– Você não estava com o seu namoradinho? – Benício me pergunta, chegando perto.

– Estava, a cinco minutos atrás. – Falei cruzando os braços, não suportava mais nem o cheiro desse cara.

– Então vem pra minha casa. – Ele diz e me puxa pelo braço, então avisto seu carro.

– Não. – Falei e puxei meu braço de volta.

– Não?

– Não! - Eu falo e ele suspira de raiva, passando a língua pelo lábio inferior.

– Resolveu bancar a rebelde agora?

– Resolvi que não vou mais ficar vivendo essa merda toda.

– Você sabe oque eu sou capaz de fazer, não me teste.

– Não estou te testando. Tô te avisando que eu não sou mais sua propriedade.

– As coisas não funcionam assim Âmbar, e você está cansada de saber. Quem dá as regras aqui sou eu. Você não tem vontade própria.

– Tenho, e vou te mostrar todas elas, mas o que importa não são as minhas vontades, e sim oque eu não quero. – Eu falo e ele me olha com ódio. – Eu vou dizer uma vez só: eu não fui, não sou, e nunca serei sua. Eu nunca vou ser de ninguém porra, eu já sou minha.

– Tem certeza do que está fazendo? Vou transformar a sua vida em um inferno.

– Maravilha, eu adoro fogo.

– Por que está tão rebelde hoje? Brigou com o namorado? – Ele me pergunta.

– Não é da sua conta.

– Você sabe que é, para com essa frescura. – Ele diz e pega nos meus braços com força.

– Você é doente.

– Eu não sou doente, eu amo você.

– Você nem sabe do que ta falando. – Falo e rio irônica. – Acho difícil você amar alguém, mas acho mais difícil ainda alguém amar você. Eu nunca te amei, você só me obriga a ficar com você porque tem medo de ficar sozinho. – Ele aperta o meu braço e eu sinto arder.

– Você ta estragando tudo.

– Eu? Benício qual a parte do "eu nunca te amei" você não entendeu?

– Ta mentindo. – Ele diz e vem pra cima de mim, querendo me beijar.

– Só pode estar brincando! Não entendeu ainda porra? EU NÃO QUERO VOCÊ! – Gritei e quando ele encostou os lábios nos meus eu me afastei brutalmente e cuspi em sua cara.

Vejo ele fechar os olhos e a mão.

– Okay Âmbar, se é assim que você deseja.

– Ótimo.

Saio dali e resolvo ir andando, nenhum lugar dessa cidade é habitável.

Ando na calçada contando cada passo. Minha cabeça está explodindo. Respiro fundo.

Ouço um barulho de um carro vindo em minha direção, com alta velocidade. Olho para trás, e de repente sinto a pancada. Quando me dou conta, estou caída, cuspo um pouco de sangue e sinto minhas vistas escurecerem. Antes, vejo o carro dar a volta e sair. Não conseguindo mais respirar, eu fecho os olhos, cansada.