As aparências enganam.
Nunca tire conclusões precipitadas.
Não julgue antes de conhecer realmente.
Nem sempre acredite no que seus olhos vêem já que podem estar te dando à visão errada da situação.
Essas frases ecoam na minha cabeça à medida que o tempo passava. Miriam dormia pacificamente ao meu lado depois que fizemos novamente amor... Sexo! Nada de amor. Sim, transamos.
Fui acordado no meio da noite com ela tomando a iniciativa, até pensei que não fosse querer mais nada comigo por conta de estar dolorida. No fim acabamos suados e ofegantes deitados.
Não sei se eu fico mais surpreso por nunca ter dormido com um homem já que por suas altitudes e modo de falar dava a entender ser a favor do casual ou o por ter se entregado a mim que não sou nada dela e por quem não sente absolutamente nada além de uma mera atração.
Uma mulher para chegar à sua idade deveria ter um bom motivo. Ou não, se tratando da Miriam. A sapequinha nunca afirmou nada. Não me lembro nas nossas conversas ter dito que dormiu com fulano de tal.
Ela tinha aquela mania de jogar a conversava de volta para quem perguntava. Nas raras vezes que comentou de algum ficante não entrou nos detalhes, mas para quem ouvia o ficar automaticamente supôs algo mais íntimo.
E não é que me enganou direitinho. Miriam é confiante e se comunica com facilidade. Na verdade não precisaria ter a prática real só bastava uma boa leitura, algumas pesquisas, relato das amigas para poder falar abertamente sobre sexo sem que fosse alguém experiente no assunto. O dom e a maneira de usar as palavras certas, de como agir.
Sorrindo me levanto da cama com cuidado para não acordá-la mesmo que eu acredite que seria impossível já que quando desmaiava poderia um terremoto acontecer que não se moveria.
Na porta de vidro com a iluminação da lua observo as ondas quebrando. Miriam se remexe no colchão mudando de posição. Estando de bruços pega a cama todinha para ela que mesmo sendo pequena conseguia ocupar espaço.
Tão calma e serena.
Fecho os olhos com a imagem dela na cozinha assustada. Ela enfrentou o Victor. As marcas dos arranhões que deixou no rosto e braço dele foram a prova que antes de mim aparecer o maldito tentou algo.
Raiva. Uma enorme vontade de sair daqui para poder aplacar este sentimento ruim de preferência ainda nele. Realmente não conhecemos as pessoas. Ele era um bastardo arrogante, mas como meu primo foi capaz de atacar uma mulher.
— Romeo? — a voz feminina sonolenta traz uma sensação anestésica na mistura de sentimentos conflitantes dentro de mim. — Volte para a cama, peste.
Que delicadeza. Nem se deu ao trabalho de se ajeitar.
— Bem, você tomou todo o espaço da cama. — brinco subindo no colchão me enfiando debaixo do lençol.
— Sempre há espaço para você. — boceja lutando para ficar acordada.
— Terei que dormir coladinho.
Não sei se existe um motivo real de Miriam ter entrado no banheiro. Acreditei que a última coisa que faria seria ter relações sexuais com um homem depois de ser atacada.
Atendi algumas vítimas de abusos que tinha tanto medo até mesmo do médico na hora do exame. Há traumas que deixam marcas terríveis numa mulher.
— É brega. Amo demais a liberdade de poder me mexer quando quero sem ter alguém grudado em mim. Não vai rolar, doutor.
— Deveria experimentar. — aproveito para me encaixar detrás dela passando a braço na sua cintura nua puxando seu corpo para perto do meu.
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Namorada Por Acaso
RomanceMiriam Nelles não se encaixa nos padrões de mulher perfeita, principalmente para casar. Baixinha espevitada, resmungona, festeira, um pouquinho boca suja e muito bem-resolvida não se preocupa nenhum pouco com os comentários de tias, velhas fofoqueir...