Domingo, 2 de Novembro
Plantões costumavam ser o auge dos meus dias.
Digamos que nos últimos 10 anos em que eu estive casado, minha vida não teve nenhum tipo de ação.
Eu me afastei de várias coisas que gostava de fazer e me vi preso a uma rotina monótona e sem grandes feitos, tendo como grande motivação o meu trabalho.
Me contentava com pouco, mas tão pouco, que perdoei uma traição horrível pelo simples fato de ter medo de sair do conforto, ou talvez apenas por culpa.
A chegada da Felícia em minha vida aconteceu com toda certeza no momento em que eu mais precisei. E posso dizer que nunca estive tão vivo neste tempo todo, como eu me sinto agora. É como um gás a mais em buscar fazer tudo que amo e sempre tive vontade.
— Doutor Dylan, favor comparecer a emergência. — O aviso sonoro interrompeu meu transe e eu corri para ao pronto-socorro.
Durante o caminho até lá, ouvi alguns comentários sobre um acidente com uma grávida ao volante. Ela estaria dirigindo e bateu o carro em uma árvore.
Quando recepcionei a ambulância, pude perceber o quão grave realmente era a situação. Muito pior do que eu cheguei a imaginar.
Por a paciente ter tido o abdômen completamente esmagado durante a batida, já que ela estava sem cinto de segurança, as chances de sobrevivência do bebê eram ínfimas.
A morte cerebral da mãe foi constatada ainda no local do acidente, algo que foi confirmado com sua chegada ao hospital.
Nossa luta passou a ser ainda maior contra o tempo e nosso trabalho cada vez mais complicado, pois a paciente estava começando a apresentar um quadro de sepse que indicava falha total do organismo e ambiente inóspito ao bebê.
Após um parto improvisado ainda na sala de emergência e inúmeras tentativas, a criança não resistiu aos ferimentos e veio a óbito.
Realizamos um ultrassom para confirmar as suspeitas e o sinal da falta de batimentos ecoou pela sala.
As duas vidas foram perdidas, e dar essa notícia aos familiares sempre me fazia repensar do porque escolher essa profissão.
Eu ainda não estava acostumado a perder pacientes, acho que no fundo a gente nunca se acostuma e após esse momento extremamente triste e desolador, andei sem rumo pelos corredores do hospital em busca de algum caso para distrair a mente.
— Greg! Onde você vai com essa pressa? — Perguntei ao ver Gregory correr com um aparelho de ultrassom pelo corredor do 4 andar, talvez era algum caso interessante.
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Drama Particular #1
RomansaGael aos 30 anos terminou um casamento repleto de traições! Felícia aos 22 anos descobriu estar grávida de se eu professor, que ela não sabia ser casado! E se por um acaso esses mundos se chocassem e eles descobrissem que são muito mais parecidos...