Por mais que tentasse pensar em outra coisa eu não conseguia, as palavras da Helô me vinham feito brisa a beira mar. Ela me pediu que a esperasse e que tivesse paciência, a última eu precisava exercitar um pouco mais. De maneira sistemática passei a olhar os classificados de imóveis, em busca de um lar que abrigasse meus Amores, não demorou muito após folhar algumas páginas dos classificados as primeiras perguntas começaram a surgir.
Pensei por exemplo em que bairro moraríamos? Seria em uma casa ou apartamento? As Meninas teriam que mudar de colégio. Qual escolheríamos? Precisaríamos ter alguém para cuidar das meninas. Quem? Outra coisa que também dominou meus pensamentos foram os gastos e as minhas responsabilidades que assumiria e que certamente mudariam completamente a minha vida e pensei:
- Meu Deus, com o meu salário não serei capaz de manter a vida que a Helô possuía. Eu não poderia permitir que elas vivessem em um padrão de vida diferente do que estão hoje!
Mesmo tendo consciência de que toda escolha tem as suas consequências, isso não seria justo com elas. Estas ideias passaram a pesar na minha cabeça. Pensava dia e noite em como fazer com que elas vivam uma vida ao meu lado e que não se arrependam de suas escolhas? E tenho a mais absoluta certeza que isso será uma arma a ser usada pelo Cláudio no meio desta disputa que obviamente acontecerá.
Este é um ótimo argumento para ser usado por um marido como o Cláudio. Se na minha cabeça estes questionamentos estão latentes, posso imaginar o que deve estar passando pela cabeça da Helô neste momento é não deve ser fácil, tomar uma decisão como está, envolve muitas coisas.
Ela deve estar vivendo uma verdadeira guerra dentro dela, escolher em dar vazão ao seu lado mulher ou pensar no seu lado mãe? Essa dualidade deve existir dentro de toda mulher que é mãe e que pensa em terminar um casamento. Não existe outra preocupação que não seja está!
Penso que toda mulher ao tornar-se mãe deve sem perceber abdicar do seu lado mulher, a partir do momento que ocorre o nascimento de um filho, um ser totalmente dependente de você, os fios que a conectam a sua feminilidade desconectam- se por um período. Não deve ser fácil escolher ou equilibrar tantos sentimentos, responsabilidades e tanto amor.
Voltando a minha derradeira consciência. Antes de sair da escolinha e assumir meu cargo na polícia, eu estava vivendo um processo de escolha de área de formação. Eu tinha dúvidas sobre que curso superior fazer. A maioria das pessoas cursam o ensino superior para para ter uma profissão, eu com 20 anos já tinha uma, só me faltava o diploma de nível superior. Na época eu estava em dúvida entre fazer Ciências da Computação ou Arquitetura. Lembro-me da Helô dizendo:
- Se você fizer Ciência da Computação ficará o dia todo mexendo em máquinas e eu não te vejo fazendo isso. A Arquitetura é uma área interessante, adoro ver seus desenhos, porém é muito restrita, campo de trabalho é difícil.
Lembro-me dela respirar profundamente e dizer:
- Sabe, você deveria ser professora segue este caminho, você irá se dar bem. As crianças te adoram e você leva o maior jeito com elas.
Aquelas palavras voltaram com força total e talvez estivesse na hora de começar a minha faculdade e ter opções. Mas será que agora é o momento? Passarei a ter uma responsabilidade que me fará fazer escolhas daqui para frente, terei pessoas dependendo de mim.
Será que agora é o momento de pensar nisso? Porém se não for agora, quando será? Comecei a pesquisar alguns cursos e amadurecer a ideia de estudar, levando em conta o conselho da minha amada. Pensando bem em minhas possibilidades e eu sempre gostei de esportes, meu irmão é professor, a área de Educação Física pode sim, fazer a minha cabeça. Acho que irei por este caminho. E em que faculdade estudar?
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Vidas pra Contar
RomansaDilemas, sentimento, escolhas e consequências. Um marido capaz de tudo para manter a sua família. Heloísa e Fernanda duas mulheres fortes e empoderas, porém cheias de traumas e perdas, terão coragem de romper com os padrões e viver este amor. Vidas...