Não sei ao certo quando me colocaram para dentro da mansão. Alfred estava apavorado e Amelie junto a Morriset colocavam compressas de água morna na minha testa.
Eu estava assustado e desnorteado. Não sabia se tinha desmaiado ou tido um ataque de pânico no meio da plantação de macieiras. Só sei que sofri um apagão e que acordei no meu quarto, sendo paparicado e bajulado por quase todos os empregados da casa. Uns ficavam perto da cama, outros na porta acompanhando o meu estranho acordar.
"Mousieur Anthony." Alfred chamou.
"Olá, Alfred." Respondi calmo e rouco. "O que aconteceu?"
"O senhor caiu no meio da neve... Desmaiou. Talvez pelo frio."
Então as vagas cenas do acontecido tomaram minha frágil mente. A aparição, aquela criatura sombria que foi tomando forma gradativamente e sugando todas as minhas forças...
Tentava entender o que tinha acontecido, a razão de eu ter caído daquela maneira.
Uma movimentação estranha se formava no corredor. Os murmúrios dos empregados cessaram, indicando que o dono da casa estava passando. Um frio na espinha, muito pior do que o frio que O Fantasma Na Neve, apelidei-o carinhosamente assim, provocou. Era melhor ter medo das coisas sólidas e vivas do que coisas de existência duvidosa.
Os serviçais foram se dispersando, enquanto Alfred tirava cautelosamente as toalhas da minha testa e bochechas e colocava de volta na bacia de prata que estava sobre a mesinha ao lado do meu leito.
"O que você inventou desta vez Frank?" Meu pai falou em alto e bom som.
Amelie quase derrubou a outra bacia de prata ao que ouviu a voz estridente e autoritária dele. Com certeza ela tinha uma bela e vasta coleção de pavores por ele. Agora, será que todo aquele susto e pânico se davam apenas pela constrangedora situação do café da manhã?
"Eu... Fui passear lá fora e o frio me derrubou."
"Não fale coloquialmente. Sua oratória parece com a de um empregado." Olhou para Amelie.
Alfred o encarou alguns instantes e depois desviou o olhar. Ele era velho e tinha bolsas nos olhos e pouco cabelo. Era feioso, mas terrivelmente adorável.
"Fui passear e tomar alguns ares e fui acometido de hipotermia." Corrigi entediado, olhando a janela. Sua presença consumia.
Ele me fitou satisfeito.
"Melhor assim. Recebi um telegrama e sua coruja chega daqui a três dias. Seja responsável com ela. Pelo menos isso."
"Tudo bem."
"Podem sair, por favor." Ordenou.
Alfred, Amelie e Morriset, que já estava perto da porta, sairam.
Ele se aproximou da minha cama e colocou a mão direita em seu bolso. Ele estava usando um terno de corte fino cor marrom , sua cor preferida e certo pânico começou a circular pelo meu corpo. Meu pai nunca fora um homem violento, mas seus castigos valiam muito mais que uma surra com cipó.
Tirou a chave da minha luva.
Um alívio me dominou. Fiquei feliz por poder ter as mãos livres.
Ele sentou ao meu lado e começou a abrir os pequeninos cadeados. Eu evitei ao máximo olhá-lo, algo que sempre fazia. Era intimidador demais fazê-lo.
"Marguerite vai trazer sua bacia para a limpeza de suas mãos. Vou ficar fora por uns dias e você irá ficar sob tutela de Robert McCraken. Não faça besteiras, e Frank." Falou daquele jeito mau para que eu o olhasse. "Não tire as luvas e não conte a ninguém sobre seu defeito, escutou bem?"
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Ghost In The Snow || Frerard ||
FanfictionAnteriormente, havia a presença de um fantasma e um jovem. Atualmente, presenciamos a relação entre um professor e seu aluno. No passado, existia um sentimento amoroso que parecia inalcançável. Agora, deparamo-nos com um amor que é considerado proib...