Madrugada de julho, tempo de inverno
às vezes se percebe a garoa lá fora
outras vezes se ouve o vento
e tem dia em que se percebe a garoa aqui dentro...
e aqui dentro de casa ora há o cheiro dos cafés
ora há poemas também
poemas soturnos e de vez em quando úmidos...
-- bem disse que se percebeu a garoa aqui dentro!
Toda a gente acolhe a juventude inconsciente
Embora, creio que esteja tudo bem e calmo, apesar do vento e da noite escura
E vejo que me servem de café
e servem a juventude de cianureto;
vejo cobertores, vejo afagos e acalentos
sempre vejo poemas e estou vendo meus antigos devaneios ganhando força e forma
eu gostaria de pertencer a sociedade dos poetas mortos
a noite continua escura e fria
meus escritos continuam cheirando a café
e ainda estão úmidos
ademais, mesmo com as luzes a brilhar
sinto medo do escuro da noite, do escuro do meu peito
onde há garoa
e mais outros sentimentos fermentados à toa
que eu não ousaria compreender. Não esta noite.
