Durante uma semana, quando se concretizou a notícia em que havia uma nova Condessa em Macclesfield, a residência Medgrove, ficara assaltada por inúmeras visitas. Algumas vizinhas chegaram com sorrisos, outras com olhares de desaprovação e outras mais, com dissimuladas insinuações sobre a fama de sua família, e Elena admirou o quanto as pessoas eram rápidas ao descobrir a fama das famílias alheias, ainda mais quando a mesma difamam as tais. Outras pessoas de posições sociais mais elevadas, que a família Medgrove, não podia se dar ao luxo de não receber, eram mais diretas conversando com William ou dando uma calorosa e singela boas-vindas e parabenização pelo casamento.
Elena, recebeu todas as visitas, manhã após manhã durante aquela, longa, dolorosa, tediosa e significativa semana... Por breves instantes, gostava de saber que muitos iam realmente para desejar os melhores sentimentos, mas logo cessava, quando percebera que outros estavam lá apenas para arranjar defeitos.
Após as inúmeras visitas cessarem, Elena se vira cansada, não... Estava definitivamente exausta! A semana gastou-lhe sua energia, e até a fez vomitar por algumas vezes mas decidira não contar nada a William, pois decidira que não iria choramingar a cada vez que sentia uma vertigem ou algum tipo de enjôo.
Enquanto repousava em seu quarto, lembrou-se das palavras em que ele dissera no dia do seu casamento, perguntando se podia tocar em sua barriga para sentir os movimentos da criança. Sorriu, ao imaginar as mãos de William tocando sua barriga, os dedos longos e quentes alisando o tecido que a cobria, ou até mesmo acariciando sua pele. Céus... Como era difícil. Como era difícil viver assim, estar casada e nem ao menos dormir com seu marido na noite de núpcias.
Teria proprosto para William dormirem juntos mas logo se lembrou das palavras que um dia sua mãe lhe dissera, quando, caso ela se tornasse uma Lady. Nunca poderia se esquecer disso: "Laddies eram quietas e modestas, dissera Isobel. Elas devem manter-se impecáveis. Distantes. Mesmo que uma Lady passasse a amar seu marido, ela jamais deveria lhe dizer tal coisa de iniciativa própria. E em hipótese alguma, tomar a frente, ao se juntar ao marido ao leito nupcial."
Elena suspirou. William era seu marido agora. Queria tê-lo por perto, nem que dormissem em lugares separados, mas gostaria que ele fosse mais presente. Elena, descobrira que William era um pouco ocupado e viva com Matthew em seu enlaço. Entendera que Matthew era um bom empregado e pode perceber que para os Medgrove, o mordomo, era um amigo e até mais que isso. Dois dias atrás ouvira Matthew repreendendo Edmund por cortejar a Marquesa Dorothy Murray, quando seu marido Marquês Connor Murray estivera a apenas a alguns metros de distância conversando com William. Elena sorriu. Edmund e William eram diferentes, não se pareciam em nada a não ser a aparência. Edmund com os cabelos também com fios negros, só que cortado acima dos ombros, parecia ser mais brincalhão e não ter medo de uma espada perfurar a pele seu pescoço ao se envolver com mulheres casadas. Já William era um homem mais sério e responsável, não que fosse um chato, mas era dedicado, por demais, ao condato e as responsabilidades do tal. Era difícil falarem dele com tons de brincadeira, assim como falavam do irmão.
Respirou fundo. A mão que estava pousada em sua barriga, agora, subia e descia pelo volume, e reconstou-se nos travesseiros sentindo o corpo relaxado, olhou pela janela e vira o lindo e imenso jardim com caminhos sombreados para boas caminhadas, bancos posicionados em lugares perfeitos para ler qualquer bom livro que podia se encontra na biblioteca da Medgrove Hall. Tudo que Elena pudesse ter ela tinha. Menos o mais importante e o que a evitava constantemente. Queria William. Queria seu marido. Queria reviver o desejo e, até arisco dizer, paixão que eles haviam compartilhado naquela noite, no casamento de sua irmã, em Londres. Quando ela sentira do doce prazer pela primeira vez na vida.
E como esposa de William tinha tal direito, não?
Céus... Ela o queria. E percebera que ninguém poderia fazer aquilo acontecer, exceto ela. Mas, logo a voz em sua cabeça lhe dissera que era loucura se considerar sedutora ao ponto de seduzir um homem tão orgulhoso como William.
Suspirou, balançou a cabeça negativamente e se levantou para pegar um copo d'água. Poderia pedir para que um empregado fizesse, mas estava cansada de ficar trancada no quarto, como se fizesse parte de um convento.
Caminhou pelo corredor, que estava bem iluminado por conta das velas que foram acessas a pouco tempo, e logo chegou a sala onde William olhava para as mãos distraidamente, e balançava os pés rapidamente parecia ser uma linda criança de cinco anos que acabara de ser repreendida por algo. Ele parou bruscamente com o movimento com os pés e levantou o olhar a ela e quase estremeceu ao sentir os olhos azuis a dominar.
— Parece distraído. — Disse ela se aproximando.
— Parece abatida. — Disse ele se levantando e pegando em sua mão, ajudando-a se sentar e logo voltando ao seu lugar, franzindo o cenho, mas logo deixando de fazer tal expressão.
— Estou bem. — Ela o olhou e sorriu. Ele retribuiu o gesto.
Quando finalmente conseguiu desgrudar dos olhos de William, olhou ao redor e viu um formoso piano que ornava um canto da sala.
— Quem toca? — Perguntou se levantando e caminhado até o enorme instrumento.
— Minha mãe costumava tocar quando viva. —Disse ele franzindo o cenho ao ver ela tocando com delicadeza em uma tecla. — Você toca?
— Oh, sim. Na verdade faz tempo que não pratico... Mas, meu pai costumava dizer que eu tinha talento, então....
— Toque. — Disse ele se levantando.
— Tem certeza? — Disse ela sorrindo.
— Claro. Vamos ver o que andou escondendo de mim. Senhora Medgrove...
Ela o olhou. Senhora Medgrove Era o que isso que tinha se tornado.
— Bom... Já que desejas assim... — Disse ela sorrindo e sentou-se ao pequeno banco próximo ao piano.
Começou a dedilhar algumas notas no piano. As mãos percorriam pelas teclas do piano embalando a famosa canção de Bethoveen. Sorriu enquanto demonstrava com agilidade e domínio total do instrumento.
Ao fim da maravilhosa execução. William a aplaudiu, e Elena ruborizou.
— Céus tenho em casa um grande talento. —Disse ele ainda aos aplausos.
Com um sorriso no rosto ela o olhou, piscou duas vezes e sussurrou um obrigada.
Ao ver ele sorrir enquanto se aproximava, e a pedia para ficar de pé. Elena ficou imensamente feliz. William a estava elogiando e batendo palmas pela sua perfeita performance. Ela sorriu. Isso era um bom sinal. Progresso. Ao menos ela pensava que fosse um progresso.
Com William nunca era possível ter certeza.
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O Herdeiro do Conde
Historical Fiction♧ Os Medgrove - Livro 1 ♧ A fama da família Redmoor, não são as das melhores. Por conta de suas irmãs, Elena também é apontada pela "reputação" de mulheres fáceis. Porém, Elena é apenas uma garota com idéias próprias e temperamento forte, e...