21ª Capítulo.

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Eu me sentia estranho,não falo dos hormônios a flor da pele ou dos típicos traços da adolescência...era como se eu não estivesse em contato comigo mesmo,o vazio,nunca senti algo tão intenso. Carl e Igor conversavam,estavam se dando bem falando sobre paradoxos e coisas do tipo,algo que realmente não me interessava.

Eu não queria contar sobre meu mal estar,mas cedo ou tarde vão me perguntar o motivo de ainda permanecer aqui. Quando chegar em minha casa vou ter forças suficientes para seguir meu caminho.

— Está tão calado. — Carl comenta.

— Repondo energias. — Sorrio.

— Como se sente?. — Igor pergunta.

Eu não entedia a razão de sempre me perguntarem isso,não é por preocupação ou por curiosidade...é simplesmente uma pergunta. Eles sabem de alguma coisa?...bom,minha única preocupação é em voltar para casa.

Antes que eu pudesse dar uma resposta qualquer Igor corre para a janela do estabelecimento e olha maravilhado para fora.

— Ela vem vindo. — Ele se agita.

— Quem?. — Pergunto.

— A chuva. Em ocasiões raras chove por aqui,a chuva dura a noite inteira ou o dia inteiro...no caso da noite as criaturas não aparecem e os humanos podem aproveitar sem preocupações.

Vou até a janela e vejo nuvens carregadas...

— É a segunda vez que vejo chuva,a primeira eu ainda era um recém chegado... — Diz Carl também se aproximando da janela.

A chuva era a única capaz de acalmar as criaturas e deixa-las em seus cantos,os sobreviventes poderiam ficar em paz sem se preocupar com os perigos. A terra esquecida,onde o tempo não passa,as coisas não envelhecem e tudo permanece desconhecido...

...

As primeiras gotas foram caindo,dessa vez a criatura negra não apareceu para anunciar a chegada da noite,na verdade não havia nenhuma criatura ali. As gotas foram se intensificando até forma uma chuva forte...eu gostava quando ela vinha durante a noite.

Igor sai para fora e começa a brincar nas poças de água como se fosse uma criança,ele nos convida para participar mas apenas eu aceito,fazia muito tempo que não me divertia assim. Quando o clima começa a esfriar entro para dentro completamente molhado.

— Carl,você deveria ter participado. — Digo o encarando.

— Me contento em apenas observar. — Ele responde — Sabe,as vezes fico me perguntado da onde Igor veio,é uma criatura mas ao mesmo tempo é um humano.

— É...muito maluco isso... — Respondo.

— Você acha que pode voltar para casa?.

— Acho que sim...

A partir dai explico para Carl tudo,os sonhos estranhos,minha visita inusitada ao mundo real e a parte em que descubro como cheguei aqui...

— Sinto muito que tenha descobrido dessa forma. — Diz ele.

— Agora eu não tenho forças para voltar mesmo se quisesse.

Ficamos em silêncio apenas olhando pela janela o garoto de apenas um braço brincar na chuva.

— Eu não estou morto. — Carl encara o vazio — Ainda me vejo deitado naquela cama de hospital sustentado apenas por aparelhos. Só quero pedir desculpas por não ter te guiado des do começo,eu fiquei com medo de não poder ajudar e você acabar preso aqui.

— Tudo bem,eu não estou com raiva. — Mostro um sorriso — Mas se você ainda está em estado de coma quer dizer que pode voltar?.

— Aqui é o meu lugar...

— Mas e a sua família Carl?...você não acha que está sendo egoísta.

— Eu os amo muito,mas essa é minha vida Kevin,já me tiraram ela uma vez. Cansei de ver pessoas brigando entre si por motivos idiotas,cansei de ser manipulado por algo irreal,cansei dos problemas do mundo.

Des do início percebo que Carl não é do tipo determinado,conseguiram destruir totalmente sua força de vontade...mas ele está aqui e está em paz,assim como Jessie e todos aqueles que já foram esquecidos pelo grande...

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(Continua No Próximo Capítulo)

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