A Terra Dos Esquecidos

22ª Capítulo.

Eu era um espectador daquela triste cena,o desespero dos pais e dos médicos ao tentar salvar a vida do pobre garotinho,todos sabiam que ele não iria resistir. Era cheio de vida apesar de ser um pouco solitário,mas a solidão o atraia,ele aprendeu a conviver com ela...dessa vez não foi um final feliz.

...descanse em paz jovem Kevin...

É estranho saber disso agora,assim tão de repente,eu definitivamente não estava pronto para isso,nem houve um preparo. Queria ter lutado,mas infelizmente não pude resistir aos ferimentos da vida.

Aquele não era mais um sonho estranho,eu realmente estava ali enquanto meus pais choravam desesperados pelo Kevin...pela minha morte. Eu também chorava,nunca mais iria vê-los novamente,nunca mais iria abraçar cada um e dizer o quanto meu amor por eles é grande.

...era como se eu caísse em um limbo eterno...

De repente acordo e percebo que estou refugiado naquele restaurante junto com Carl e Igor. A noite chuvosa passou e agora está de dia,todos ainda dormiam,enquanto isso saio do estabelecimento para pegar um pouco de ar.

Não pode ter acabado assim,estou preso aqui para sempre até ser esquecido e se tornar apenas uma lembrança...não há nada que eu possa fazer.

— Kevin,o que faz aqui fora?. — Carl aparece de repente.

— ...

— Aconteceu alguma coisa?...seu rosto está pálido.

— ...

— Kevin?.

— Acorde o Igor,temos que continuar andando. — Respondo.

Eu não queria contar a verdade a ele,essa situação está tão confusa que não entendo mais nada,forçar a mente e usar o raciocínio era inútil.

...

A gente caminhava por aquela típica rua deserta,eu olhava para o chão talvez esperando que ele me mostrasse alguma resposta. Carl e Igor iam caminhando um pouco mais a frente de mim,eles conversavam,eu podia ouvi-los cochichando.

— O que há com ele?. — O garoto pergunta.

— Eu não sei,ele não quis me dizer.

— Isso me preocupa Carl,não é nada bom esconder nossas aflições,principalmente quando se trata desse lugar...qualquer mal estar é perigoso.

— Tenho certeza de que o Kevin está ouvindo nossa conversa e pode contar com a gente para qualquer coisa. — Carl olha para mim.

Nessa hora a gente estava passando em frente a escola que eu frequentava no mundo real,não há lembranças boas ou ruins,é apenas um lugar onde minha presença ou falta não fazia menor diferença. Lembro daquela árvore,todo dia na hora do recreio eu sentava ali,é dela que sentirei falta...

— O que vai fazer quando chegar em casa?. — Pergunta Igor — Foi uma boa ideia sua,lá você vai se sentir conectado com seu corpo.

— Mas afinal,o que te fez sair de casa?. — É a vez de Carl perguntar.

— Uma criatura. — Respondo — Eu tive que sair de lá por causa de uma criatura.

— Então temos que ter cuidado,talvez o monstro ainda esteja por lá.

Paro de andar,respiro fundo...

— Eu não pude resistir. — Suspiro — Tentei,tentei muito mesmo,mas nada...

Os dois também param de andar e olham para mim...

— O que quer dizer com isso?. — Carl me encara.

— Eu morri e agora estou preso aqui para sempre. — Respondo.

Eles ficam sem reação,esperavam conseguir me ajudar mas infelizmente não foi bem assim,a culpa é minha,desisti muito antes de vir para cá.

— Não...não fiquem tristes por mim,toda hora morre alguém então por qual motivo sentiriam pena só por ser eu?. — Sorrio de forma nervosa — Por favor,só quero ir para casa,nesse mundo ou no mundo real...não importa.

Começo a andar enquanto Carl e Igor permanecem em silêncio,eles estavam assustados com minha reação,talvez não esperassem algo parecido...

...todo mundo já sabia qual seria meu destino...

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(Continua No Próximo Capítulo)