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TRILHA SONORA: CRYING IN THE CLUB - CAMILA CABELLO

- Pelo amor de Deus, isso não pode estar acontecendo - eu choraminguei com a cara encostada à porta e jogada no chão. - Meu pai vai sentir minha falta, minha mãe vai pensar que eu morri, eu vou levar uma baita bronca quando chegar em casa. Isso só pode ser uma pegadinha. Eu estou presa com o Pedro. Meu Deus, eu vou morrer. Jesus!

- Ester, para de reclamar - Pedro fala deitado no palco.

- Você fala isso porque você não tem ideia de como é conviver com você! - disparei, encarando-o com uma expressão desesperada.

- Essa frase não tem sentido nenhum!

- Pra você ver, já estou perdendo os neurônios em menos de dez minutos, EU PRECISO SAIR DAQUI! - gritei.

- Para de gritar, ok? Não vai adiantar. Mande alguma mensagem para alguém, porque eu não trouxe meu celular - ele falou. Eu revirei os olhos, mas realmente, era a única coisa que eu podia fazer.

Peguei meu celular e mandei mensagem para as meninas, para os meninos, para os meus pais, para a tia Ju. Para todos! Foi então que meu celular apagou do nada.

- Meu Deus! Acabou a bateria - falei e ele arregalou os olhos.

- Mas mandou mensagem para alguém pelo menos?

- Sim, eu consegui - falei e suspirei de tristeza, com dó da minha própria pessoa.

Cinco minutos se passaram, lentamente. Eles me torturaram como nunca o tempo havia me torturado. Pedro continuava deitado ao lado do piano, não muito longe de mim.

- Quando será a eleição?

- Que eleição? - perguntei.

- Do grêmio. A que você se candidatou.

- Ah, na última semana do mês, daqui a duas semanas - respondi, me lembrando do quanto eu estava ansiosa. Eu realmente gostaria de ser presidente da turma.

- Você vai ganhar, é uma ótima aluna - ele falou, encarando o teto.

Eu o observei. Ele estava diferente. O que ele havia conversado com Bia, fosse o que fosse, parecia ter ajudado ele de alguma forma.

- Está tudo bem? - perguntei.

- Mais ou menos - ele respondeu pensativo. - Eu conversei com a Bia hoje e deixei algumas coisas claras. Ela também deixou algumas coisas claras. Eu não sei até onde isso foi bom.

- Pedro, me desculpa pela forma como eu fui grossa outro dia - falei, um pouco sem graça. - Eu realmente não queria ter falado tudo aquilo. Bia e Lucas é uma ilusão, acho que nem ela consegue discernir o que sente agora. Isso não quer dizer que ela vai gostar de você, mas eu não devia ter falado daquela forma.

- Eu sei que eu estava agindo feito um idiota - ele falou. - Não se preocupe com isso, eu mereci - franzi a testa.

- Tem certeza de que está tudo bem? - perguntei.

- Ester, eu estou bem, eu só... Me sinto diferente. Eu sinto saudade de como éramos mais unidos antes, lembra? Antes das aulas começarem éramos mais próximos, não digo somente de nós dois, mas digo sobre todos! - ele falou e eu encarei minhas mãos. Ele tinha razão, mudamos muito.

- Eu sei, eu também sinto isso - falei. - Olha, se você precisar falar, eu estou aqui pra escutar. Eu posso não ter reagido bem antes, mas... Eu não vou fazer isso de novo. Você pode falar comigo quando quiser.

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