Tudo aconteceu muito rapidamente. Durou mais de uma semana.
Foi na noite em que tinha ido no cemitério daquela família. Começou ali.
Passei a ver coisas. Não especificamente coisas. Pessoas.
Eu não estava conseguindo dormir por algum motivo. Fiquei andando e andando pelo quarto e então me encostei na janela. Fechei os olhos, fatigado e quando os abri vi três pessoas vestidas de empregados, parados no meio da nevasca que caía violenta do lado de fora. Soltei um suspiro assustado e cambaleei até bater no baú que ficava colado à minha cama. Sentei sem querer sobre ele. O coração palpitando, a pele arrepiada.
Fiquei debaixo dos cobertores até os ares clarearem.
Então vieram os pesadelos. Pessoas se arrastando com correntes, chicotes. Uma arma apontada em minha direção e empregados cochichando uns nos ouvidos dos outros. Sangue, ele chorando. E por fim sua mãe ao invés de envolta em luz, envolta em fogo e mãos negras a arrastando para o inferno.
Outra vez, eu estava comendo. Sozinho. Então eu vi a barra de um vestido de empregada esvoaçando para a direita, no final do corredor. Mas as empregadas haviam folgado. Morrisset apenas ficou até a hora de me servir o almoço e foi até a cidade comprar tubérculos. Tentei me manter calmo. Mas lembrando dos rostos daqueles três empregados parados no meio da neve, não eram faces nem um pouco acolhedoras ou gentis, permiti-me ter um acesso de descontrole. Sei que era cruel, mas tardaria a dar folga novamente aos empregados. Não ficaria sozinho ali por nenhum dinheiro do mundo.
Então eu tive um sonho três dias depois. Ele se apresentou como Michael. Era magricelo e frívolo. Disse que não enxergava muito bem, que pena. Disse que não podia aparecer para mim pois não tinha forças para tal. Mas disse também que estava preso àquela colina e pediu para que eu rezasse por sua alma, pois todos os dias ele vivia o momento de sua morte. Perguntei sobre sua família, Michael se entristeceu e me fez acordar.
Antes mesmo do dia clarear por completo, desci até o cemitério. Rezei por ele, assim como havia pedido.
Mas os malditos empregados fantasmas não paravam de me atormentar. Até na hora da higiene.
Eu fiquei esperando o fantasma aparecer. Sua única e última evidência de aparição foi o diferenciado assobio vindo da floresta. Sua presença, ou melhor, sua manifestação de presença, estranhamente me reconfortava.
Mas foi quando, sentado no batente da porta de entrada, enquanto Robert fazia ridículas estrelinhas naquele frio de rachar os ossos, que eu percebi. Os homens de meu pai, que faziam o trabalho pesado, tiravam com pás muito pesadas a neve que atrapalhava a circulação de todos por frente da mansão. E eu via, eu juro que eu via, outras pessoas ao seu lado. Pessoas desconhecidas. Eram seus protetores, ou comumente chamados de anjos da guarda. Soube disso quando um deles quase escorregou e um Desconhecido, eles eram altos, usavam preto e eu não sabia distinguir se era homem ou mulher, estendeu a mão e impediu que ele caísse e se machucasse terrivelmente.
Eu estava expandindo, assim como minha mãe disse que aconteceria. Mas eu não sei se teria controle sobre isto. O fato de estar vendo constantemente o sobrenatural me causava arrepios. Mas a única coisa que eu queria ver dentro daquele descontrole e solidão era ele.
Eu sentia sua falta. Sentia falta do medo que ele me causava e do enigma de suas manifestações.
Mas nosso encontro estava mais que perto.
Notas: próximo capítulo vai ser lindo, obrigada.
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Amo vcs de novoNota2024: miojo de tomate e uma passiflora pra esquecer os problemas kkkkk
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Ghost In The Snow || Frerard ||
FanfictionAnteriormente, havia a presença de um fantasma e um jovem. Atualmente, presenciamos a relação entre um professor e seu aluno. No passado, existia um sentimento amoroso que parecia inalcançável. Agora, deparamo-nos com um amor que é considerado proib...