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TRILHA SONORA: READY FOR YA - DEMI LOVATO

- Ok, então se o rolê foi um desastre, a noite na casa da Ester foi pior ainda, é isso? - Mark perguntou, e eu dei de ombros.

- Não pra mim, pra Dani - eu refleti, e ele se abalou.

- Então, me conte, o que rolou entre você e o Bruno? - ele perguntou, mudando de assunto, se bem conheço a peça.

Mark e eu nos tornamos muito próximos, todos sabiam disso, e era ótimo desabafar com ele, mas além de desabafos, eu queria que ele desabafasse dessa vez, sobre a Dani. Digamos que eu estava sendo extremamente sutil até então, mas não duraria muito tempo. Estávamos na minha varanda, o dia estava frio, e, enquanto todos estavam ansiosos pelas notícias da eleição da Ester, Mark e eu conversávamos como meninas fofoqueiras da vizinhança.

- Todo mundo sabe o que rolou! Já faz uma semana! Mark, não muda de assunto, eu vou direto ao ponto! Faz uma semana que você e a Dani brigaram feio na porta da quadra e eu quero saber porquê, e não negue nada pra mim, porque eu já sei do beijo! - pronto. Rápida e objetiva.

Ele suspirou, coçou a nuca e bebericou o café que eu literalmente o obriguei a beber.

- Ok, eu não sei - Mark falou e suspirou novamente. - Talvez eu tenha exagerado na forma como falei com ela. Como você disse, faz uma semana, e eu já não estou mais com tanta raiva quanto eu estava.

- Mas ela está chateada com você - eu falei.

- Eu sei. Eu não sei o que fazer, porque eu também sinto falta de estar bem com ela, mas ela fez algo muito feio, Bia, ela contou pro Dudu sobre o beijo! - exclamou ele.

- Mark, eu sei, mas isso não é motivo. O Dudu sabe de tudo, ele ia descobrir alguma hora, ele sempre descobre! - eu disse e ele revirou os olhos, mas ele sabia que eu estava certa. - Eu sei que parece algo insignificante, mas certas coisas você nunca deveria ter pensado em falar, você machucou ela.

- Ela deixou bem claro que foi um erro ter beijado ela, então eu só deixei isso mais claro ainda, falei que nunca mais vou fazer - ele era realmente lerdo.

- Você não entende nada mesmo - eu neguei com a cabeça. - Mark, a Dani não está acostumada com isso, ok? Aliás, nenhum de nós está! Ela se machucou feio, e por um acaso foi você quem derrubou ela no chão. Ela rompeu uma parte importante do joelho, ela passou por uma cirurgia, ela faz fisioterapia toda semana, ela não pode mais fazer o que amava fazer! Tudo o que ela tem é o piano e um professor que apesar de todas as brigas, fazia com que ela se sentisse segura novamente. Ela pode não ter admitido, mas o beijo não foi a pior coisa que você poderia ter feito, e a reação a ele foi susto, confusão, e principalmente a confirmação que você precisava pra saber que está autorizado a fazer isso novamente, porque a Dani deixa sinais, ela nunca vai deixar as coisas claras. Você eu conheço bem, e eu sei que você é bem resolvido, então me responda uma única pergunta, e nada mais.

- Pode perguntar - ele respirou fundo.

- Por que beijou ela? - perguntei e seus ombros caíram em sinal de desistência.

- Eu... Não sei. Estávamos lá, e ela estava... Falando sem parar - ele sorriu com o próprio pensamento, isso já me respondia o que ele não ia responder. - Eu olhei pra ela, e... Como eu disse, estávamos lá. Rolou algo dentro de mim, eu não vou negar, eu só... Pensei que estava só pensando, e na verdade estava fazendo, e quando eu tinha visto já era tarde demais e eu, de certa forma, adorei fazer aquilo porque ela ficou muito nervosa e não é sempre que a gente vê algo assim, não é? - ele riu e eu também. Ele gostava dela. Um pouco, mas gostava.

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