Capítulo XIII

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Elena caminhava pelo corredor se amaldiçoando mentalmente. O que passou na cabeça dela ao dizer aquilo para William e para Edmund? Mas, ela não sabia que o o falecido Conde Harvey Medgrove morrera de...  ou melhor se matou pela esposa. Sempre leu em colunas de jornais que Harvey era um homem bom e respeitável, sempre bondoso com as pessoas fazendo seu nome ser comentado por toda Londres. Como, em qualquer hipótese, imaginaria que ele se suicidou?

Ao parar na porta do quarto de William, respirou fundo. Deveria consertar a grande burrada que fizera. Adentrou no local e logo chamou atenção de William que estava com um copo de conhaque na mão e com a expressão completamente abatida.

Elena fechou a porta e se aproximou o olhando e  mordendo o lábio ao chegar perto de seu rosto.

— Me perdoe... — Disse ela apertando fortemente as mãos. — Eu não queria dizer aquilo. Bom, na verdade eu queria, mas, eu não sabia que seu pai... — Elena levou as mãos ao rosto.

— Elena. — William colocou o copo na pequena mesa de vidro ao seu lado e a olhou. — Você não tem culpa. Você não sabia que meu pai... — Ele respirou fundo ao ver ela levantar o olhar até ele.

William viu a compreensão no rosto de Elena e o instinto o fez querer bloqueá-la. Ela queria saber sobre seu passado, assim como todas as outras mulheres queriam. Mas, com Elena não havia escapatória; o fato de que ela carregava seu filho a tornava constante em sua vida —  Olhando para a barriga de Elena pensou em porque não lhe dizer a verdade e porque não contar que ele não podia ama-la e ela não podia amá-lo.

William suspirou.

— Elena... Minha mãe morrera por conta de uma forte tuberculose. — William respirou fundo. — Meu pai a amava. Daria sua vida para ela se necessário. — William suspirou e balançou a cabeça ao sentir uma ardência em seus olhos —  Ele não aguentou a dor de perde-la e então... Ele, ele se matou.

Uma lágrima escorreu pelos olhos de William, mas foi limpada tão rapidamente que parecia que nem ali estivesse. A expressão no rosto de Elena o desconcertou. Estava ela com pena? Estava, mentalmente, julgando seu pai por ser um fraco, um covarde e um pecador diante a igreja e a sociedade? Iria ela, falar para todos que seu pai cometera o suicídio? Se ela fizesse isso seria o seu fim. Harvey estava enterrado perto da lápide da sua mãe, no cemitério da igreja, se caso descobrissem, ele seria tirado de lá como um indigente.

Elena olhou para William que olhava para sua barriga com o cenho violentamente franzido. Ela pegou sua mão e deu a ele um sorriso de compreensão. Coisa que o desarmou. A boca de William se cumpriu numa linha reta. Ele nunca contara aquilo a ninguém e percebeu que nem mesmo com Edmund discutia tal assunto.

— Você deveria saber... Cedo ou tarde. Talvez ajude-a a entender o homem que sou.

Elena o olhou com mais atenção. William tinha medo de se relacionar com alguém e despejar todo o seu sentimento, e essa pessoa for embora de uma forma desastrosa fazendo-o sentir os mesmos sentimentos do pai? Tinha ele medo de sofrer por amor, ou por um simples gesto de afeto?

— Um homem que deseja não demonstrar emoções? — Disse Elena mais para ela mesma do que para William. 

— As vezes, pessoas agem de modo inapropriado quando dominadas por emoções.

— Esse é a coisa mais estúpida que já ouvi. Concordo que muitas das vezes as emoções nos fazem agir por impulso, mas...

— Exatamente, Elena! — ele a interrompeu – Por conta disso não quero emoções em minha vida... Ou amor.

Elena agarrou fortemente o tecido que cobria sua barriga. Sentia suas mãos trêmulas, seu corpo ficar mais pesado.

— A história não acabar de um jeito bom para ambos os lados. — William balançou a cabeça ao se referir aos pais. E o que iria dizer não lhe trazia nenhum conforto: — Eles estão mortos, os dois. Talvez a emoção possa ser a culpada.

