Principium (Prólogo)

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Notas: hi pessoalll, como vcs estão? Então, lá vou eu com mais uma história. Sempre quis fazer uma frerard q tratasse desse assunto. Sempre. E sempre fui muito interessada por essa coisa da reencarnação, dos carmas e dos objetivos das pessoas na vida. Ghost in the snow vai ser diferente de tudo que eu já escrevi, terá duas fases. Uma no século 19 e outra no século 21. Frank tem um dom especial aqui, nas duas fases na verdade. Não vou me alongar muito nos caps dessa primeira fase. Acho q essa primeira fase é a mais gostosa de se escrever, então, eu realmente espero que gostem 💓

1897

Longe dos olhos curiosos, busquei fazer um passeio no jardim do cemitério. Este por sua vez, era considerado um dos melhores e mais caros da cidade.

Ao longo da paisagem fúnebre e paradoxalmente de aspecto semelhante a uma floresta, túmulos se dividiam dentre jarros de lírios e orquídeas, exalando um aroma que remexia tantos sentimentos dentro de meu ser. A grama verde, que logo seria tomada por uma neve aveludada e gelada, cobria a terra maculada pelos coveiros, fazendo com que toda aquela atmosfera se tornasse ainda mais triste.

Ao fundo de toda aquela paisagem, havia uma floresta de pinheiros, onde a escuridão vista ao longe, parecia ser palpável, mas atrativa. E ao mesmo tempo em que eu queria explorá-la, algo em minha consciência dizia para que não o fizesse.

Eu já estava fraco demais com tudo, se fosse lá explorá-la, perderia os resquícios de energia que ainda me restavam.

Passeei dentre os túmulos, ignorando o frio da madrugada e me controlando para não tirar as luvas e tocar as fotografias dos mausoléus. De vez em quando eu olhava para minhas mãos, indeciso, tentando manter meus pensamentos em ordem, como em toda vez que a possibilidade de tirar as luvas me vinha à cabeça.

Era tentador, mas perigoso, e consumia muito minhas energias.

Mas eu lembrei que, atrás de mim, havia uma cerimônia quase tão triste quanto os meus sentimentos, e que eu precisava sentir algo bom, algo que me fizesse esquecer daquilo por pelo menos alguns segundos.

Encontrei-me em um andar mecânico, onde eu já não tinha controle de minhas pernas. Eu estava indo em direção a floresta de pinheiros, vez ou outra me certificando de que ninguém me seguia.

Calmamente, retirei a primeira luva, na minha mão direita. Andei, para me aprofundar mais dentro da floresta, e toquei as folhas de um pinheiro. Fechei os olhos e me concentrei. Logo, aquelas imagens se projetavam na minha mente, um bem estar me circundando e toda aquela energia boa que a natureza emanava. Dentro de minha mente, visualizei uma moça. Ela era morena, e estava sempre sorrindo, usava luvas de jardinagem, e cuidava muito bem deste pinheiro.

Eu conseguia ver, como o céu parecia ficar mais próximo do topo do pinheiro, a admiração que a árvore tinha pela cor de suas folhas, e de como ela achava ruim os poluentes exalados das fábricas perto dali.

Ela era muito feliz, mas estava triste por saber que, em pouco tempo seria cortada. Iria ser enfeitada, mas depois de um tempo secaria, e seria jogada no lixo, como uma embalagem usada qualquer.

Abri meus olhos, chocando-me com as sombras das árvores. Logo fui me desvencilhando e tocando vários pinheiros. Começava a me sentir melhor, a me sentir mais enérgico, mas faltava algo.

Faltava ela.

E ela já não estava mais dentre nós.

Procurei sair da floresta e voltei aos túmulos, observando-os e tirando minhas conclusões malucas sobre como eu encararia a tal morte. Sentei-me, dentre duas lápides, uma tinha a fotografia de uma garota sorrindo, e a outra, de um senhor pálido de cabelos brancos. Eu estava fronte o salão de cerimônias, observando os adornos enormes e cheios de ouro do portal deste. Tudo era um luxo, mas não conseguia sentir-me admirado por isso, pois tive contato com esse tipo de ambiente boa parte da minha vida.

Vejo o homem de terno esgueirar a cabeça no portal. Logo reconheço que é meu pai, com seu terno escuro tão impecável, reclamando intimamente do frio cortante da madrugada.

Ele se aproximou mais, abotoando seu terno.

"Anthony, o que faz aqui? Está frio..."

"Não queria ficar lá dentro." Falei, remexendo a grama, sem sentir absolutamente nada por conta das luvas.

"Eu sei que é difícil, mas..."

"Por que não me deixou tocá-la?"

Os olhos de meu pai se voltaram ao chão, numa expressão de dor e desgosto. Era difícil compreendê-lo.

"Não quero que saiba por qual razão ela morreu... Não quero que fique mais marcado." Ele se agachou, segurando minhas mãos, perturbando meus nervos. "Você retirou suas luvas?" Ele me olhou, de forma como quem analisava uma criatura peculiar. Chegava até ser assustador. Mas eu finalmente havia entendido a razão de ter sido tão doce repentinamente.

"Não." Menti. "Eu não estou desobedecendo a sua ordem papai."

Ele deu um sorriso satisfeito.

"Você sabe que em hipótese alguma, pode tirar suas luvas, apenas quando eu permitir não é?" Ele indagou com aquele tom calmo ameaçador.

"Sim." Juntei as mãos dentre as pernas, observando o couro marrom da luva. Aprendi a ser um bom mentiroso diante do medo.

"Bem, vamos para o salão, o padre chegará em breve e quero que esteja lá." Declarou, levantando-se e me estendendo a mão, numa ordem silenciosa para que o acompanhasse.

Não me sentia seguro estando lá. Todos aqueles olhares lançados, remetiam a pena, e sobre a minha pessoa, não tolerava que a sentissem. E além do mais, queria privacidade. Gostaria de tocá-la; queria saber a razão de sua morte.

O pensamento de tirar as luvas e capturar suas últimas energias, era tentador. Desesperador.

Mas eu não podia.

O silêncio dela me desolava.

Meu pai não permitiria que eu fizesse isso na frente das pessoas, apenas nós sabíamos disso. E ele não permitiria que eu tirasse as luvas, porque ansiava que eu fosse um garoto normal. Engajado em suas impossíveis expectativas.

E por conta disso, ele me privava de quase tudo.

Quase tudo.



Nota[2024]: oi pudins

Tô repostando graças a um pedido da lavolt_666

Recentemente voltei a escrever a segunda fase dessa historia depois de ter abandonado em 2018? 2019? Nem lembro. Acho q o q eu precisava era de tempo e amadurecimento(?) Eu tinha tipo 16/17 anos qdo tive a ideia, então agr, com 23 e um pouco mais de experiência vamo ver no que vai dar.

A primeira versão tem travessão, mas como o wattpad é um safadindo desobediente, vou ter q me adaptar com aspas, e eu honestamente n tenho mta familiaridade com elas, então, me perdoem de antemão se houver algum erro. No geral, eu quase não mexi em nada do texto, só fiz pequenas correções, etc.

Os caps n vão passar de 1000, 1150 palavras, o que vai ser bem desafiador pra mim, mas vou me esforçar. :)

Ghost In The Snow || Frerard ||Onde histórias criam vida. Descubra agora