Si nudetur(despir)

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Notas: vou postar os capítulos que já tenho pronto pelo fato de vcs merecerem. Hehe, espero que estejam gostando.

Me diga onde está o prazer em ficar horas em uma posição. Diga-me algo útil. Não me diga que os fins justificam os meios, pois não há nada de revigorante em ver sua própria imagem em um quadro.

Depois daquele dia na biblioteca secreta, nutri certa aversão por quadros de pessoas.
Não havia o hábito de sorrir. Apenas as pessoas ricas podiam ter um retrato seu emoldurado na parede e exatamente por causa disso tinha que demonstrar autoridade sobre as outras classes, se fazendo de sérios e autoritários. Não davam espaço para a simpatia.

O pintor disse que eu era adorável. Meus traços eram bonitos, mas que deixaria meus olhos para outro dia pois não tinha as cores necessárias para fazê-los de uma maneira real. O que restou foi apenas um retrato meu, sério, sem olhos.

Ficou horrendo.

A verdade era que eu estava sempre esperando o pior. Eu temia estar andando e ser empurrado escadaria abaixo; acordar e encontrar um empregado cruelmente morto pelo espírito e outras coisas que uma mente vazia e deprimida feito a minha poderia imaginar. Eu não sabia do que aquela criatura era capaz.

Sim, criatura, pois embora ele tivesse uma forma humana, eu não o enxergava como um humano ou um "ex-humano". Aquela coisa que se arrastou em direção à mim da cozinha, eu tenho plena certeza de que era ele. Mas eu não entendo porque ele teve aquela forma e igualmente não compreendo como ele voltou à sua forma de homem.

Mas mesmo tão intrigado com todas as coisas que me aconteciam, a melancolia permanecia. Assim como os acontecimentos daquela casa, eu também não a compreendia. Não importa o quanto eu achava graça das burrices de Robert, do jeito atrapalhado de Amelie e do modo protetor que Morrisset me tratava, quando chegava a noite e todos se recolhiam, eu terminava o meu dia encolhido na cama e chorando.

Eu nunca estava satisfeito e isso me deixava triste. É egoísmo da minha parte? Sentia que nunca chegaria à idade adulta; que não seria inteligente o suficiente para entrar em uma universidade renomada... Sentia que as pessoas não gostavam de mim...

Para ser sincero, queria ter partido com a minha mãe.

Entrei no meu quarto exausto, depois de um longo e pavoroso dia de "pintura ". Chorava com o silêncio da casa, num pranto triste e singelo, como se costume. Tirei os broches e algumas medalhas da época de escoteiro nos Estados Unidos. Tirei o casaco de forma cansada e entediada e o joguei na cama. Abri a faixa no abdómen, usávamos para dar um efeito robusto no traje em si. Ficava elegante. Depois fui desabotoando lentamente os botões da camisa. Quando eu estava no terceiro botão, senti uma coisa no meu ombro. Era semelhante à um arrepio. Arregalei os olhos, diminuindo ainda mais a velocidade na qual estava me despindo. Aquele frio característico tomou meu quarto e meu estômago começou a revirar o jantar lá dentro. O resultado de tanto nervosismo não seria bom.

Me virei subitamente, achando que o veria. O seu mistério me atraía e de certa maneira, pensava várias vezes por dia em vê-lo. Apenas para ver quem ele era realmente.

Mas nada havia atrás de mim. Apenas a cômoda e o espelho logo acima. O meu reflexo assustado denotando o tamanho da perplexidade da situação.

De repente eu desejei ouvir os passos no corredor; desejei ouvir a porta sendo aberta "sozinha"; ouvir o sinal de que ele estava ali:

plim plim.

Fiquei parado esperando tudo isso acontecer.

Mas mais uma vez, nada houve.

Decidi ignorar.

Voltei a me despir, desta vez sendo mais rápido com a camisa. Abri o botão da calça e a baixei delicadamente. Caminhei despreocupado pelo quarto apenas de ceroulas, abri o armário e puxei mais um cobertor e a camisola. Geralmente eram os empregados que colocavam os lençóis extras na cama e nos vestia. Mas eu tinha deixado claro para todos que não era necessário; que achava toda esse sistema inútil.

Mas antes que eu voltasse a me vestir senti uma estranha sensação de estar sendo observado. Descaradamente observado. Olhei para cada centímetro do meu quarto e não havia ninguém.

Mas havia uma presença e ela estava de olho em mim. E bem, eu estava nu. E o que quer que fosse que estivesse me encarando, era muito imoral.

Voltei a tremer. Mas consegui me vestir. Logo que o terminei a sensação foi estranhamente embora.

Ghost In The Snow || Frerard ||Onde histórias criam vida. Descubra agora