Explorandum et detegendum(explorar e descobrir)

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Morrisset pousou sua mão cuidadosamente sobre minha cabeça, acariciando, na tentativa de me acalmar os nervos.

Estava abalado e amedrontado.

Por que o tal ser teria implicado apenas comigo? Poderia querer expulsar qualquer um ali. Mas porquê logo eu? Não tinha feito nada de mal a ele. Seria por conta do meu atrevimento em ir àquela sala?

"Meu querido. Vou fazer um chá para você se acalmar, tudo bem?"

Assenti e esperei que saísse do quarto. Robert estava de pé, rente a entrada. Com suas roupas íntimas expostas e aquele cabelo vulgar desgrenhado.  Mesmo eu estando naquela situação embaraçosa, sua presença continuava sendo terrível perto de mim.

"Por que não trajou algo? Posso ver seu falo daqui." Falei enxugando os olhos. "Olhe só para você."

Robert olhou para as próprias partes e arregalou os olhos para acobertá-las.

"Pardon."

"Se Morrisset tivesse notado, teria jogado a querosene da lamparina aí. Então você nunca mais poderia usar isto… :Apontei em direção ao meio de suas pernas.

Eu nunca tive o mau hábito de ser alguém cruel. Mas falar aquelas coisas para ele estava afastando a sensação ruim que sentira aos poucos. Era egoísta e infantil.

"Isso não irá mais acontecer."

"É bom. Tome muito cuidado. Atentado ao pudor leva à forca." Tentei amedrontar ele. Acho que surtiu efeito.

"Vou me retirar." Deu-me as costas mas logo o interrompi.

"McCraken?" Arrastei as cobertas para o meu peito. Ele parou subitamente de andar e se voltou para mim. "Está com sono?"

"Para ser sincero… Depois de ouvir seus gritos e dos passos que ouvi, nunca mais vou conseguir domir direito dentro desta mansão."

"Pois bem. Depois que Morrisset me trouxer o chá, vamos procurar a planta desta casa. Acho que, como mencionou os passos, deve estar curioso em demasia para descobrir o passado rente essas paredes, ou estou errado?"

"Absolutamente correto."

Tentei parecer gentil. Daria uma trégua para ele. Ele não era de todo um estorvo.

No final das contas, estávamos eu e Robert num quase breu dentro do escritório do meu pai. Não era um cômodo diferente dos outros. Uma mesa fronte a janela, móveis de mogno, suponho que dos donos anteriores, cortinas verde-escuras, uma grande estante de livros que já não estavam mais empoeirados. Fiquei sabendo por alto que o único documento que meu pai recebera do tal parente distante dos Way fora a escritura, normalmente. Porém, o dado parente também informou que não era “preciso preocupação com a casa, pois a planta está no escritório”.

Como sei que meu pai não se preocupava muito com algumas coisas, por exemplo: eu, com certeza ele não havia guardado o documento.

Segurávamos lamparinas. Robert foi para a mesa vasculhar as gavetas e eu fui para a estante de livros. Havia coleções de vários tipos. A maioria era sobre minério de ferro, trens e obras de rua. Claro que eu não iria tirar livro por livro, abri-los e verificar se havia algum papel dentro.

Mas algo me chamava atenção. Haviam livros repetidos. Mas não haviam títulos, eram apenas de um vermelho desgasto com uma faixa branca no meio. Puxei o primeiro que vi. Analisei e realmente parecia um livro, mas quando abri, curioso pelo conteúdo que ele supostamente tinha, houve uma supresa.

"Robert."

Escutei a barulheira que ele fazia ao que procurava algo parar.

"O que houve, achou algo?"

Ghost In The Snow || Frerard ||Onde histórias criam vida. Descubra agora