13

15 1 0
                                    

É certo que por trás de qualquer criação há uma motivação e, em muitos casos, essa motivação há um reflexo social sob nós que não nos damos conta. 

Um exemplo disso é a influência social dos super heróis

Capitão América, por exemplo, foi utilizado para uma propaganda contra os nazistas. Mas ele não foi o único. Superman fazia intensa propaganda contra os japoneses. Hitler era ridicularizado como fraco e inútil nos HQs. O tio "Sam", personificação do próprio estado americano,sabe bem como utilizar a indústria cultural para a alienação. 

Além disso, o personagem atual é o Tech Man. Ele herdou de maneira "divina" uma super inteligência e é capaz de desvendar qualquer código virtual do mundo. Não há muito sobre a sua origem nos quadrinhos. Ele se assemelha mais a criação de "Adão e Eva". Luta contra as conspirações que querem tirar Washington do poder.

Muito parecido com o atual contexto dos EUA. 

O tio Sam sabe utilizar esses atributos para alienar a população. 

Recebo um e-mail em minha caixa de mensagem que me retira dessa constatação. Comecei a pensar nisso desde que acordei meio mal esta manhã. 

Talvez seja alguma crise da depressão.

Estou tão angustiada que não consigo chorar.

Percebo que é de um remetente que não está em minha caixa de mensagens. Maria

"Oi, liz

Ri muito quando li o seu e-mail no meu bloco de notas. Você é realmente uma figura. Como você está? 

Aguardo o retorno

Maria." 

Algo curioso eu percebo quando leio o nome do seu e-mail. Schwarz é o seu sobrenome. Como de Artur. 

Será que são parentes?

Mas não pode ser já que não são parecidos. 

Resolvo descer para almoçar.

-Bom dia, Amandinha- cumprimento Amanda com um beijo em sua cabeça

-Bom dia, minha princesa. O seu pai quer conversar com você- fico surpresa com o que Amanda acaba dizer

Como assim o meu pai quer conversar?

-Que história é essa Amanda? Acho que deve ter entendido errado.- digo com toda a certeza que ela deve ter se enganado.

-Estou falando sério menina, deixe disso.- ela tenta me convencer

-O que ele quer?

-Não sei, Lize, isso só você pode descobrir.- dou de ombros e vou comer.  Lavo o meu prato e sigo em direção ao me quarto. No caminho decido bater no escritório dele. 

-Quem é?- ele pergunta

-Liz

-Pode entrar, Liz- entro meio envergonhada. Nunca havia estado em seu escritório antes. É um lugar bastante organizado. A sua cara.

As paredes são tons de azul com cinza. Existe inúmeras prateleiras com uma quantidade grande de livros. Esse deve ser o acervo pessoal do meu pai.  Termino a minha análise e quebro o silêncio.

-O que você queria conversar comigo?- o olho com o olhar fixo no seu

-É que você já está na idade de entrar na faculdade, certo? Gostaria de saber se você quer ir na sede da empresa aqui no Brasil. Você pode analisar como trabalho ou o dos outros funcionários e decidir se é nesse ramo que irá seguir.- fico perplexa sem acreditar naquelas palavras.

 Como assim ele me chamou apenas para certificar o certificar o êxito profissional? E o diálogo envolvendo amor? E o nosso contato entre pai e filha? Tenho vontade de sair de lá correndo.

-Tá, vou pensar- digo para não prolongar essa conversa.

-Liz, quando você tiver os seus próprios filhos irá me entender.

-Quando eu pensar em ter filhos, o primeiro padrão de pais que vou descartar para ser, é o que envolva você e a mamãe. Vocês não são pais. São progenitores ou algo relacionado a isso.- digo e saio batendo a porta

Choro.

Choro.

Esse momento é meu e permito-me chorar.

Por que fui tão azarada com essa dupla de pais frustrantes?

Derramo todas as lágrimas que guardei nos últimos dias. 

Em dias como esse, o meu peito dói tanto que parece explodir. Não sinto vontade nenhuma de levantar ou de fazer alguma locomoção.

Tudo o que tenho vontade é de sumir. Nem que para isso eu tenha que morrer. 

Morte, faz tempo que não penso nela. Desde que conheci  Artur, Jesus e os livros não pensei mais nela.

Não sei direito o que leva uma pessoa a se matar. Mas acredito que seja dores como essa que eu sinto. Dores emocionais são muito difíceis de lidar. Elas estão com você independentemente de onde você vá. Elas amenizam, mas sempre estão lá. Esperam a menor recaída para tomar de conta. 

Em dias de crise, parece que todas as dores que estavam adormecidas vem com uma avalanche. Como se tudo que eu passei tentando esquecer me derrubassem de uma só vez. 

Mas não posso mais ficar assim. Não posso ter uma recaída em voltar a me mutilar ou pensar em me matar. Visto a primeira calça e o primeiro moletom que vejo. Saio correndo em direção ao meu lugar favorito e ponto de paz nessa cidade: o parque.

Ar livre e locais abertos sempre me transmitiram paz. 

Sempre busquei refúgio em locais que me possibilitassem o contato com a natureza. Estou chorando no parque às 13:30. Sei que quem passa por aqui deve me achar louca. Tudo o que eu queria agora era um abraço quentinho de alguém. 

Parece que Deus me ouviu imediatamente quando vejo no horizonte o dono dos meus sorrisos matinais. 

O meu garoto que sorri com os olhos. Artur. Tento disfarçar enxugando as lágrimas e colocando o capuz. 

-Oi Liz- senta-se ao meu lado

-Oi, Artur- respondo sem olhá-lo nos olhos. 

-Sei que não posso chegar assim já perguntando. Mas, o que aconteceu com você, minha querida?

-Não foi nada- minto com os olhos marejados. Ele se vira e me abraça. Nos primeiros segundos eu tento afastá-lo, mas há um ímã que me prende a ele. Encontro abrigo naquele lugar e me desmancho em lágrimas.

Não sei quanto tempo passei chorando no colo dele. Mas ele só se afastou quando eu me acalmei. Em todo tempo ele cantarolava músicas de estimulo e alguns textos decorados que eu arrisco dizer que eram versículos. Ele não questionou mais o motivo de eu estar naquela situação. 

Levanto e lavo o rosto no bebedouro e sento novamente ao seu lado.

-Eu estava com saudades- ele quebra o silêncio

-Muito obrigada, Artur

-Mas, eu não fiz nada, Liz

-Você sabe que está me salvando nos últimos dias- ele não diz nada. Nem precisa dizer. Ele sabe do que eu estou falando. 

Ele era a minha salvação terrena nesse caos. Não tinha dúvidas, se Deus realmente possuía o controle do meu destino, com certeza, Ele havia enviado Artur para me salvar. 


Os Rascunhos De Uma VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora