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Tomo um banho demorado assim que chego em casa. Coloco o vestido e o casaco em cima da cama. Olho por alguns segundos.

Visto as minhas peças intimas, coloco o vestido e tento fazer uma maquiagem básica.

É difícil fazer maquiagem com tantas sardas. Arrumo os detalhes e me olho no espelho. Eu nunca gostei de espelhos. Sempre odiei ver o meu reflexo nele, porque por mais que eu pudesse estereotipar ser uma pessoa diferente, ao me olhar no espelho, consegui ver quem eu realmente sou.  Isso me deixava mal e me deixa ainda..... problemas de autoestima são complicados, nunca parece estar bom.

Estou bastante diferente do normal.
O vestido marca um pouco o meu corpo e eu nunca teria comprado sozinha, disto estou certa. 

Ponho o casaco e sinto estar pronta.

"Vamos lá, vai dar tudo certo" repito pra mim mesma algumas vezes. Anoto na agenda o endereço de Maria, desço meio apressada para que ninguém me veja.

Surpreendo-me com Sam sentado na escada jogando no celular

-Oi, Sam- dou um beijo em sua bochecha

-Oi, Liz- ele diz e olha pra mim com um olhar surpresa

-Estou bonita?- pergunto a ele

-Nunca vi alguém mais bonita que você na minha vida inteirinha- ele diz. Rimos juntos, sento ao seu lado enquanto espero o táxi.

-Vamos buscar os resultados dos seus exames amanhã e dará tudo certo, Sam- digo porque percebi que ele tem andado preocupado

-Está tudo bem, Liz- ele diz tentando me confortar. Abraço-o e vou até o táxi.

Alguns minutos rodando a cidade, o táxi para em frente a uma casa salmão, olho no relógio e vejo ser 18h59. Um minuto adiantada.

A fachada da casa é simples, mas mesmo assim muito linda, eles parecem ser alemães, eu já havia estudado que não região sul existem muitos imigrantes alemães, talvez Maria fosse. Pago o motorista, vou até a porta da casa.

Olho minha roupa antes de tocar a campainha. Vejo que está tudo alinhado.

Toco a campainha e não obtenho retorno, vejo novamente o número e percebo ser a certa.

Toco novamente. Escuto uma voz familiar dizer "Já vou"

É aí que o mundo para. Sou recebida pela pessoa que nunca imaginaria ver. O dono dos meus sorrisos nos últimos dias.

Artur é que me recebe. Vejo que ele ainda estava abotoando a camisa.

Estava lindo. Como sempre é. Ele também se assusta tanto quanto eu

Após alguns segundos, sou surpreendida com um abraço.  Seu cheiro suave misturado com sabonete inebriante em minhas narinas.  Correspondo o mais forte e confortável possível.

A saudade é nítida no meu abraço.

-Oi, Liz, nunca imaginei ver você aqui.

É incrível que eu também não. Ele está vestido num shorts de malha fina, camisa pólo branca e sorriso de orelha a orelha.

Somos interrompidos quando Maria aparece na porta

-Artur, pensei que não iria deixar ela entrar-  ela diz zangada ao me ver parada do lado de fora

-Relaxa, ma-ele diz

-Liz, seja bem vinda. Esse é o meu irmão Artur- Maria diz apontando pra ele.

-Eu já o conheço- digo e sinto as minhas bochechas queimarem.

-Como assim vocês já se conhecem?- ela diz fechando a porta e me colocando pra dentro de casa.

Os Rascunhos De Uma VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora