Capítulo IX

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A residência Medgrove era enorme, linda e aconchegante, pensou Elena enquanto seguia, atrás de William, até o seu novo aposento.

Enquanto seguia por um corredor pouco iluminado em que tinham apenas algumas velas, observava, com bastante dificuldade por causa da pouca iluminação, o corpo esguio de William. O corpo era troncudo, os cabelos em fios lisos e negros estavam um pouco maior do que da última vez que o vira, mas nada muito exagerado, se lembrou da forte musculatura, dos braços fortes que rondavam seu corpo, da boca rosada e sensual tocando sua pele fazendo-a ceder e estremecer, dos toques eletrizantes, dos beijos, e também da...

— É aqui! — William apontou para a porta do quarto que jazia aberta ao fim do corredor, livrando Elena de seus devaneios.

Ela o olhou e entrou no quarto tirando o chapéu que usava, despendendo alguns fios do coque exagerado que Kristen a fez usar. O quarto era enorme, tinha uma enorme cama onde ficava no centro do quarto que por cima havia um enorme dossel prata com as cortinas transparentes de uma cor esbranquiçada. Ao lado da janela que jazia do lado direito do quarto tinha um pequena estante de livros e no outro lado um enorme guarda-roupa e ao lado um porta de madeira, na qual Elena pensou ser a casa de banho.

— Obrigada. — Disse ela colocando o chapéu na cama e respirando fundo.

Era tanta coisa para absorver: Teto alto e piso de mármore. A riqueza nada exagerada, mas visivelmente presente, que havia no condato de Macclesfield. Aquilo tudo a deixou um pouco impressionada. Não que não vivesse em um lugar formidável, mas seu pai era apenas um cavalheiro, já William subitamente, o pai da criança em seu ventre, era um Conde.

Elena apertou o tecido que cobria a reta barriga. Ela será a Condessa de Macclesfield e a criança em seu ventre:  Herdeiro ou herdeira de Macclesfield. — Ao pensar em tudo isso Elena ficou tonta. —  Tinha mesmo que se acostumar com a idéia de tanto luxo e de ter, agora, um título. Que não é mulheres fáceis, a princípio.

Entretanto, era a herança do filho deles, percebeu ela. Todo aquele esplêndido lugar era deles por direito. E claro, não iria negar nada disso a um bebê.

— Você aprova? — Ele perguntou de uma forma tão cálida que o fez franzir o cenho.

A forma como ela olhava para cada detalhe do quarto o deixava desconfortável. Ela poderia não ter gostado.  E logo um pensamento de que se ele realmente se importasse veio amanhã mente e  na verdade, ele se importava sim, afinal é a mãe do seu filho.

Na hora em que ela colocara a mão sobre a barriga e apertara o tecido de cetim que a cobria, ele ficou tenso. Estivera passando mal? Ou apenas estivera pouco cansada? Até porque, a viagem foi longa e, viajar de carruagem é definitivamente exaustivo e nada contagiante... E, por um breve momento William se amaldiçoou. Ela estava grávida e ele nem sequer perguntou como ela se sentia, ou se desejava que o cocheiro parasse por alguns instantes para que tomasse um pouco de ar.

— Claro que aprovo — Disse ela sorrindo e olhando para os lados deslumbrada —, é lindo.

William a fitou por um breve tempo antes de sorrir. Parou para analisar que  se fosse qualquer outra pessoa, ele apenas deixaria para que um empregado cuidasse  de lhe mostrar o quarto e todo o resto da casa. Mas, porque era Elena, e ela estava grávida. William se encontrou numa posição de guia.

— Ótimo. — Disse ele soltando um suspiro. — Quero que fique o mais confortável possível...

Ao ouvir essas palavras Elena levantou o olhar, que estava direcionado ao chão, e fitou os olhos azuis do belo homem a sua frente. E sorriu. Por mais que seja estranho, para ela, admitir, é bom saber que ele a quer confortável. Ainda mais porque horas atrás eles estavam discutindo sobre ele acreditar ser pai do filho que ela carrega.

— ... para que nada aconteça com o bebê. — Concluiu ele, franzindo o cenho quando Elena abriu um sorriso e logo ficou séria novamente.

