Capítulo I

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William Medgrove, décimo terceiro conde de Macclesfield, encontrava-se entediado. Olhava para cada pessoa na festa de noivado de seu amigo Logan McLand  e olhou para a esposa do mesmo, Melinda McLand — Pessoas deprimentes...—, pensava ele bebendo goles e mais goles de vinho. Levantou-se da cadeira com toda sua elegância, William andava devagar até um lugar afastado do salão onde Beatrice Redmoor fazia um discuso demorado sobre como os noivos estavam e serão "felizes para sempre" — Coisa que fazia os olhos do Conde se revirar quase que de automático.

— Essa festa medíocre não irá acabar? — William passava as mãos no rosto indo até uma antessala pouco iluminada do salão.

— Acalme-se milorde — Matthew seu mordomo, disse sorrindo. — Em instantes essa festa irá acabar.

William olhou para seu mordomo, que mais parecia sua dama de companhia. Levava Matthew para todo o lugar que ia, o empregado já se tornou quase como um amigo. O conde apresentou um sorriso de deboche.

— O que raios estava em minha mente por achar que essa festa iria me aliviar de algum estresse? Esse lugar é insuportável, as pessoas são chatas, arrogantes e tolas... Não tem nenhuma mulher boa o suficiente para que eu possa ao menos dançar... E a família da noiva?! — William quase riu. — Não acredito que Logan irá se casar com uma família de péssima reputação. As irmãs da noiva falam alto,  não se comportam diante da sociedade e ainda mais... Bebem como se fosse o mais adequado para mulheres solteiras. O que não é!

— Sim... Lorde Medgrove, porém o senhor McLand a ama...

— Ama?! — William gargalhou. — São todas patéticas! — vociferou ele.

O conde respirou fundo. E olhou para seu mordomo dizendo:

— Se eu tiver uma chance de sair dessa festa insuportável, me ajudaria, Matthew?

— Se caso sair da festa Lorde, presumo que algumas pessoas iram notar sua ausência... E seu amigo irá ficar chateado. — Apontou o mordomo.

William bufou. Apontou para a porta para que Matthew seguisse na frente. Decidira retornar ao salão, antes que notassem sua ausência no mesmo.

— Vamos até aquele maldito salão.  Talvez eu ache uma garota menos deprimente para eu convidar para uma dança. Ou apenas melhor que a família da noiva. — Gargalhou, passando a mão nos cabelos pretos, arrumando uma mecha de seu cabelo que se instalou em sua testa.

Ao se aproximar da porta, ouviu um barulho de algo se arrastando. Olhou para trás e forçou a vista, mas, não enxergou nada. Deu de ombros e seguiu seu corpo esguio em uma dolorosa caminhada até o salão.

Mas, o que William não imaginava era que atrás de um baú enferrujado, estava escondida Elena Redmoor que escutara toda a conversa com atenção. A garota desejava gritar de raiva e frustração. Seu corpo se explodia com a vontade de matar o conde com suas próprias mãos. A forma como ele falou de suas irmãs Melinda, Beatrice e Phillipa deixou seu corpo e mente revoltados.

Elena, esperando alguns minutos para sair de trás do esconderijo, segue até uma parte mais  iluminada da sala e olhou para o espelho. Olhando seus olhos castanhos, respirava fundo, tentava se concentrar em não ir para o salão e apresentar seus cinco dedos da mão para o rosto de pele parda do Conde de Macclesfield.

Ajeitando os fios que se desprenderam de seu coque, lembrava-se das palavras que ele dizia sobre sua família. O modo como ele soava orgulhoso e mandão a deixou tonta. Por mais que tenha se afastado do salão, pelo mesmo motivo do Conde,  quando sua irmã Beatrice começou a fazer um ridículo discurso — Elena deu graças aos céus por ser apenas uma festa de comemoração para pessoas íntimas, menos mexeriqueiras! —, não iria admitir em hipótese alguma falarem mal de suas irmãs. Ao terminar de arrumar os fios rebeldes, seguiu para o salão onde todos dançavam alegremente e conversavam mais ainda. Olhou em volta e avistou suas irmãs Melinda e Phillipa conversando discretamente, ambas com um sorriso nos lábios. Passou os olhos pelo salão novamente e viu Beatrice dançando e conversando com Lorde Harrison Murray, Visconde de St.Vicent, e ela também tinha um sorriso nos lábios.

O Herdeiro do CondeOnde histórias criam vida. Descubra agora