A Terra Dos Esquecidos

12ª Capítulo.

Depois do café da manhã fomos para a sala de estar e sentamos no sofá,Jessie havia me pedido para fechar os olhos e lembrar de algo feliz sobre minha vida,a princípio achei a ideia bem idiota,mas fazer isso já era caminho andado.

OK...foi bom lembrar do meu pai me ensinando a andar de bicicleta quando eu era criança e da minha mãe me contando histórias antes de dormir,eu sempre ouvia ela cantarolar uma canção de ninar. Nesse momento,ainda estando de olhos fechados,sinto como se algo estivesse puxando meu corpo para cima...

— Então Kevin?. — Jessie chama minha atenção — Como está se sentido?.

— Até que é legal,me sinto mais leve e...

De repente uma sensação faz meu corpo cair de forma brusca,com o susto abro os olhos...

— O que houve?.

— Eu não sei bem. — Respondo — Senti meu corpo sendo puxado e logo depois caio novamente,isso era para acontecer?.

— Não,era pra você conseguir senti seu corpo no mundo real. — A hippie me encara — Tenta de novo.

Faço o que ela pede mas continua a mesma coisa.

— Nada. — Suspiro.

— Tem certeza? você não tá sentido leves arrepios? não sente um formigamento?

— Acho que não sou bom nessas coisas Jessie.

— Eu não entendo,isso deveria funcionar,sempre deu certo. Lembrar de coisas boas faz o espírito se reconectar de volta ao corpo em coma,quanto maior for essa ligação mais chances você tem de acordar no mundo real... — Jessie começa a pensar,ela está tensa e parece bastante preocupada.

Mesmo assim eu ainda continuo tentando,não iria desistir tão facilmente. De olhos fechados começo a lembrar de coisas que achava ter esquecido...como na vez em que eu estava brincando sozinho na gangorra do parquinho da escola,da vez em que ninguém me escolheu para fazer dupla no trabalho que o professor pediu.

...continuei indo em frente...

...

Eu não sei o que aconteceu,estou em pé olhando para o chão,tenho medo do que possa vir pela frente. Levanto a cabeça devagar,é um quarto de hospital,não há ninguém além de um garoto deitado na cama...sou eu...aquele garoto deitado na cama do hospital sou eu.

Me aproximo até ter a certeza,quando tento encostar em uma de suas pernas minha mão atravessa o corpo.

— Kevin... — Ouço a voz da minha mãe.

— Mãe. — Olho para trás.

Corro para abraça-la mas ela passa por mim me ignorando completamente...

— Oi querido. — Ela vai em direção ao "eu" deitado na cama.

Logo em seguida meu pai aparece...

— Como o Kevin está?. — Ele pergunta.

— Do mesmo jeito,os batimentos estão fracos. — Ela responde com o olhar triste. — Eu tenho muito medo se...

Seus olhos se enchem de lágrimas,rapidamente meu pai vai acalma-la com um forte abraço. Normalmente estão discutindo sobre o trabalho ou no celular,mas agora parecem finalmente unidos como a muito tempo eu não os via.

— Mãe,pai...eu estou aqui,olhem para mim. — Imploro com uma lágrima escorrendo em meu rosto

Ele,o Kevin deitado na cama,estava mais pálido que o normal e um pouco magro...mas estou aqui olhando para mim mesmo,como isso é possível?.

Saio correndo dali o mais rápido que pude. Nos corredores do hospital eu procurava um jeito de sair,inesperadamente esbarro em alguém.

— Volte agora. — Ordena um garoto.

Eu não conseguia ver bem seu rosto,era apenas uma imagem escura e sombria,mas pelo seu tamanho ele devia ser bem mais novo do que eu.

— Você pode me ver?...espera...quem é você? — Pergunto.

— Claro,sou do mesmo lugar que você. — Responde ele — Bom,eu não sei o que eu sou ou de onde vim,apenas gosto de visitar o mundo dos humanos...isso faz diferença para você?.

— Eu não sei. — Suspiro — Minha cabeça está doendo,é muita coisa acontecendo.

— Isso é o mundo,há muitas coisas acontecendo,por isso você só tem que saber da sua história... — O garoto parece entediado mas sorri no final — O que importa agora é que eu não posso deixar você sair daqui...a propósito,meu nome é Igor.

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(Continua No Próximo Capítulo)