pedras de gelo

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TRILHA SONORA: COLD AS STONE - KASKADE FEAT. CHARLOTTE LAWRENCE

Depois do lanche, voltei para casa. Era como se um caminhão tivesse passado por cima de mim. Eu queria contar à minha mãe sobre Bruno. Eu o faria no dia seguinte. Me joguei no sofá e, cinco minutos depois, a campainha tocou. "Ah não, fala sério!" - pensei. Respirei fundo. Meus irmãos provavelmente já estavam dormindo e minha mãe ainda estava com a Tia Ju no salão principal. Não ia ter jeito de evitar a fadiga, então lentamente, me levantei. A campainha tocou novamente e eu me estressei.

- Já vai! - gritei impaciente.

Abri a porta com certa raiva por me fazerem levantar. Meu coração começou a acelerar, meus olhos não acreditavam no que viam; minhas pernas, meus braços, tudo em mim se anestesiou. Foi como na primeira vez; foi ainda mais intenso do que na primeira vez.

- Meu Deus, eu nem acredito - ele abriu um sorriso largo e brilhante. Seus olhos brilhavam, intensos. Seus olhos pareciam mais claros do que na última vez que os vi.

- Lucas? - sibilei, pois a voz não teve força pra sair. Que ironia. Naquele dia tantas emoções tinham acontecido, e ultimamente tantas coisas ocupavam minha cabeça. Naquele momento eu percebi o quanto meu coração ardia com saudade de tê-lo por perto, e quantas coisas eu havia feito para que ele saísse da minha cabeça. De nada valiam agora.

- Não conta pra ninguém, Tiago e eu queríamos fazer uma surpresa, mas todos já haviam ido embora quando chegamos - ele falou. Parecia surreal.

- Sem problemas - forcei um sorriso.

Ele deu alguns passos em minha direção e, com cuidado, me puxou para um abraço. O cheiro dele era exatamente o mesmo. Ele percebeu a forma como eu fiquei, ele só não sabia tudo o que a ausência dele havia causado. Ele ainda não sabia tudo o que precisava saber.

- Desculpa aparecer assim, pensei que ia ficar feliz em me ver - ele falou em tom baixo.

- Não se preocupe com isso - respondi. - Que bom que voltou, mas... Muita coisa aconteceu, amanhã o pessoal vai te atualizar de tudo.

- Sim, tudo bem. Eu acho melhor eu ir pra casa. Meu pai vai passar uns dias aqui e eu vou ajudar ele com o quarto de hospedes.

- Ok - eu concordei. - Lucas, eu... Estou comprometida com... Uma pessoa. Eu resolvi contar agora porque... Não quero que saiba por outra pessoa.

- Como assim? Espera, você tá namorando? - os olhos dele se tornaram em pedras de gelo. Ele parecia não acreditar no que estava ouvindo.

- É, o amigo da Bea, lembra? Aquele que ela afalou que viria pra cá - falei. - Ele veio e... Bom, aconteceu. E eu... Estou feliz. Ele foi embora hoje, mas vai voltar pro meu aniversário, semana que vem.

- Que bom - ele engoliu seco. - Estou feliz por você - ele sorriu, como se não fosse nada. - Boa noite, Bia.

Ele saiu rapidamente. Eu tive que fazer aquilo, eu precisava defender o meu coração de possíveis ataques futuros.

NO DIA SEGUINTE

- Mãe? - chamei e ela me olhou. - Eu preciso falar com você. Ela estava sentada na mesa de jantar e, ao me aproximar, ela tirou os óculos que usava para ler a correspondência.

- Preciso falar sobre o Bruno, o amigo da Bea que foi embora ontem - falei, novamente sentindo o que senti quando vi ele indo embora.

- Aconteceu algo? - perguntou ela, com a testa franzida.

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