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Já era nosso terceiro dia em Seattle e hoje Will resolveu tirar o dia para passear com a família. Fomos a vários pontos turísticos e visitamos muitos lugares. Jamie e Sam pareceram amar o lugar, realmente era uma cidade bem interessante. Ao tirar fotos de alguns lugares, me veio algumas ideias para meu novo projeto que eu tinha em mente, mas mantive isso só pra mim. No finalzinho da tarde, estávamos sentados na grama, em frente ao lago Union, tomando sorvete. Will e eu estávamos sentados, ele sentado na grama e escorado na cadeira travada e eu entre suas pernas. Tomávamos uma casquinha de chocolate que eu segurava, dividindo uma lambida entre mim e ele. Christian, Lily e as crianças, voltaram a sorveteria para comprar mais, depois que Sam tropeçou e derrubou seu sorriso sorvete, seguido de uma crise de choro. Até que a irmã teve pena dele e resolveu presenteá-lo com uma nova.

O sol estava quase se pondo por completo, deixando lindos tons de laranja no céu e formando um belo desenho nas águas do lago. Por alguns instantes, minha mente viajou entre os tons de laranja formados pelo sol e senti uma grande paz de espírito. Senti como se toda a tensão e estresse acumulado nos últimos dias, se dissipasse, e tudo que ficou no seu lugar foi paz.

_Louisa – ouço Will me chamar – Louisa o sorvete vai derreter.

Olho para minha mão e solto um droga ao ver o sorvete escorrer por entre meus dedos. Lambo o máximo que consigo e evito que ele derreta mais, porém, meus dedos ainda continuavam sujos.

_Minha mão tá toda Lambrecada de chocolate.

_Eu posso resolver isso – Will fala.

_Sabe onde tem uma torneira? – pergunto virando pra ele, que apenas dá um sorriso travesso.

_Não - ele pega minha mão – melhor – então ele enfia meus dedos na boca.

Um a um, Will chupa todo o chocolate dos meus dedos, deixando-os limpos. Ele me olha, seus olhos travessos de criança aprontando e eu seguro a respiração. Depois de limpar o último dedo, ele levanta minha palma pra cima e dá um beijo.

_Hm delicioso – ele fala – Sorvete com gosto de Louisa.

Reviro os olhos e dou outra lambida na minha casquinha.

_Por acaso esse era um tipo de fetiche estranho? – me encosto nele de novo, o vento soprando meus cabelos – Eu coberta de sorvete?

Ele dá um gemido longo e pensativo, depois beija meu cabelo e sussurra.

_Não seria uma idéia ruim, contanto que vc me deixe colocar sorvete onde eu quiser.

Começo a rir auto e dou o sorvete para ele, em uma tentativa de calar sua boca atrevida e escuro ele rir.

Depois de alguns minutos, as crianças voltaram. Sam estava todo sorridente com sua nova casquinha de sorvete de chocolate, com cobertura de morango e Jamie havia ganhado mais um picolé.

_Mas você já tomou uma casquinha inteira – eu o repreendo.

_Por favor mamãe, só hoje – ele me pede com seu melhor olhar pidão, e eu, coração mole como sou, acabo cedendo.

_Tudo bem – eu digo – Mas vai ter que comer toda a salada do jantar hoje, e sem reclamação.

Ele suspira, mas assente, indo correr com o irmão pelo gramado. Termino meu sorvete e fico observando as crianças brincarem, cada vez mais a luz do sol se tornava mais alaranjada, deixando um clima lindo na tarde de quarta feira. Jamie veio até mim, para que eu amarasse seu tênis, durou apenas poucos segundos e ele mal esperou eu terminar, louco para ir brincar com Lily, que o ensinava a dar estrelas na grama. Me sentei de lado, observando a cena. Ele tentou uma, duas, três vezes, e finalmente conseguiu na quarta vez, deu uma estrela completa e perfeita. Will e eu aplaudimos sua proeza e ele correu todo orgulhoso pro colo do pai.