— William…

— Não! — Disse ele se esquivando quando ela se aproximou, tentando toca-lo no rosto. Se afastou de Elena caminhando pelo outro lado do quarto. Mas ela o seguiu.

— William… William, querido. — Elena o tocou no rosto.

As lágrimas que surgiram no rosto de Elena o desconcertou. Percebeu que ela estava se aproximando e passando o braço envolta de seu pescoço e quando estava disposto a se distanciar. Ela o abraçou. Encostou o corpo no dele, seus lábios passaram pela bochecha fazendo-o segurar um gemido. Ela se encostou mais contra o corpo dele que sentiu o pequeno volume de sua barriga. Os lábios de Elena beijavam o pescoço de William, que permanecia rígido, e logo foram alcançando sua boca.

O abraço que ele deu foi forte. Os lábios quase desesperados alcançaram os seus, e ela correspondeu na mesma ferocidade. O beijo que deram foi ardente. O desejo que sentiram os domaram.

As mãos de William subiam pelas costas de Elena e a agarrava pela nuca. O gemido abafado que esvaiu de sua boca o atiçou. O desconcertou. O fez ficar cego de desejo. Enquanto os lábios de William saboreavam o sabor da pele do pescoço de Elena, ele abria cada botão de sua camisa. As mãos de Elena agarraram seus cabelos e ele então se lembrou se sua primeira noite com Elena e se lembrou também quando ela lhe dissera que aquela fora sua primeira noite com um homem.

Como ele fora um rude! – pensou ele enquanto abria os botões do vestido dela. Mais agora ele mostraria a ela que podia sentir desejo por cada detalhe de seu corpo. Assim despertando os desejos selvagens dela.  William sorriu quando alcançou os lábios de Elena, e abriu, finalmente, os botões do vestido.

Pegou Elena no colo e a colocou em cima da mesa. Desceu uma das alças de seu vestido. Mas logo se tocou do que estava fazendo. Não podia fazer isso como ela. 

— William. — Ela sussurrou em protesto quando os lábios dele se afastaram de sua pele.

— Isso não deveria ter acontecido.

— William. Não se sinta culpa...

Reprimindo o remorso que se apoderou de seu corpo, colocou o dedo sobre seus lábios fazendo-a se calar.

— Entende por que sou o homem que sou! Por que não posso me deixar ceder?!

— Não será um fraco se me amar William. Não será um covarde se sentir algo pelo seu filho. São coisas inevitáveis William... Talvez se...

— Pare! — Disse ele fechando os botões da camisa. — Por Deus, Elena. Iria toma-la em cima da mesa. Eu...

Ela o fitou com lágrimas nos olhos. Piscando para que elas não escorrem pelo belo rosto.  

— Eu iria agir como uma pessoa que age como tais emoções. Por impulso. — Disse ele passando os braços envolta do corpo de Elena e fechando os botões de seu vestido. —Entende?

Ele suspirou ao olha-la estava usando a compreensão que ela o depositou e o transformou em algo famíliar: Desejo. Dominação.

Ao ser colocada no chão por William. Ela o olhou com o coração se contorcendo de dor. Estava casada com um homem orgulhoso que lhe  dissera que não podia amar. Não podia ama-la.

— Eu entendo perfeitamente. — Disse ela suspirando e virando o corpo até a porta. Ao colocar a mão na maçaneta e suspirou. — Pode tentar controlar tudo, William, menos o que sente!

Abrindo a porta silenciosamente, Elena seguiu pelo corredor indo até seu quarto. Deixando que lágrimas escorrem de seu rosto.

William suspirou ao vê-la partir  com uma expressão tão abatida. Respirou fundo e olhou pelo corredor onde o corpo de Elena se afastando se tornava cada vez menor.

E só agora William percebera quanto sofrimento podem os rodear se continuarem a viver separados estando mais juntos do que nunca.

— Elena!



Espero que tenham gostado
Conseguirei postar apenas na semana que vem, então...
Bjos e a te a próxima meu amores 😍📌

O Herdeiro do CondeOnde histórias criam vida. Descubra agora