Hoje sou uma mulher madura, não sei se trinta e oito anos devemos considerar uma pessoa velha, mas também considerando tudo o que passei penso que já estou na casa dos setenta...
Sou filha única e criada por pais muito ricos, tinham várias coisas em minha vida, estudo, dança, música, festas da sociedade, muito dinheiro pra gastar onde e como quisesse. Mas nem tudo era só isso...🥂🥂🥂🥂🥂🥂
Ano de 1995
Finalmente meus quinze anos!!! Estava na minha alta juventude e tudo o que eu queria era estar junto dele, meu namorado Antônio, pra mim ele era tudo de bom, mas para os meus pais ele era pobre e só isso era o suficiente pra não prestar.
Mesmo sendo pobre ele era descolado e muito popular entre seus amigos, nossos amigos.
Conheci ele em uma festa de um amigo em comum, ele estava lá pra levar algumas coisas pra festa, drogas claro, mas nesse caso ele me protegia, dizia que 'mina' dele jamais iria ter essas paradas no sangue.
Sei o que vão pensar... Louca essa menina e pra falar a verdade hoje eu sei.
Mas sabem aquela ideia de que nunca pode acontecer com você?? Eu pensava assim e hoje sei que estava errada, mas também agora não faz mais diferença. Aprendi a lição...
Eu amava ele e me entreguei de corpo e alma, não estava preocupada com nada, como disse meus pais nunca me observaram e brincar de casinha era algo bem legal na época...
Hoje poderiam me perguntar... E a camisinha???
Naquele tempo camisinha não existia, ou se existia nunca nos foram apresentadas, várias meninas engravidaram com a esperança de que seriam felizes pra sempre.
E que no meu caso eu era feliz e não sabia.
Tudo se perdeu quando descobri a gravidez, eu estava com um sorriso enorme!!! Muito grande e quando contei para os meus pais que que estava grávida eles me deram o golpe final.
Me expulsaram de casa com uma mão na frente e outra atrás, só não sai com as roupas do corpo porque a minha Dadá me socorreu.
Dadá era funcionária da casa dos meu país desde que eu era pequena, na verdade quem me criou foi ela, meus pais nunca tinham tempo pra mim e sempre quem me socorria era a minha eterna Dadá. Hoje ela já não faz parte de nossas vidas, fiquei sabendo que ela tinha falecido depois de muito tempo, sem querer encontrei com um primo e ele me contou, chorei muito, mais agora já não faz mais diferença. A única coisa que me prendia a tudo aquilo já não está aqui pra me prender, estou livre de tudo e todos...
Corri pra única pessoa que poderia me ajudar... Antônio saberia como me ajudar, iriamos nos casar e teríamos um felizes para sempre... Outro grande erro...
Ao chegar em sua casa me deparei com uma festa, todos já estavam chapados, mas isso não foi o pior, encontrar ele na cama com duas vagabundas foi o final de tudo.
Gritei, esperniei, bati e levei muito na cara, mas o pior foi quando eu contei que estava grávida, todos riram e ele me mandou embora.
Depois de muito chorar e implorar dizendo que não tinha pra onde ir ele pegou em um dos meus braços, me puxou pra fora e me jogou na calçada.
Até tentei voltar, mas os tal amigos dele não me deixaram entrar.
Quando estava sozinha e abandonada uma das meninas que sempre estavam comigo se aproximou e com cuidado me contou que não era a primeira e não seria a última que o Antônio tinha engravidado.— Você poderiam ter me dito isso antes!!!— Eu acabei gritando com ela.
Ela não tinha culpa do que estava acontecendo comigo, mas na minha cabeça isso não importava, só queria gritar e se fosse com alguém melhor ainda.
Sem ela entender nada acabou dando de ombros e saindo, o meu fim era ficar sozinha no mundo.
Comecei a andar sem rumo e quando vi já estava bem longe, com fome, sede e friu.
Não poderia voltar pra casa dos meus pais, lá eles não me aceitariam de volta, mesmo que eu me tornasse uma santa em cima de um altar, bem paradinha... Eles não iriam me aceitar...
Acabei indo até um albergue, sem dinheiro e sem pra onde ir o jeito foi tentar a sorte.
Pra minha grande sorte o albergue que eu encontrei tinha leitos disponíveis ainda, pensava que seria apenas uma noite e acabou sendo...
No outro dia eu me levantei, tomei um bom café e fui resolver minha vida.
Não sabia o que iria acontecer, mas ficar parada chorando não iria me levar a lugar nenhum.
Andei, procurei por um emprego e quando dizia meu nome todos me davam a mesma resposta...— Não estamos contratando...
Uma coisa era certa... Tinha que sair dessa cidade...
De toda a minha família, só tinha uma pessoa que poderia me ajudar e foi pra lá que eu fui.
Meu pai era de uma família bem grande, eram em cinco filhos e nenhum ousou desafiar meu avô, um homem enérgico com seus costumes.— Rico se casa com rico e pobre se desgraça da forma que quiser...
Esse era o lema dele e pelo visto meu pai acabou levando ao pé da letra.
Voltando ao que eu estava contando... Ele tinha uma irmã, a tia Dolores, ela era a única filha e era tratada como princesa por todos eles, mas ela teve a infelicidade de se apaixonar por um rapaz pobre e engravidou dele, a sorte dela foi que o rapaz se casou e ela sempre me contava que ela era muito feliz. Eles tiveram um filho chamado Benedito e a gente se via muito raramente, meu pai não gostava de envolvimento com eles, mas eu gostava do Bento e a minha tia era bem alegre e me contava coisas da família que ninguém mais tinha a coragem de contar, eram coisas tão engraçadas que eu me acabava de rir.
Sabia onde eles moravam e eu tratei de ir até lá, não foi tão rápido como eu pensava, mas quando ela me viu seus olhos se encheram de lágrimas, pelo visto ela já sabia o que tinha acontecido comigo.
Me deixou entrar, me deu um bom prato de comida, já era bem tarde quando cheguei lá, deixou que tomasse um banho, me deu uma cama limpa pra dormir e me prometeu que no dia seguinte iríamos conversar.

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Evidências
RomansaEm uma vida em que os pais poderiam lhe dar tudo, tudo não era o suficiente. Em uma escolha que seria a certa, não foi a acertada. Uma adolecente que tinha tudo pra ser uma mulher extraordinária escolheu o errado e foi excluída pela família e teve q...