_Você viu papai? Eu consegui – ele disse.

Will sorriu e bagunçou os cabelos do filho.

_Claro que vi, você é um atleta – Ele elogiou.

_Eu quase desisti – disse Jamie – Mas me lembrei que o senhor nunca desiste de conseguir mexer o corpo, por mais difícil que seja, e então eu tentei de novo.

Will ficou perplexo com a declaração de Jamie e me olhou pasmo, eu apenas cruzei os braços e sorri, tentando conter minhas lágrimas de emoção. Meu filho era o melhor menino do mundo, e seu pai era seu herói.

_Obrigado papai – ele deu um abraço em Will e um beija na minha bochecha e voltou a brincar.

Will ainda me olhava com cara de quem não acreditava no que tinha acontecido e eu ri da sua cara de pasmo.

_Ah meu amor – Eu disse balançando a cabeça – Quando vai acreditar em mim, quando digo que você é um super herói prós seus filhos.

_É difícil acreditar nisso quando se é um aleijado. 

_Mas você é – eu insisto – O super tetraplégico e suas aventuras.

Ele me olhou como quem disse “fala sério” e eu não aguentei, comecei a rir da sua cara de indignação. O vento começou a bater no meu rosto, enquanto eu ria, fazendo meus cabelos balançarem levemente pra trás.

_Louisa, pare agora – Will disse sério.

_Mas admita...

_Louisa, sério fique totalmente parada – me assustei com o tom da sua voz, parecia ser algo sério, talvez um bicho subindo em mim?

Comecei a entrar em pânico, e fiquei totalmente imóvel pelo que pareceu uns três minutos. Então o vento parou e Will sorriu.

_Agora pode se mexer – ele disse.

_O que foi?

_Nada é que – ele sorriu – Você estava lindo na luz do por do sol, com o vento soprando seus cabelos pra trás e você sorrindo, queria registrar isso no meu cérebro. Umas das imagens mais bonitas que já vi, eu só queria ter uma câmera.

Então ele levantou a mão, segurando o celular que eu nem percebi que ele tinha pegado

_Espera eu tinha – ele riu – Agora vou emoldurar isso.

Balancei a cabeça, rindo e me aproximei mais dele, passando os braços por seu pescoço.

_Você é um bobo, sabia Will Traynor.

_Então sua vida seria melhor sem mim.

Balancei a cabeça, sorrindo.

_Não – disse – Claro que não, minha vida seria nada sem você, Will.

_Eu não seria nem metade do homem que sou hoje, se você não tivesse aparecido na minha vida Clark – Sua mão passou leve no meu rosto, colocando uma mexe do meu cabelo atrás da orelha – Eu te amo tanto, tanto Clark. Minha vida não tem sentido sem você nela, é como se o sol não brilhasse mais e só você pudesse trazê-lo de volta.

_Ah Will – eu o abraço forte e lhe dou um selinho carinhoso – Eu também te amo.

Will me puxa para um beijo mais caloroso, mas somos interrompidos por reclamações vindas de duas coisinhas atrás de nós. Sam e Jamie que faziam caretas de nojo.

_Eca! – Disse Sam.

_Que isso papai, vai sufocar a mamãe – Falou Jamie – Isso muito nojento, vocês ficam babando um na boca do outro.

Will e eu não nos seguramos e começamos a rir.

_Então quer dizer que você nunca vai beijar filho? – perguntei.

_Eu fazer essa coisa nojenta? – indagou Jamie - Nem pensar.

_Nunca – Disse Sam.

_É o que vamos ver.

Me levanto e começo a correr atrás deles, gritando que ia enche-los de beijo enquanto os dois corriam gritando eca pelo gramado. E foi assim que nossa tarde terminou.

Vivendo com você, Livro doisOnde histórias criam vida. Descubra agora