Capitulo 12

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Sentia-me como se estivesse em um sonho, em um estado de torpor e encantamento. Caminhávamos sem pressa de nada e as palavras naquele momento não eram necessárias. A todo tempo eu era tomada por desejos simples de um ser que ama, um deles era caminhar de mãos dadas a beira mar com aquela que sem dúvida nenhuma era a mulher da minha vida, porém não tive coragem de tocar a mão da Helô, não sei como ela receberia meu toque depois daquele beijaço roubado, eu poderia estar indo rápido demais com os meus quereres.

No caminho enquanto ouvíamos música fiz um pacto comigo de que toda ação e qualquer assunto abordado no dia de hoje seria por iniciativa da dela, era minha contribuição para o zelo e sucesso daquele momento. Deixei em suas mãos a condução do diálogo e assuntos que mereciam nossa atenção. Tudo tinha que ser perfeito e eu não poderia correr o risco de estragar o momento mais esperado por mim há anos.

Os deuses pareciam estar do nosso lado o dia estava perfeito, o sol brilhava absoluto e não havia uma única nuvem se quer no céu, ele era de um azul único. O mar estava calmo convidando-nos a banhar-se em suas águas. Descalças caminhávamos lado a lado como se aquilo, aquela ação fosse resolver todos os nossos problemas, como se em um passe de mágica todos os nossos medos fossem presos em uma garrafa de vinho no porta malas do meu carro.

Tomadas por esta sensação e certas de que eles jamais seriam soltos, com o pleno domínio de tudo que nos cercava por hora nos sentíamos livres e plenas.

Em certos momentos fechava meus olhos e sentia como se a minha mão estivesse grudada na da Helô, eu estava sonhando acordada vivendo tudo aquilo que sempre desejei. Respirei profundamente por diversas vezes arejando meus pensamentos e pulmões. Se pudéssemos ter o poder de pensarmos e as coisas acontecerem, seria mágico! Mas a vida não é assim, nem bem podemos sentir e viver livremente aquilo que sentimos, imagine mais que isso.

Como um mantra mais uma vez fechei meus olhos desejando, desejei que o nosso encontro fosse o início de muitos outros que aconteceriam e que ali, aquele momento seria o marco de uma nova vida e história de amor que estávamos iniciando realmente . Pedi aos deuses com toda a minha força e mandei toda está energia rumo ao mar para que ele fosse a testemunha desse amor e história.

Caminhamos por mais algum tempo em silêncio e assim que chegamos ao final da praia onde existia um paredão de pedras impossibilitando que continuássemos, ele nos convidava a sentar nas pedras, instintivamente sentamos e ali permanecemos contemplando o mar, percebi que os olhos da Helô marejaram, o mar exercia um imenso poder sobre ela. Depois de algum tempo ela me encarou respirando fundo dizendo:

- Fê eu tenho tantas coisas para dizer que nem sei por onde começar. Ficamos tanto tempo afastadas e sem qualquer comunicação e talvez para você, isso possa significar um recuo ou descaso da minha parte.

- Senti demais esta ausência, sabia?

-Eu sei! Gostaria de saber todas as palavras ditas por nós neste silêncio dos dias e noites que em claro passamos. Sabe, não houve um só dia em que não pensasse em você. Vivi dias muito difíceis, procurei ajuda espiritual para ver se me curavam deste sentimento forte e único que sinto por você, relutei, me escondi, neguei, desdenhei, mas nada adiantou. Certos dias eu ficava rodando de carro pelas ruas próximas ao seu batalhão para ver se te encontrava, se te via mesmo que fosse de longe.

- É sério isso? Não acredito!

- Passei por tantas coisas sozinha, sem ter alguém para dividir o que se passava comigo, quase enlouqueci, confesso. As vezes parecia que eu iria me asfixiar com tantos sentimentos, meu peito doía por guardar, por calar tantos sentimentos e desejos, é muito difícil amar uma mulher. É solitário.

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