-Bom dia - disse Henri, ao ver seus pais e o feitor.
Eles conversavam com o homem barbudo e pareciam sérios.
-Pode ir - disse Jonathan.
-Sim, senhor - o feitor acenou para o menino com a cabeça e saiu.
Henri estranhou sua aparição logo cedo da manhã, seus pais não estavam com a melhor feição.
-O que houve? - Perguntou ele.
Helena suspirou e olhou discretamente para Jonathan que pigarreou.
-Precisamos viajar. Somente eu e sua mãe. Helena - disse ele, virando-se para sua esposa, - vá chamar Maria para ajudar-nos com a mala.
Seu pai estava eufórico e sua mãe não parava de encara-lo como se estivesse acusando-o. Henri franziu o cenho perguntando novamente o que havia acontecido.
-Coisas que não são de seu interesse - disse rispidamente. - Fale para outra escrava preparar seu café, nós já estamos de saída.
Jonathan deu meia volta deixando Henri para trás. Ele ainda não entendia o que estava acontecendo, o porquê de seus pais agirem tão estranhos juntamente com a repentina viagem. Não conseguia fazer nenhuma conexão com algo que tenha feito ou falado, a não ser do casamento.
Henri respirou fundo fechando os olhos. Devia ser isso, o suposto e maldito casamento. Mas porque viajariam? Tinha que conversar o mais rápido possível com eles, antes que fosse tarde.
-Deveremos voltar daqui a três dias, ou até menos - disse Jonathan.
Nana despediu-se dos pais ainda boquiaberta com tal decisão. Nem mesmo a oposição de sua irmã os fez desistir. A charrete estava parada em frente ao casarão, todos caminharam para fora dizendo as ultimas palavras antes de partirem.
-Vamos sentir saudades - afirmou Nana, enquanto seus pais subiam no veículo.
Seu irmão apenas observava de longe, mal se falaram, não por parte de Henri, mas sim deles. De uma hora para outra era como se não existisse. Perguntaria para o feitor o que haviam conversado se não descobrisse que o homem iria junto. Apenas uma coisa boa surgiu em meio aquele dia maluco: aproveitaria todas as oportunidades que tivesse com Louise, apesar de ter mais capitães do mato rondando o casarão e ainda sim eram poucas às vezes que acontecia. Sua imaginação corria solta ao pensar no que poderia fazer, os lugares para onde a levaria, nem percebeu quando seus pais partiram.
O garoto caminhou para dentro de casa seguido por Nana que parecia ainda não acreditar.
-Onde está indo com tanta pressa? - Perguntou ela, curiosa.
-Ver Louise.
A menina sorriu surpresa ao ouvir seu irmão dizer tão abertamente que iria vê-la.
-Mas espere, você não acha estranho nossos pais terem saído tão apressados daqui? Eles nem ao menos nos avisaram onde estavam indo.
Henri virou-se para ela um pouco inquieto.
-E desde quando nos contam onde estão indo ou onde estão nos levando? Da ultima vez eles nos deixaram morar com a Tia Francis.
Nana suspirou rendendo-se ao pensar em fazer mais perguntas. Ele estava apressado então o deixou ir.
-Henri, só tome cuidado, está bem?
O menino assentiu depositando um beijo na testa da irmã e então sumiu ao ir de encontro a cozinha.
O sol escaldante se fazia presente na tarde daquele mesmo dia. Muitas pessoas andava
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Era uma vez uma época
Romansa"A escravidão é a prática social em que um ser humano assume direitos de propriedade sobre outro designado por escravo, ao qual é imposta tal condição por meio da força". No século XIX a escravidão estava em seu apogeu, mesmo sobrecarregados, os...