7ª Capítulo.

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Os muros nos protegia do perigo da noite,mas mesmo assim o barulho agonizante que as criaturas faziam ainda dava um ar de insegurança. A luz do ambiente se concentrava apenas na fogueira improvisada que Carl havia feito com galhos que ele tinha encontrado por ai.

Sopa enlatada era o nosso único jantar disponível,embora não fosse fã desse tipo de comida eu jamais poderia reclamar.

— Eu sinto como se estivéssemos em "The Walking Dead". — Dou um meio sorriso.

— O que é isso?. — Carl pergunta.

— É uma série de zombies que eu costumava acompanhar,mas parei de assistir na 4ª temporada. — Respondo.

— Por qual motivo?.

— Eu não sei.

— Bom,eu nunca vi,mas posso garantir que zombies são mais fáceis de lidar do que as criaturas que temos aqui. — Ele sorri — E você? como se sente agora?.

— A febre baixou e minha cabeça já não dói mais.

Nesse momento em meio aos sons que as criaturas faziam lá fora um choro masculino é escutado,logo em seguida uma risada de dar calafrio.

— Toda noite é assim,criaturas de diferentes formas saem de seus esconderijos e passam a vagar por ai soltando variados tipos de barulhos. — Carl encara o vazio — Talvez façam isso como uma forma de punição,não sei,acho que estou falando um monte de idiotice...tudo sobre esse lugar é tão esquisito.

— Carl,como chegou aqui?...sei que já fiz essa pergunta antes mas você não me contou,quero ouvir sua história.

— Na verdade você só está curioso para saber. — Ele sorri — É...vai ser bom desabafar um pouco.

Carl respira fundo e de alguma forma tenta encontrar forças para falar.

— Quando minha esposa e eu completamos dois anos de casado nos mudando para uma casinha bacana em um bairro legal. Vivemos dias bons e dias ruins como todo casal... — Ele para de falar. Percebo sua expressão triste — Em uma noite enquanto a gente jantava ouvimos um barulho forte na porta da frente,de repente alguns homens armados tinham invadido. Assaltar a casa não era o suficiente para eles...com uma arma apontada para minha cabeça tive que assistir minha mulher sendo estrupada...

Ele se mantém firme,mas vejo o ódio se formar em seu olhar...

— Não aguentando ver aquilo tento reagir...um movimento idiota que tirou minha vida...vê...agora estou aqui,não sei o que aconteceu e nem se minha esposa de alguma forma está bem. É por isso que deixei de acreditar na vida,nas pessoas e principalmente em Deus...

— Sinto muito que isso tenha acontecido Carl,de verdade,mas não acho que...

— Para por favor,eu não preciso ouvir sermão sobre a "divindade" e suas coisas maravilhosas. — Ele me interrompe.

— Me desculpe. — Abaixo a cabeça.

— Você tem sorte de não poder lembrar de como chegou aqui...se um dia talvez descobrir promete ser forte e não agir como um adolescente problemático como esses que ficam reclamando da vida por ai?. — Ele pergunta.

— Eu não me acho problemático. — Cruzo os braços — Mas sim,eu prometo.

— Uma boa noite será suficiente para nós,hoje foi um dia cheio e a manhã temos um longo caminho para percorrer. Dormir no chão não é nada confortável...aqui,pode ficar com isso. — Ele me entrega um cobertor e sua mochila para provavelmente usar como travesseiro.

— Obrigado Carl.

— Boa noite Kevin.

— Boa noite. — Repondo.

...

No meio da noite um sonho...

Tudo que eu via era apenas escuridão,em meio a isso ouço a vozes conhecidas dos meus pais,mas pareciam distantes,eu não conseguia ouvi-los bem. Ouço também minha mãe cantarolar uma canção de ninar enquanto sinto meus cabelos sendo acariciados.

— Acorde... — Meu pai sussurra.

Ao fundo um barulho,não sei explicar bem o que era,parecia com o som daquelas máquinas de hospitais.

Eu ainda estou aqui...ainda posso ouvi-los...não desistam de mim.

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(Continua No Próximo Capítulo)

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