Cap. 81

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- sábado, 16:28 -

- Só a senhora para me fazer subir esse morro nesse calor! - falo para minha avó que mexia no celular.

Ela disse que queria falar com meu pai e que era urgente, então cá estou eu subindo o morro com ela pensando qual a real função do celular.

Depois de passar por alguns becos chegamos na boca sentindo o odor forte de drogas e vendo os menores com armas.

Eles liberam passagem e a gente entra, isso precisa de uma reforma para hoje.

Não sei como minha mãe já não entrou aqui e derrubou tudo.

Falo com meu pai saindo da salinha e deixando os dois conversando sozinhos.

Parece ser algo sério.

Ouço alguns barulhos, é como se alguém tivesse morrendo e ao mesmo tempo ouço risadas.

Caminho até a porta podendo escutar esse barulho agonizante cada vez que me aproximava mais.

Guardo meu celular no bolso e seguro na maçaneta decidindo se eu ia ou não entrar.

O que tem lá dentro não é da minha conta mas fiquei curiosa.

Entra logo Laura!

Sorte a sua que eu não posso
te culpar

Entro na sala com tudo ficando boquiaberta com o que eu vejo a minha frente.

Dois menores olham para mim negando com a cabeça e se aproximando mas eu continuo olhando para Kauê que suava com uma faca na coxa esquerda.

- Onde você foi se meter em Kauê! - falo chegando perto dele suficiente para ver que ele estava sofrendo.

Imagina amiga, só tem uma faca nele
e ele vai ficar rindo

- Sai daqui Laura! - ele grita comigo e eu me assusto tirando a mão do seu rosto.

- Tirem ela daqui seus filhos da puta! - ele continua gritando mas eu não saio do lugar onde estou.

- Por que você tentou matar o tio? Garoto burro, você podia viver bem com os tiras lá no centro. Por que se meteu com o morro?

Olho no fundo dos seus olhos vendo que ele não tinha opção, sem querer saber de nada me ajoelho na sua frente o abraçando.

- Vai ficar tudo bem, tá? - sussurro ouvindo seu choro fraco.

Me solto dele ouvindo barulhos de tiro, sério? Invasão a essa hora?

Dou uma última olhada nele e saio da boca descendo em direção a barreira, me abaixo no murinho vendo os tiras de um lado e os menores do outro.

- Eu quero o Kauê aqui agora ou se não todos os seus menores, Terror, vão morrer! Um por um sacou? - um homem alto e forte fala movimentando a mão com uma arma

Meu pai nega rindo com uma arma na mão também, acho que não é uma hora boa para ficar rindo.

Antes de ouvir alguma resposta subo o morro indo até a boca e assim entro na sala.

- Olha aqui Kauê, tem alguns tiras aí fora e eu sei que eles vão matar o meu pai se não te entregarem. Eu também não vou querer perder meu filho nesse conflito. Vou te soltar tá bom? Mas por favor faz com que eles saiam do morro. - falo enquanto ele me olha atentamente.

- Eles vão matar seu pai assim que eu pisar do outro lado...

- Não Kauê! - interrompo ele - Você vai fazer por mim, se algum dia você já sentiu algo tenho certeza que não vai querer me ver morta. - ele assente soltando suas mãos da corda.

A filha do dono do morroOnde histórias criam vida. Descubra agora