Cap. 70

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- 21:06 -

Enxugo minhas lágrimas com a parte de trás da minha mão enquanto papai tenta me convencer de que estávamos com raiva e que nada iria ser resolvido com nós dois daquele jeito.

Acabou que discutimos muito, a gente não decidiu se ia se afastar mesmo.

Mas pelo rumo da conversa eu acredito que tenhamos terminado.

Afinal ele é um idiota.

Tudo bem que eu sou bem nervosinha mas ele tem namorada, tem que me respeitar poxa.

Eu não sou quer uma não, sou o amor da vida dele.

Sei disso.

Tiro o cinto e saio do carro de papai batendo a porta do forte.

Ouço ele gritar que eu posso quebrar a porta já que é só governo.

Reviro os olhos e entro dentro de casa.

Mamãe pergunta o porque de eu estar daquele jeito mas eu só subo as escadas.

Seguro forte no corrimão já que me bateu uma tontura do nada.

Sinto dor de cabeça e me lembro de estar chorando ainda.

Assim que chego no meu quarto me jogo na cama molhando meu travesseiro.

- Ai amiga, por que ele tinha que ser tão idiota em? - pergunto e ela me abraça.

- Não fica assim véi, daqui a pouco vocês estão aí juntinhos com o Bernadinho Júnior correndo pela casa nu porque não quer tomar banho. - rio nasalado com a imaginação dela.

Vou até a penteadeira me vendo chorar.

Paro de chorar rindo da desgraça que eu fico quando choro.

Tomo um remédio e me deito dormindo.

- 04:29 -

Coloco meu óculos e me levanto saindo do meu quarto, deu sede.

Vejo que estou de pijama, não me lembro de ter trocado de roupa.

Desço as escadas bem grogue, acordei de madrugada afobada demais.

Abro a porta da geladeira tentando encontrar a garrafa de água.

Assim que encontro coloco no copo bebendo num só gole.

Encho o copo de novo bebendo.

Ouço alguém bater na porta e eu desconfio de que essa pessoa não esteja nada bem.

Xingo a pessoa inteira por ter batido na porta dos outros a essa hora.

Abro a porta vendo Bernado de pijama com os olhos vermelhos.

Puxo ele para dentro de casa e fecho a porta.

Sento no sofá de perninhas de índio e vejo ele sentar na minha frente.

Ele não fala nada, somente olha cada parte de mim sorrindo abestado.

Sinto ele passar a mão no meu cabelo.

Abraço ele desejando não ter brigado à algumas horas.

- Amor, me desculpa? - ele pergunta com aqueles olhinhos de quem estava chorando.

A filha do dono do morroOnde histórias criam vida. Descubra agora