As semanas passaram sem que eu e a Helô nos falássemos. Demorou três semanas para que a Selma marcasse com o Claudio um fim de semana em família. Fui surpreendida pela notícia sexta- feira a noite. A Selma como de costume foi me buscar no trabalho dizendo:
- Amor, faça as suas malas. Vamos passar o fim de semana em um hotel. Eu e o Claudio participaremos de uma competição de moto em uma cidadezinha no interior de São Paulo e aproveitaremos o evento para levar as nossas famílias.
Eu fiquei sem palavras, atônita sentada no banco do passageiro. Ela me olhava com um ar sarcástico no rosto, um meio sorriso denunciando o prazer que ela estava sentindo com a minha reação. Após alguns minutos ela novamente voltou a perguntar-me:
- Você não vai dizer nada?
- O que eu deveria dizer Selma?
- Você poderia demonstrar felicidade, por exemplo!
- Fala sério! Você poderia ter me consultado sobre o passeio. Vamos ficar um fim de semana todos juntos? Você não acha que é muito tempo?
- Olha, temos competição sábado o dia inteiro e domingo pela manhã. O hotel onde ficaremos tem piscina, uma estrutura bem legal e é perto do centro da cidadezinha. Vocês podem passear pela cidade desbravando o entorno.
- Interessante como vocês pensaram em tudo! Eu acho que é muito tempo para ficar com pessoas que jamais saímos antes.
- Eu não acho! Vocês se conhecem o suficiente. Tenho certeza que irão adorar o passeio.
Ouvindo a fala da Selma eu me desliguei do que era dito e fui tecendo na minha cabeça as cenas que comporiam este encontro. Achei que não valeria a pena discutir meus porquês e motivos com ela, mesmo porque, tudo já estava decidido e organizado por eles. Estranhei o fato da Helô não me ligar para falar do nosso passeio. Não sei como a coisas seriam e nem tão menos o que eu iria encontrar.
Chegando em casa fui arrumar minha mala, exatamente como a Selma pediu. Ela me deixou em casa e foi abastecer o carro e a moto. A ansiedade tomava conta de mim a cada pensamento e preocupava-me com os dias, em como as coisas aconteceriam? Como eu iria me comportar diante do Claudio e da Selma.
Acordamos bem cedinho no sábado e pegamos estrada. A Selma combinou de encontrar o Claudio no hotel. Eu achei ótimo este combinado, pois assim, teria mais tempo para me acostumar com isso tudo. Levamos cerca de três horas para chegarmos a cidadezinha. O hotel era uma delicia, eles reservaram dois chalés, um ao lado do outro. Na recepção retiramos a chave e fomos desfazer as malas.
Meu coração apertado de tanta ansiedade me deixava a mercê do tempo, tentava a todo custo dosar minhas emoções para que a Selma não percebesse. Sentada na varanda do chalé eu a observava arrumando a moto e os equipamentos que levaria para a tal competição. Era quase oito horas, o dia estava ensolarado a tranquilidade e beleza do hotel era inquestionáveis, realmente um lugar tranquilo e perfeito para se ter um fim de semana em família.
Perdida em meus pensamentos não percebi a aproximação do carro do Claudio, só me dei conta de que eles haviam chegado quando ouvi a Betina gritar meu nome. Coloquei-me de pé aguardando que elas se aproximassem. Logo as Meninas desceram do carro e vieram me abraçar, a Selma nos observava sem qualquer ação. Como elas não conheciam a Selma eu as apresentei, dizendo que a se trava de uma amiga.

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Vidas pra Contar
RomanceDilemas, sentimento, escolhas e consequências. Um marido capaz de tudo para manter a sua família. Heloísa e Fernanda duas mulheres fortes e empoderas, porém cheias de traumas e perdas, terão coragem de romper com os padrões e viver este amor. Vidas...