E ao ouvir ele concluir as palavras, ela suspirou. É  claro que ele não queria que ela estivesse bem, a não ser pelo bem-estar da criança. O bem do herdeiro. Elena soltou um longo suspiro e olhou para William que a olhava com o cenho franzido, e logo virou os calcanhares para a porta. 

Ao ver ele saindo do quarto, de súbito veio as lembranças de que ele dissera que não ficariam no mesmo quarto. Ela deveria estar feliz. Mas não estava. Ela estava triste por pensar que seu casamento iria ser algo extremamente deprimente. Não queria isso para ninguém, nem para ela própria. Sempre sonhou em um casamento, não perfeito — Não era boba ao ponto —, mas um casamento agradável, verdadeiro e principalmente, recíproco. E ela chegara a dolorosa conclusão que com Lorde William Richard Medgrove, conde Macclesfield, não teria tal sonho, ou insano devaneio.

— E então não iremos ficar no mesmo quarto? — Perguntou ela de repente, e logo se amaldiçoando quanto os olhos azuis a examinou.

— E porque iríamos? — Perguntou ele cruzando os braços. Ficou curioso diante da pergunta repentina.

Ela estaria disposta a ficar no mesmo quarto com ele depois de tudo? Ele a olhou dos pés a cabeça e parou nos lábios, sentiu sua boca seca, começou a imaginar, com seria acordar todos os dias ao lado de Elena, como seria se deixasse que ela o conhecer por inteiro e…

William balançou a cabeça sutilmente, reprimindo os pensamentos tentadores provocados pelas curvas dos suaves lábios.

— Por sermos... — Ela hesitou por alguns minutos.

— Casados? — Disse ele cruzando os braços.

Ela assentiu e logo abaixou a cabeça. Por que não deixou ele ir embora e ficou definitivamente calada, pensou ela enquanto sentia ser observada pelos olhos azuis. 

— Não somos casados, ainda. E também acha mesmo que seria bom para mim ou para você se tivéssemos algum tipo de intimidade? Afinal, nós nem queríamos ser um casal. Nunca pretendíamos ser... E é melhor para não complicarmos a relação, nada motivadora que temos, não?

William a olhou, e percebeu que o castanhos dos olhos de Elena se tornaram em um cinza como num dia de nublado. Mas, ele decidira que era melhor assim. Melhor para os dois. Não queria forçar uma relação, não queria, por mais que já estivesse realizado, estar em um casamento forçado.   Ao ver a expressão triste que se fez no rosto da garota,   suspirou, e, com quase total relutância, ele deixou o azul de seus olhos percorrer pelo rosto e corpo de Elena. Lembrou-se da noite que ocorreu a alguns meses atrás, a noite em que suas mãos percorreram pelo corpo da mulher a sua frente, de quando ele a dominou e ela o enfeitiçou. Se não estivesse sendo domado pelo lógica, naquele momento, teria puxando pela fina cintura e absorvido a doce beleza em um beijo.

William balançou a cabeça, todo esses pensamentos e preocupações repentinas estão o deixando louco.

— Terá que aceita isso, caso quiser algum tipo de contentamento aqui. — Disse ele por fim.

As palavras a acertaram como um golpe, que por mais que fosse esperado, doloroso. E percebeu que sua vida seria uma tristeza ao lado de William. Ela o fitou com terrível tristeza e assentiu tentando, para ela e em vão, parecer o mais forte e compreensível possível.
Querendo ou não ela tinha que fazer o que sempre fizera em toda sua vida, se adaptar às circunstâncias e viver o melhor possível sem se importar com os outros.

Ele, saiu fechando a porta atrás de si e dizendo-lhe que iriam avisar a hora do jantar.

Elena soltou um longo suspiro. Olhou em volta novamente. Tudo parecia tão perfeito, mas totalmente irreal. Uma onda de náusea lhe veio a garganta, ela se deitou na cama e deixou as lágrimas que ela estivera lutando para não cair desde quando colocara os pés para fora de casa, cair pelo lindo rosto.

•♧◇♡•

Pelo jeito a residência Medgrove ainda terá muita história para contar
Espero que tem gostado
bjos 😍😘

O Herdeiro do CondeOnde histórias criam vida. Descubra agora