Capítulo XII

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William andava de um lado para o outro com as mãos no rosto, tentando em vão, fazer sua calma retornar ao devido lugar. Virou o corpo e direcionou seu olhar para Edmund que estava sentado no sofá com uma das mãos no ombro em que levara um tiro. Se meteu em um duelo por tentar seduzir uma mulher casada.

— Você tentou seduzir a mulher do marquês, novamente! — William olhou para Edmund que levantou o olhar e lhe apresentou um cínico sorriso.

— Eu não tenho culpa meu irmão. — Edmund levantou as mãos e reclamou ao sentir uma pontada em seu ferimento. — Não consegui resistir.

— E por essa falta de relutância, querido irmão, levou um tiro no ombro! — William suspira. —As vezes se comporta como se tivesse 15 anos de idade, Edmund.

Edmund bufou e encostou a cabeça no sofá enquanto escutava William o repreender por tentar, novamente,  seduzir a Marquesa Dorothy Murray. 

— Está bem, William. Esta bem! — Edmund se levanta lentamente. — Eu já entendi que você está furioso por eu ter levado um tiro após a tentativa de seduzir a Marquesa.

— Oh, não se engane irmão. Eu estou furioso pelo tiro não ter sido em suas partes...

— Vamos acalmar os ânimos. Sim? — Edmund se senta no sofá. — Levei um tiro, oras, não podia apenas agir como um irmão solidário, que és, e me perguntar se estou bem?

—Não, cada um forra a cama que deita meu irmão — William se sentou ao lado de Edmund.

William e Edmund se olharam e começaram a soltar as mais altas gargalhadas. O riso dos belos rapazes cessaram quando Elena apareceu na sala olhando com grande curiosidade para os homens que riam igual duas criancinhas.

— Atrapalho algo?

— Não, cunhadinha. Apenas estava contando a meu irmão do porque levei um tiro no ombro. —  William olhou para Edmund e revirou os olhos. Seu olhar foi para Elena que ouvia Edmund com atenção.

Ele a vira acariciando a própria barriga, que mesmo não estando enorme, já apresentava um discreto volume, enquanto no rosto dela acabara de adquirir uma expressão confusa.

Observa-a traçar pequenos círculos na região da barriga como se estivesse fazendo alguma brincadeira secreta com o bebê em seu interior. E seu coração se contraiu dolorosamente — soltou um suspiro —, sentira inveja. Não pelo fato de sua mãe nunca lhe proporcionar um elo como aquele, até porque ela o proporcionou, mas por saber que ela não estaria ali para saber que ele, agora, tem um herdeiro. E lhe acariciar de tal forma.  William se lembrara que antes da morte de sua mãe ela sempre dizia que desejava que ele e Edmund, lhe desse netos,  e que ela ficaria feliz por ver se realizar.

William sentiu uma dor em seu braço e logo percebeu que Edmund o deu uma cotovelada.

— Está nos escutando? — Edmund olhou para William que tirou os olhos da barriga de Elena e o olhou.

— Oh, sim... Eu só estava distraído.

— Estava dizendo para Elena que eu deveria ter uma enfermeira aos meus cuidados... Bonita e jovem de preferência.

— Irei chamar o doutor Fretcher e não se fala mais nisso.

Ouviu Edmund resmungar algo e revirou os olhos e olhou para Elena que estava sorrindo mas, percebera que ela ficou com o rosto pálido de repente, e, uma de suas mãos tocaram os lábios. E por um momento de impulso, talvez, William se levanta do sofá e vai até Elena.

— Está tudo bem? — Pergunta ele transparecendo visível preocupação.

— Oh, sim... Um pequeno mal-estar mas...

— Você tem certeza? Sente-se. Tem certeza que nada aconteceu com você e nem com o bebê? — William diz pegando o rosto de Elena.

— Eu estou bem, William. — Elena o olhou quando ele pediu um copo d'água para Matthew. — É apenas um mal estar. Fique tranquilo.

— Esperem! — Edmund se levantou e fechou os olhos ao sentir uma leve dor em seu ferimento. — Bebê? Esta grávida, Elena?

— Sim, Edmund. — Elena sorri para Edmund e olha para William que permanecia a olhando preocupado.

— Oh, mas quando estava dispostos a me contar?

— Quando Elena passasse no médico para saber se estava tudo bem com o bebê. — William se levantou e olhou para o irmão que sorria. — As vezes acho você meio lerdo.

Edmund ignorou o insulto e sorriu dizendo:

— Meus parabéns ao casal — Edmund abraçou William que sorriu.

— Obrigada Edmund. — Elena se levanta e sorri para William.

— Céus, nunca na vida imaginei, William, sendo pai. Será definitivamente cômico.

— Engraçadinho.  — William toca no ferimento de Edmund. Que fecha os olhos fortemente e segura o grito.

— Inferno, como dói. — Edmund resmunga.

Elena sorri e olha para William que está a olha-la com um sutil sorriso nos lábios.

— Aposto que William será um bom pai. — Elena sorri.

— Disso eu tenho certeza. — Matthew aparece e faz uma reverência para todos e entregou o copo d'água para Elena que sorri em agradecimento.

— Farei o possível para ser. — William sorri.

E agora ele a desarmou completamente. Aquele sorriso poderia ser considerado uma arma letal. Ela se vira encantada pelo belo sorriso.

— Talvez possa se espelhar em seu pai. — Disse ela sorrindo mas logo, ficando séria quando o corpo dos três homens a sua frente ficaram tensos.

Edmund desviou o olhar de Elena para o chão fechando os olhos. Matthew levara uma das mãos ao rosto e William, ele a olhava fixamente como se Elena tivesse cravado uma faca em seu peito.

— Com licença.  — Disse William saindo em direção ao seu quarto.

Edmund saiu da sala sem dizer uma palavra e Elena franziu o cenho. Ela engoliu a seco, só espera que não tivesse falado algo que não deveria.

— Disse algo errado, Matthew? — Disse ela aflita.

— Suponho que sim, senhorita. — Sr. Johnson olhou para Elena e respirou fundo. — O pai de William e Edmund se suicidou após a morte da esposa, mãe de ambos.

Elena suspirou como se tivesse levado um choque.

— Então ele não queria se espelhar no pai, não é?

— Subitamente, não!

Sem ouvir mais nada o que Matthew tinha para dizer, Elena seguiu indo atrás de William. Ela falou sim algo errado. Mas, céus, não fizera por mal, mas agora teria que consertar tal erro.

— As vezes devo levar uma surra por cada palavra que esvai de minha boca.

O Herdeiro do CondeOnde histórias criam vida. Descubra agora