quem era na porta, Lucas?

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TRILHA SONORA: IF THIS IS LOVE - RUTH B.

Lucas e eu começamos a pegar todos os ingredientes pela cozinha e colocar em cima do balcão principal, o que foi realmente difícil. Ele se mantinha perto o bastante para sempre esbarrarmos um no outro, e parecia que ele fazia de propósito, porque estava se divertindo com as caretas que eu fazia.

Fizemos a massa enquanto conversávamos sobre tudo, e era como se o tempo não estivesse passando. Ele me contava como eram seus dias na escola nos Estados Unidos, e como fora difícil se adaptar a ficar sentado durante toda a aula. Me contava das festas que ele deixou de ir para jogar videogame com a desculpa de que tinha coisa melhor pra fazer. Ele me contou sobre tudo o que ele gostava, fazia, acreditava, defendia, todas as suas opiniões sobre os mais diferentes assuntos. E mais do que tudo isso, ele perguntava sobre mim.

Descobrimos que nós dois éramos apaixonados por Marvel, e eu já sabia que ele gostava de Percy Jackson, assim como eu, mas naquele dia ficou tudo mais claro e ele me falou dos seus personagens preferidos. Assim, eu pude entender que Lucas estava certo no que me dissera antes. Ele não precisava forçar para se sentir à vontade comigo. E automaticamente percebi que eu também não precisava forçar absolutamente nada quando estava com ele.

- A quanto tempo vocês não se veem? - ele perguntou.

- Desde que me mudei para cá, nos vimos pouquíssimas vezes - respondi. - Tipo, ela veio aqui uma ou duas vezes, e eu fui na casa dela uma ou duas vezes também. Mas é sempre muito rápido e sempre ficamos de novo com essa necessidade de remarcar. Mas Rebeca e eu somos muito pacientes. Quando vir aqui ou ir lá não dá certo, uma chamada de vídeo resolve.

- Você realmente conta tudo para ela, não é? - ele riu.

- Eu conto - falei. - Ela é como um diário ambulante, e ela também já contou sobre momentos extremamente embaraçosos. É importante ter alguém com o qual você pode se abrir em todos os momentos - refleti. - E é como se ter medo não tivesse problema, porque simplesmente basta caminhar como se eu nunca fosse estar sozinha. Ela me representa isso, e eu tenho absoluta certeza de que represento isso para ela também.

- É incrível mesmo - ele riu. - Não é sempre que encontramos amizades assim.

- Realmente - arregalei os olhos. - Tipo, você não faz ideia do quanto já passamos por maus bocados. Já ficamos sem nos falar, umas duas vezes, mas a amizade nunca acaba. E eu já descontei muito mau-humor em cima dela, mas ela sabe que é porque eu sei que ela nunca vai sair dali.

- E... Como vocês se conheceram?

- Nós estudamos juntas no último ano que passei na escola. Sim, eu sei, nos conhecemos a pouco tempo, mas parece que é uma eternidade e ao mesmo tempo parece que passou rápido demais. Parece que foi ontem que eu levava um copo de café com leite pra escola e dividíamos na hora da entrada - eu ri com a lembrança.

- E por que vocês se chamam de "Half"?

- Ah, é uma história engraçada - eu ri. - Nós sentávamos uma atrás da outra na sala, e uma vez começamos a cantar ao mesmo tempo o mesmo trecho da mesma música, e foi de repente, sem combinar nada! - exclamei, empolgada. - Essa música dizia "You, the other half of me, the half I'll never be, the half that drives me crazy. E foi daí que surgiu o apelido.

- Muito legal! E, a propósito, seu inglês é ótimo! - ele falou.

- Ah, sim - eu ri, sem graça. - É, eu tenho um pouco de costume com o inglês já desde pequena.

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