Capítulo 1 DEGUSTAÇÃO DISPONÍVEL NA AMAZON

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            A luz entrou pela janela do quarto. Liana abriu os olhos lentamente enquanto tentava acordar.

Percebeu um pequeno monte ao seu lado. Sorriu ao ver sua filha dormindo ao seu lado. Marina. Sua estrela e o brilho da sua vida. Acariciou os cabelos dela e a acordou de leve.

— Bom dia, Docinho... — disse com a voz de sono ainda.

— Bom dia, mamãe. Vai ser hoje?

Liana sorriu. Marina, apesar de tudo que já havia passado nos seus cinco anos, era um anjo. Liana sempre escutava que Marina não era filha dela, era calma, educada e completamente o oposto do que Liana um dia sonhou em ser. Marina era completamente igual ao seu pai, Richard. Um presente que ela nem sabia se merecia ter recebido.

— É sim, Docinho. Hoje o bar vai abrir pela primeira vez!

Marina deu um pulo na cama, assustando Liana mais uma vez.

A menina havia nascido com um raro tipo de diabete. Genética, que veio do lado paterno de Richard. Uma notícia que havia desestabilizado por completo Liana e Richard. Ele, apesar de ser médico pediatra, especialista em cirurgia infantil, nunca ficou tão desacreditado na profissão e irritado consigo mesmo por ter passado aquela doença para a filha.

— Cuidado a caixinha, Marina! — Liana segurou a filha para que ela se acalmasse um pouco. Não precisava de um problema na bomba de infusão subcutânea de insulina na filha. Da última vez, ela e Richard tiveram que sair às pressas em direção à capital para que ela voltasse a funcionar.

— A caixinha está no lugar, mamãe! Olha ela aqui. — Marina levantou o pijama rosa mostrando a bomba de infusão de insulina.

Liana ainda lembrava dos choros de Marina a cada injeção de insulina no seu corpinho de criança, que não entendia o que estava acontecendo e o porquê tinha que sofrer daquele jeito.

Que mãe e pai não ficaria devastado ao perceber que o filho precisaria de inúmeras aplicações até estar estabilizada? Quantas noites sem dormir ela e Richard passaram ao lado de Marina e tentando não acordar ela a cada medição ou aplicação.

— Qual a cor que eu vou usar hoje? Acho que vai ser a amarela com florzinha.

Liana sorriu para a filha. Somente uma criança para conseguir encontrar um jeito de achar a bomba de infusão de insulina um apetrecho de moda.

— Acho que a amarela é a melhor para hoje. Vamos levantar? Temos muitas coisas para fazer.

— Sim! — Marina saiu correndo deixando Liana para trás, juntando as coisas pelo caminho.

Ela suspirou. Estava finalmente realizando o seu segundo maior sonho. O primeiro ela já tinha realizado e recebido Marina de presente. Hoje seria o dia em que, finalmente, ela e Richard abririam o bar pela primeira vez.

Tudo começou com um sonho distante. Liana e Richard ainda eram namorados e pensavam que ficariam juntos para sempre. Liana, a estudante em odontologia em uma renomada faculdade e Richard, fazendo sua residência em pediatria por uma universidade federal. Parecia que tinha sido ontem que os dois estavam meio bêbados e rindo dos planos que formulavam. Um bar, onde teria uma pista de dança, mesas ao redor, um pequeno palco para bandas independentes se apresentarem e se desse espaço, uma pista de boliche.

Falaram na brincadeira. Rindo com o torpor que o álcool trazia aos seus corpos e suas almas. E quando o efeito passou, os planos ainda continuavam em pauta.

Linha Reta DEGUSTAÇÃO DISPONÍVEL NA AMAZONOnde histórias criam vida. Descubra agora