MOONLIGHT

lua azul idiota

TRILHA SONORA: BELIEVER - IMAGINE DRAGONS

Depois de finalmente terminar um pote enorme de sorvete e conversar demais sobre coisas aleatórias, eu parecia finalmente ser capaz de lidar com a presença dele. Ele não era, afinal, a pior pessoa do mundo. Era só muito teimoso quando se tratava de me fazer falar sobre mim.

- Agora que você não me odeia - "lá vem", pensei - pode me dizer porque ele te deu aquele panda?

- Bruno...

- Não é uma pergunta difícil, aliás, não é nada que eu já não desconfiasse.

- Não rolava nada, se é o que queria saber - fui fria, não queria falar dele, não queria lembrar dele. Não quando Bruno estava perto.

- Como ele conseguia?

- Como ele conseguia o quê? - arquiei uma das sobrancelhas.

- Como ele conseguia olhar pra você e não sentir nada? - a pergunta dele não me machucou, mas me fez pensar.

Eu não era o tipo de garota que encantava por tudo e todos. Eu era mal humorada pelas manhãs, mal humorada quando estava com sono, mal humorada quando estava com fome, mal humorada na TPM. Eu era grossa sem querer na maioria das vezes. Eu não era o tipo de pessoa que simpatizava com qualquer pessoa. Onde aquele idiota pensava que estava se metendo?

- Ok, de qualquer forma, ele foi embora, e eu não quero pensar nele - eu falei. - Não que isso seja um sacrifício, é claro - disfarcei.

- Comigo aqui, você esquece qualquer pessoa - ele piscou e eu revirei os olhos.

- Você fala isso brincando, eu espero.

- Por quê? Você achava que era sério? - ele riu e eu me calei. Talvez eu achasse que era de verdade. E daí?

Voltamos o mais rápido possível para o condomínio, o Clube Teen estava para começar e não podíamos perder. Chegamos mais ou menos dez minutos depois do horário em que todos estavam acostumados a chegar, o que seria suspeito já que chegamos juntos. Decidi ignorar qualquer comentário, afinal, éramos amigos. Como ele mesmo disse, nenhuma das brincadeiras tinham mensagens subliminares.

Fomos direto para o salão principal, onde aconteceria o Clube Teen, já que, graças a Deus, Tina e Beatrice estavam cuidando das crianças naquele dia, e ninguém precisaria perguntar onde eu estava.

- Onde você estava? - "Ótimo", pensei. Ester fez a pergunta olhando curiosamente para Bruno, ao meu lado.

- Bruno e eu fomos... Dar uma volta - eu forcei um sorriso, um pouco sem graça.

Se eu mentisse para encobrir, seja lá quais fatos eu quisesse encobrir, ele perceberia que eu teria mentido, e isso acarretaria uma série de perguntas mais tarde. Eu preferi falar a verdade, porque a verdade não tinha nada de impressionante.

- Oi, Bia! - exclamou Pedro com um sorriso ardente. - Como está? - ele deu um beijo no meu rosto e eu franzi a testa.

- Eu estou bem - arquiei uma das sobrancelhas. - Aconteceu alguma coisa?

- Só vim te cumprimentar. Tia Ju mandou avisar que vamos ter uma dinâmica em duplas hoje. O que acha de ser minha dupla? - de relance pude ver Ester revirando os olhos e virando as costas para nós.

- Ah, tá, tudo bem, sem problemas - eu concordei com a cabeça, muito confusa pra pensar no que havia realmente respondido. - Eu vou ali e... Já volto. - Bruno ficou por ali conversando com Pedro, e eu me enfiei no banheiro, como sempre fazia quando não sabia o que fazer.