O Herdeiro do Conde

Capítulo V

Elena andava de um lado para o outro. Encontrava-se inquieta. A espera era totalmente um turbilhão de torturas.

Kristen a olhava com uma expressão séria. Elena sabia que se a notícia que ela receber for a que ela não anseia, ela estará perdida. Apertava a saia do vestido, que odiava usar, e as luvas, que usava porque era praticamente obrigada, estavam quase escorregando de sua mão de tão suadas que se encontravam.

- Senhorita Redmoor? - Um homem muito bem vestido sai de uma sala.

- Sim... Sou eu. - Elena diz se aproximando do médico.

- E o resultado, doutor Philips? - Kristen se levanta da cadeira em que estava.

Doutor Philips respirou fundo. Olhou para Elena com uma expressão triste, mas logo a olhava como se fosse a maior das pecadoras. Elena respirou fundo, e pela expressão dele, ela já sabia a resposta... Queria que seu corpo sucumbisse, queria que ele se agarrasse a imensa escuridão que se aproxima.

- A senhorita está grávida... - Doutor Philips abaixou a cabeça. Elena sentiu como se tivesse levado um murro no estômago. Agora sim queria desmaiar, ou melhor, morrer. Maldição!

- Obrigada, Doutor... - Elena ouviu Kristen dizer. - Vamos querida...

Elena queria chorar, mas sabia que não ia adiantar, sabia que não mudaria em nada mas linhas do destino. E seu destino era ser uma garota rejeitada pela sociedade e com um filho nos braços. Mas isso não importa! O que importa é como ela pôde se deixar levar, como ela pôde deixar acontecer? Sempre disse para suas irmãs para se cuidarem sobre a tentativa dos homens em seduzi-las. - Sempre foram garotas fáceis e isso fazia com que todos tenham um mal juízo delas. - Mas não tinha uma boa moral agora, não é? Se entregou a um homem que nem sequer conhecia direito, que insultou sua família e a deixou a ver navios no dia seguinte, e agora... Agora está grávida! Tinha em seu ventre o herdeiro do Conde de Macclesfield. O primeiro neto de John e Isobel Redmoor o primeiro sobrinho de suas irmãs. - A cada vez que pensava seu estômago se revirava e queria jogar tudo para fora.

Desceu de sua carruagem e andou até seu quarto sem dizer uma única palavra. Tentava negar para si mesma o que não podia negar...

Por sorte sua mãe e seu pai saíram, Phillipa, sua irmã mais velha antes de Melinda, encontrava-se dormindo e Beatrice, a irmã do meio, estava em seu quarto olhando pela janela e se virou quando a porta abriu.

- O que o doutor lhe disse? - Beatrice se aproxima de Elena que tira as luvas e as joga no chão. Tentou esconder de todos quando tinha as suspeitas de estar grávida. Mas, Beatrice não era uma tola igual suas outras irmãs. Ela e Kristen desconfiaram desde o começo e Elena teve que dizer que se entregou para um homem - William Medgrove, para ser exata. - O único homem que se enterrou em seu corpo e que lhe deu um filho.

- Eu estou...

- Oh, céus! - Beatrice diz antes mesmo de Elena completar e leva as mãos ao rosto. - Oh, minha irmã.

Beatrice se aproxima de Elena e te dá um forte abraço. Então a garota desmoronou, sentiu seu corpo ficar cada vez mais frágil. Abraçou a irmã de volta e chorou.

- Precisa contar a ele... - Beatrice olha nos olhos da irmã.

- Não! - Elena limpa as lágrimas.

- Mais, Elena você está...

- O conde, não saberá! - Elena olha para a irmã. Ela se lembra de como ele falou com ela na festa de noivado de sua irmã e o modo de como ele a levou para cama. - Ele nem ao menos gosta de mim.

Iria ter um bebê inesperado com um homem que detestáva. Elena se afastou da irmã e foi até a janela. A situação não poderia ficar pior, podieria?

Ela não podia negar a si mesma. Ela sabia que estava grávida desde o primeiro enjôo. Desde quando seu corpo mudou de uma forma estranha. Seios e quadris maiores. Sentia sono na maior parte do tempo, dormia quase que em qualquer lugar. Sabia que estava grávida, não precisava ter nenhuma experiência no assunto, tinha amigas que eram casadas. Sim... Sim, ela estava grávida. Porém, estava disposta a criar a criança sozinha. Sem ninguém... Por mais que todos a rejeitassem, por mais que falassem dela como se fosse uma ramera sem vida. Ela criaria a criança sozinha!

- Tarde demais, criança... - Kristen apareceu na porta.

- O quê? - Elena se virou e olhou para sua dama de companhia.

- Acabei de escrever uma carta para o conde de Macclesfield. - Elena arregala os olhos.

- A senhora fez o que? - Elena se aproxima de Kristen.

- Avisei o pai da criança que ele tem um herdeiro. - Kristen cruza os braços. - Pode ficar com raiva, gritar, espernear. Mais, ele é o pai. Ele vai estar ciente de tudo!

- Ele não pode saber...

- E porque não? - Kristen se aproxima da garota que está com o rosto vermelho.

- Por que ele me deixou quando tirou a minha...

- Pureza? - Kristen completou. - Ele, de fato, foi um estúpido! Mas não irá negar a ele algo que talvez deseja ter.

- Talvez! Kristen, talvez... - Elena se aproxima. - E se ele não quiser? E se ele dizer que não irá ter esse filho?

- Daremos um jeito, menina. - Kristen pega no rosto de Elena. - Mas, ele precisa saber, e ele vai!

Elena parou para pensar um pouco, ele de fato tinha que saber, ele vai saber! E se ele achasse que ela fosse uma garota chata e arrogante - como ele mesmo dissera -, e fosse embora e nunca mais olhasse na sua cara novamente? A idéia a alegrou. Pelo menos a sua consciência estaria tranquila.

NO DIA SEGUINTE, Elena andava de um lado para o outro, apertava com força a saia do vestido. Bagunçava os longos cabelos castanhos que se encontravam soltos. Levava uma das mãos a boca e bateu levemente a ponta dos dedos nos lábios.

Ouviu duas batidas na porta. Mandou entrar com a voz trêmula. O coração de Elena parou de bater por um segundo quando viu o esguio corpo de William se aproximando e fechando a porta atrás dele. Ele levantou o olhar para ela, quando retirou a cartola, deveria se importar por esta sozinha no quarto com um homem, porém em virtude dos fatos ocorridos, aquilo não fazia tanta diferença. Elena apertou os dedos e se viu sem ar, como se Macclesfield tivesse sugado todo o oxigênio da atmosfera fazendo com que ela, subitamente, não pudesse respirar.

- Recebi uma carta... Deseja falar comigo, senhorita Redmoor?