Capítulo 26 - Cicatrizes.

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Olá

***

Cheryl encarava a janela da cozinha, observando a água escorrer por os pequenos e separados pedaços de vidros. Já estava em sua quinta xícara de chá, enquanto batia seu pé impaciente ao chão de madeiras gasta, em busca de aliviar a tenção que se acumulava em seu corpo. Já passava das duas da manhã e absolutamente nenhuma notícia de Toni. A garota cogitou por alguns momentos a sair a sua procura, porém, a própria mãe de Toni, a proibiu de fazer isso, alegando que as ruas do lado sul a àquela hora da noite não eram muito convidativas e seguras para se ter uma garota passeando em seu carro de luxo, e Cheryl sabia muito bem daquilo.

__ Querida, eu coloquei alguns cobertores e travesseiros no sofá. Já que se nega a subir para o quarto de Toni, ao menos se esquente ali. A temperatura tende a diminuir. - Cínthia entrou na cozinha, falando em disparada. Cheryl sentiu seus pelos ouriçarem, com o pequeno susto que a mulher havia lhe dado. A garota se virou, observando a mulher, que vestia um roupão branco e tinha os cabelos desalinhados em um coque no alto da cabeça. - Tenho certeza de que Toni está bem e a própria não iria querer que passasse a noite em claro e ainda que fica-se no frio.

__ Realmente não precisava, não quero incomoda-lá e eu estou bem aqui. - Murmurou.

__ Ora, não incomoda e eu sei que não está, e eu entendo. Toni é minha filha, sinto essa preocupação sempre que meus olhos não a enxergam, assim como também sinto isso em relação ao Tomaz. - Disse, se aproximando da mesa para pegar o Bule de chá vazio. - Mas diferente do Tomaz, Toni pode se cuidar sozinha, apesar de muitas vezes ser irresponsável, ela sempre se cuidou. Lembro-me de vê-lá saindo para trabalhar com César e o mesmo chegar reclamando que a garota havia saído com os garotos sem avisar.

__ César? - Perguntou curiosa. A mulher sorriu, aparentemente, se lembrando de algo.

__ Sim, o pai de Toni.

__ Onde ele está agora? Não me lembro de Toni falando sobre ele.

__ Ele não está mais vivo.

Cheryl arregalou os olhos, amaldiçoando sua língua grande.

__ Eu não sabia... Eu juro, sinto muito por isso. - A mulher gargalhou, fazendo Cheryl a olhar sem entender.

__ Não tem problema, - Sorriu. - Só me admira você não saber disso. Você e Toni ficam grudadas 24 horas por dia.

__ Bem... Nunca paramos para conversar sobre família em si, geralmente nem conversamos... Quero dizer... - Cheryl arregalou os olhos quando viu-se perder. - Só sobre coisas bobas e...

__Eu entendi, querida. - A mulher interrompeu, olhando Cheryl com uma sobrancelha arqueada, insinuando algo que a ruiva entendeu bem, que para disfarçar apenas caminhou até a mesa, vendo-a ir para o seu lado oposto, até a pia, para encher a panela e então, coloca-lá sobre o fogão. - A morte dele foi algo muito difícil para Toni, - Lamentou-se.

__ No que ele trabalhava? Disse que Toni o acompanhava.

__ Oh, sim. Bem, ele trabalhou com Fp durante anos. Não posso dizer que fazia parte da gangue, - Cheryl encostou-se a beirada da mesa, interessada nas informações que a mulher estava lhe dando. - ele não gostava da ideia de estar nela, usar moto, jaqueta de couro e ter toda a fama de marginal para si, - Cheryl a viu suspirar, abrindo um simples e sutil sorriso no rosto. - Ele apenas o ajudava em alguns serviços que lhe rendiam uma boa quantia em dinheiro, o suficiente para nos sustentar e eu também fazia bicos como faxineira em casas do lado norte. Nunca tivemos luxo, mas tínhamos uma boa vida. - Suspirou. - Por isso Toni é tão apegada aos serpentes e a toda essa coisa de gangue, de certa forma a faz lembrar do pai, mesmo que inconscientemente. - Cheryl assentiu.

Night with you - Choni {HIATOS}Onde histórias criam vida. Descubra agora